Piloto acusado de participar das mortes de 'Gege do Mangue' e 'Paca' no Ceará morre em tiroteio
Felipe Ramos Morais estava em liberdade desde 2021, devido a uma decisão proferida no Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE).
O piloto Felipe Ramos Morais, acusado de participar do duplo homicídio de Rogério Jeremias de Simone, o 'Gegê do Mangue', e Fabiano Alves de Sousa, o 'Paca', no Ceará, morreu nesta sexta-feira (17). A informação acerca da morte foi confirmada pela Polícia Militar de Goiás, onde aconteceu uma troca de tiros entre agentes e suspeitos de tráfico de drogas.
Além de Felipe, outros dois homens morreram ao supostamente entrarem em confronto com PMs do Comando de Operações de Divisas (COD). Três helicópteros que, segundo a Polícia, estavam sendo usados para o tráfico foram apreendidos.
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Felipe estava em liberdade desde abril de 2021, por decisão proferida no Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE). Na época, o Tribunal considerou o quadro de saúde debilitado do acusado - que utilizava um balão intragástrico que já havia explodido.
O piloto perdeu mais de 30 kg enquanto esteve preso, fez greve de fome e tentou suicídio por duas vezes.
Um policial militar de Goiás contou ao G1 que os homens usavam um heliponto irregular para o tráfico de drogas. Conforme o agente, foi apreendida cocaína pura oriunda da Bolívia e armas de fogo.
As identidades dos outros dois mortos devido à troca de tiros não foi revelada.
Ameaçado
Felipe disse ter sido ameaçado de morte, caso não continuasse pilotando para a facção paulista. Na versão dele, foi sequestrado semanas antes do duplo homicídio da cúpula do grupo criminoso.
Conforme a defesa do piloto, ele não sabia que 'Gegê' e 'Paca' seriam executados e só participou do voo para Fortaleza depois de ser sequestrado e torturado um mês antes das mortes por homens subordinados a Wagner Ferreira da Silva, o 'Cabelo Duro', um dos executores do duplo homicídio.
O caso foi registrado em Boletim de Ocorrência (B.O.), na Delegacia de Polícia de Guarujá, em São Paulo, em 13 de janeiro de 2018. Considerado o principal articular do plano criminoso, 'Cabelo Duro' também foi executado, em São Paulo, poucos dias após o crime ocorrido no Ceará.
Em 2021, um atestado médico obtido pela reportagem do Diário do Nordeste apontou que Felipe foi diagnosticado com “ansiedade generalizada” e “estado de stress pós-traumático”.
O piloto foi foi preso em um condomínio de luxo no Município de Caldas Novas, em Goiás, em 14 de maio de 2018, três meses após os assassinatos de 'Gegê do Mangue' e 'Paca', em uma reserva indígena em Aquiraz.
Delação premiada
Felipe firmou delação premiada com a Polícia Federal (PF), que auxiliou em outras investigações contra a mesma facção criminosa paulista a qual pertenciam 'Gegê do Mangue' e 'Paca'. O piloto pediu por liberdade à Justiça várias vezes e pela anulação dos atos processuais, com a alegação de que também selou acordo de delação premiada com o Ministério Público do Ceará (MPCE), o que foi negado pelo Órgão.
No mesmo dia que ele foi solto pelo TJCE, o colegiado de juízes da Comarca de Aquiraz negou a anulação dos atos processuais e pedidos de relaxamento das prisões dos réus.
Conforme as investigações da Polícia Civil do Ceará (PCCE), Felipe teria levado vítimas e assassinos para uma emboscada, motivada por um racha na facção. O criminoso não aceitava a vida de luxo que a dupla levava em terras cearenses e suspeitava de desvios financeiros.