Morte de piloto ameaçado pelo PCC: MP pede perícia de DNA em caso contra PM segurança de Marçal
A investigação acerca da morte do piloto e de outras duas vítimas foi reaberta. O tenente-coronel 'Edson Raiado' é um dos acusados
A morte do piloto Felipe Ramos Morais, que esteve sob acusação de envolvimento no duplo homicídio de lideranças do Primeiro Comando da Capital (PCC), em uma reserva indígena em Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) , voltou a estar sob investigação. Agora, o Ministério Público de Goiás (MPGO) desarquivou o caso e pediu novas diligências para apurar o assassinato ocorrido há um ano em meio, naquele estado.
O Diário do Nordeste teve acesso ao documento assinado pelo promotor da 93ª Promotoria de Justiça de Goiânia, no qual ele lista, pelo menos, 10 diligências que estariam pendentes de cumprimento. Dentre elas, ficou requisitado o exame pericial de vestígios de sangue e DNA dentro do veículo onde estavam as vítimas.
Um dos investigados pela morte do piloto Felipe e outros dois homens mortos em um suposto confronto com a Polícia é o tenente-coronel Edson Melo, conhecido como Edson Raiado. Atualmente, o PM está de licença da corporação e à frente da segurança do candidato a prefeito de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB).
Já neste mês de setembro, a reportagem noticiou que o caso acerca da morte do piloto foi reaberto após resultado negativo de exame de pólvora nas mãos de Felipe.
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VEJA LISTA DE DILIGÊNCIAS REQUISITADAS PELO MPGO:
- 1.Seja realizada a oitiva da pessoa de Clóvis, dono da empresa de aviação, citado pela mãe da vítima Nathan como tendo ligado e afirmado que o seu filho estava no local errado, na hora errada;
- 2. Seja realizada a oitiva de Matheus, pessoa que teria intermediado o aluguel da chácara com José Luiz, perquirindo-o quanto à motivação do aluguel e as alegações de José Luiz;
- 3. Seja realizada a oitiva de um indivíduo que alugava uma casa anexa, dentro da propriedade, e que estaria no local no dia dos fatos;
- 4. Seja realizada a extração de dados dos celulares das vítimas Nathan e Paulo, conforme autorizações concedidas pela mãe de Nathan e esposa de Paulo, no evento n. 1.
- 5. Seja requisitado exame pericial de vestígios de sangue e DNA dentro do veículo das vítimas;
- 6. Seja requisitada a complementação dos laudos cadavéricos acostados ao feito, com o preenchimento do gráfico/croqui masculino, demonstrando o esquema de lesões sofridas pelas vítimas;
- 7. Sejam requisitadas ao Instituto de Criminalística as fotos originais ou em melhor qualidade, dos Laudos de Local de Morte Violenta e de Reprodução Simulada dos Fatos, acostados ao feito;
- 8. Seja requisitada a extração e identificação de impressões digitais nas armas apreendidas em poder das vítimas;
- 9. Seja oficiado ao SAMU, requisitando informações acerca do horário em que o socorro foi acionado e, identificando a equipe que atuou na diligência, realizando-se sua oitiva;
- 10.Sejam esclarecidas as questões apontadas pela mãe da vítima Nathan em carta aberta anexa; e
- 11.outras diligências que entender necessárias para a elucidação dos fatos
ACUSAÇÃO CONTRA O TENENTE-CORONEL
Conforme a denúncia do MPGO, dos 15 tiros efetuados no triplo homicídio em Goiás, 12 foram disparados por Edson Melo. Os demais disparos teriam sido efetuados por outro militar, o major Renyson Castanheira Silva.
A 1ª Vara das Garantias, da Justiça de Goiás, determinou, no dia 2 de setembro de 2024, que um laudo pericial, que pode "conter novos elementos investigativos", seja redistribuído à 3ª Vara dos Crimes Dolosos Contra a Vida e Tribunal do Júri da comarca de Goiânia - que já tinha arquivado o processo da morte dos três homens na ação policial.
O laudo pericial, elaborado pelo Instituto Nacional de Criminalística (INC), da Polícia Federal (PF), no dia 31 de maio de 2023, concluiu que não havia resíduos de disparos de arma de fogo nas mãos de Felipe Ramos Morais.
Anteriormente, a versão divulgada pela Polícia Militar de Goiás (PMGO) foi de que Felipe Morais, Nathan Moreira Cavalcante e Paulo Ricardo Pereira Bueno foram mortos em uma troca de tiros com policiais do Comando de Operações de Divisas (COD), em uma fazenda que seria utilizada para o transporte de drogas, em Goiás, no dia 17 de fevereiro de 2023.
drogas e armas foram apreendidas com os suspeitos mortos.
Há informações de que ainda antes do duplo homicídio em Aquiraz, tendo como vítimas Rogério Jeremias de Simone, o 'Gegê'; e Fabiano Alves de Souza, o 'Paca', em fevereiro de 2018, Felipe Ramos Morais já vinha sendo ameaçado pelo PCC.
Felipe disse ter sido ameaçado de morte, caso não continuasse pilotando para a facção paulista. Na versão dele, foi sequestrado semanas antes do duplo homicídio da cúpula do grupo criminoso.
Conforme as investigações da Polícia Civil do Ceará (PCCE), Felipe teria levado vítimas e assassinos para uma emboscada, motivada por um racha na facção. A liderança do PCC não aceitava a vida de luxo que a dupla levava em terras cearenses e suspeitava de desvios financeiros.
Serial Killer
Com a reabertura do caso, o segurança de Pablo Marçal publicou nas redes sociais que: "Realmente, o inquérito foi reaberto (...). Passou [sic] horas ali, o cadáver não vai dar positivo [sobre o resultado negativo do exame de pólvora]. E foi recolhido no dia subsequente ao confronto".
O tenente-coronel Edson Luís Souza Melo ficou mais conhecido por comandar a operação policial que terminou com a morte do "serial killer" Lázaro Barbosa, em 2021. Ele se candidatou a deputado federal por Goiás no ano seguinte, mas não foi eleito.
Em 2024, Edson Raiado se licenciou da Polícia Militar de Goiás e virou segurança particular do candidato à Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (PRTB). A assessoria de comunicação do candidato não foi localizada pela reportagem para comentar a investigação contra o segurança do político.