Motociclista atropelado na Varjota recebe alta hospitalar e inicia reabilitação
Ângelo Mateus está com as funções motoras reduzidas e memória comprometida
Ângelo Mateus, 29, motociclista que foi perseguido e atropelado na Varjota, no último dia 15 junho, recebeu alta do Instituto Dr. José Frota (IJF) há cerca de uma semana e está se recuperando em casa.
De acordo com Alessandro Monteiro, pai do jovem, ele está com as funções motoras reduzidas e não consegue, ainda, esboçar expressões faciais. "Se você contar uma piada, todo mundo ri, mas ele não", explica o policial militar.
Além disso, embora consiga falar e entender o que as pessoas dizem, Mateus está com o raciocínio comprometido e com dificuldade para absorver novas informações, segundo o pai, como quando soube da morte de Hanna Moreira dos Reis, 24, sua namorada, que estava na garupa da moto no dia do crime.
"Não achei correto, mas já contaram [sobre a morte da Hanna]. E ele já esqueceu que contaram", disse o pai. Somente quando voltam a tocar no assunto é que Mateus relembra do ocorrido.
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Reabilitação
O próximo passo na recuperação do jovem, que trabalhava como manobrista, é a reabilitação. O tratamento será feito no hospital da rede Sarah, no Passaré, especializado em neurorreabilitação de pessoas com lesão medular e lesão cerebral.
Isso porque o médico que deu a alta disse à família que dava para a recuperação ser feita fora do IJF, por meio de fisioterapia. "Ele anda devagar. Temos que esperar passar os três meses que o médico pediu", comentou Alessandro.
"Em casa, a cabeça é melhor de tratar. Tem o violão dele, o cotidiano dele", disse o pai de Mateus. "E é até bom mesmo porque em hospital é muita gente, choro, dor, sofrimento, reclamação, é um clima meio pesado, e ainda corre risco de uma infecção hospitalar", complementou.
Motorista denunciado
No início deste mês de julho, o Ministério Público do Ceará denunciou Roberto Ayrton Bezerra Ramos, de 53 anos, pela morte de Hanna e pela tentativa de assassinato de Mateus. Conforme a acusação, o crime se configura como "doloso", quando há intenção de matar.
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O texto do Ministério Público afirmou ainda que em momento algum "o acusado tentou frear ou desviar da motocicleta das vítimas, evidenciando sua indiferença com os resultados de sua condução criminosa, agindo de maneira consciente, de modo que assumiu os riscos inerentes à sua conduta, ou seja, a iminente morte das vítimas".
"Que a Justiça seja feita e que ele [Roberto Ayrton] cumpra as consequências dos atos", espera Alessandro.
Lembre o caso
O crime aconteceu em 15 de junho de 2023, por volta de 11h, na rua Coronel Manuel Jesuíno, na Varjota, em Fortaleza.
Roberto Ayrton dirigia um veículo do modelo Jeep Compass e as vítimas, Hanna e Mateus, estavam em uma moto. O grupo teria se desentendido, segundo o Ministério Público, devido a uma "manobra arriscada feita pelo acusado".
Depois disso, Roberto Ayrton perseguiu as vítimas e avançou o carro contra elas, o que causou a morte instantânea de Hanna. Mateus conseguiu ser socorrido e foi levado para o IJF em estado grave, onde se manteve até a última semana.
Nos autos do processo judicial, consta que Hanna sofreu "fratura de base de crânio e ferida em artéria femoral direita". Já Mateus sofreu "edema cerebral difuso com cisternas patentes e sem desvio das estruturas da linha média e edemas na face posterior do tronco, ombro direito e nos antebraços, além de ter apresentado comportamento desorientado e agitado" e possíveis danos neurológicos.