Traficante que ordenou chacina é morto no presídio

'Castor' estava em uma Unidade Penitenciária em Itaitinga e havia ordenado as mortes na Favela 'Cinquentinha'

Escrito por Márcia Feitosa - Repórter ,
Legenda: De acordo com a Polícia, Carlos Alexandre seria um dos responsáveis pela chacina ocorrida, no último dia 30 de agosto, na comunidade da 'Cinquentinha', no bairro Jardim das Oliveiras, quando cinco pessoas foram mortas
Foto: FOTO: KLÉBER A. GONÇALVES

A Polícia já tem uma linha de investigação sobre o assassinato do traficante e homicida Carlos Alexandre Alberto da Silva, o 'Castor', morto na manhã de ontem, durante a soltura dos presos da Unidade Prisional Luciano Andrade Lima (antiga CPPL I), em Itaitinga, para o banho de sol. Conforme a Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), ele seria um dos responsáveis pela chacina ocorrida, no último dia 30 de agosto, na Favela da 'Cinquentinha', no bairro Jardim das Oliveiras.

O delegado George Monteiro, da DHPP, disse que existe uma determinação da Delegacia Geral da Polícia Civil para que a Divisão de Homicídios ajude a Delegacia Metropolitana de Itaitinga nas apurações das circunstâncias em que a morte de 'Castor' ocorreu e para que todos os detentos envolvidos no caso sejam identificados.

"Já temos uma linha de investigação consistente, que está diretamente ligada à disputa do tráfico de drogas entre a gangue dele e a da 'Cinquentinha'. Acreditamos que a rivalidade entre 'Castor' e líderes de outras organizações, que também estão presos, possa ter custado sua vida", declarou o delegado.

A Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus) informou que a direção da Penitenciária não tinha conhecimento de nenhum tipo de ameaça ou que a integridade física de Carlos Silva estivesse correndo riscos. No entanto, na manhã de ontem, quando os outros detentos já estavam fora da cela para seguirem para o banho de sol, o corpo do criminoso foi encontrado por agentes penitenciários, no corredor da Rua H do Pavilhão 3.

As mãos de 'Castor' estavam amarradas e ele tinha diversos sinais de agressão. Segundo informações da Sejus, aparentemente teria sido morto por espancamento. "O local foi isolado e a Perícia Forense do Ceará (Pefoce) foi acionada para investigar o caso", informou a Secretaria. Ainda conforme nota enviada pela Sejus, "após a apuração dos fatos, os envolvidos passarão por procedimentos disciplinares e criminais".

A Instituição informou ainda, que não teve como identificar os suspeitos pela execução, porque muitos detentos já estavam no corredor. "Não temos como começar as investigações por um grupo. Pelos detentos que ocupavam a mesma cela que ele, por exemplo, porque muitos presos estavam indo para o banho de sol. As investigações precisam ser muito mais abrangentes", declarou a Sejus.

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Carlos Alexandre Alberto da Silva, o 'Castor', morto ontem, na Unidade Prisional Luciano Andrade Lima

Capturado

Carlos Alexandre Silva foi capturado durante uma operação do 6º DP (Messejana) e da Divisão de Homicídios, na tarde do último10 de novembro, em um sítio localizado na Zona Rural de Pacatuba, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Segundo a Polícia, ele seria o 'cabeça' de um bando conhecido como 'Gangue do Tasso', que disputava o território do tráfico de drogas com os criminosos da 'Cinquentinha'. No local em que ele foi detido, foram encontrados um fuzil calibre 556 com 95 munições intactas; 10 munições de calibre 12 e uma pistola ponto 45.

Em depoimento na DHPP, 'Castor' confessou que o fuzil que estava enterrado no sítio tinha sido utilizado na chacina da 'Cinquentinha' e confirmou sua participação na sequência de mortes. Ele disse que tinha entrado na briga entre as facções criminosas para defender o filho, Luan Brito da Silva, que estava sendo ameaçado de morte.

O bando comandado por 'Castor' foi até o 'Beco da Cinquentinha', no Conjunto Tancredo Neves, à procura do chefe do tráfico local, como ele não foi encontrado os criminosos atiraram contra pessoas aleatórias que estavam na Rua I. Três feridos morreram no local e dois no Instituto Doutor José Frota (IJF).

"Ele queria expandir o território e via no grupo rival um empecilho. Além disso, disse que tentava defender o filho. 'Castor' não tinha desavenças com o grupo rival, nesta questão das execuções, mas passou a fazer frente à outra facção, quando soube que o filho poderia ser morto", afirmou George Monteiro.

O delegado disse que o fato da rivalidade ser recente não é sinônimo de que 'Castor' não fosse ligado a outros crimes antes. "Ele tinha três mandados de prisão em aberto, anteriores a chacina. Um deles de 2010, por homicídio. Não é de agora que ele é um criminoso perigoso e cruel".

'Castor' estava recolhido no Complexo Penitenciário de Itaitinga desde o dia 18 de dezembro respondendo pelos crimes de porte ilegal de armas e homicídio qualificado.

Outros casos

Conforme a DHPP, pelo menos 25 assassinatos já acontecerem em decorrência do conflitos entre as gangues da 'Cinquentinha' e do 'Tasso'. Segundo o delegado George Monteiro, pelo menos oito homicídios cometidos pela 'Gangue do Tasso', nos bairros Jardim das Oliveiras, Cidade dos Funcionários e Luciano Cavalcante estão sendo investigados pela equipes da DHPP.

"Não podemos dizer que o 'Castor' tenha participado de todos, mas existe sim a possibilidade. Ele foi muito claro no depoimento que nos deu, quando disse que quando tinha rivalidades fortes preferia matar. Era frio, destemido e assumia mesmo a linha de frente das ações. Exatamente por isto era muito temido e respeitado no mundo do crime", afirmou Monteiro.

Por conta do armamento pesado que conseguia e utilizava nos homicídios, ele foi investigado por ataques a banco. Carlos Silva era um dos principais braços armados da 'Gangue do Tasso', de acordo com a Polícia.

"O 'Castor' estava sendo investigado por roubo a banco, em razão do armamento que tinha, mas a participação dele nos ataques não foi confirmada ainda", declarou o delegado.

George Monteiro afirmou que a procedência das armas ainda está sendo apurada, porque não foi revelada pelo criminoso, quando de sua prisão.