Investigação sobre conduta em presídio federal de piloto do voo da morte de Gegê e Paca é arquivada
Felipe Ramos Morais era investigado por ingerir água sanitária e supostamente ameaçar servidores de uma penitenciária federal
A investigação que apurava a conduta do piloto Felipe Ramos Morais na Penitenciária Federal de Campo Grande foi arquivada. Felipe é réu pelas mortes das lideranças de uma facção criminosa e, neste caso específico, era investigado por ter causado transtorno à rotina da unidade prisional ao ingerir água sanitária e supostamente ameaçar servidores.
A decisão por arquivar a apuração foi proferida nesta terça-feira (25). Conforme parecer do Conselho Disciplinar, houve perda do objeto por falta de interesse de agir desde que o piloto foi posto em liberade por meio de alvará de soltura expedido em julho de 2021.
Consta nos documentos que a reportagem teve acesso que o Procedimento Disciplinar de Interno apurava o episódio no qual Felipe teria feito ameaças veladas aos servidores do setor de Assistência Social e Saúde por meio de requerimentos, citando uma organização criminosa.
"Na ocasião o referido interno foi medicado e isolado a fim de preservar a segurança e manutenção da ordem e da disciplina, em seguida foi confeccionado Comunicado de Ocorrência e ato contínuo instalada Portaria", para apurar o fato ocorrido em setembro de 2020.
Felipe teria tentado suicídio ingerindo água sanitária e precisou ser socorrido às pressas por policiais penais. Em outra ocasião, o acusado pelo duplo homicídio de Rogério Jeremias de Simone, o 'Gegê do Mangue', e Fabiano Alves de Souza, o 'Paca' fez greve de fome.
A defesa de Felipe Ramos Morais alega que os atos foram em decorrência do Ministério Público do Ceará (MPCE) negar a existência de uma delação premiada firmada entre ambas as partes. Em seu depoimento no processo que apura o duplo homicídio, Felipe reiterou que o acordo com o MPCE foi firmado e não cumprido pelas autoridades. O MPCE nega as acusações do piloto e diz que nunca foi assinado nenhum acordo.
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LIBERDADE
Em abril de 2021, quase três anos após ser preso, o piloto voltou à liberdade. O Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) considerou o quadro de saúde debilitado de Felipe Morais - que utilizava um balão intragástrico que havia rompido - para conceder a liberdade provisória.
O acusado chegou a firmar delação premiada com a Polícia Federal (PF), que auxiliou em outras investigações contra a facção paulista. No dia das mortes de 'Gegê' e 'Paca', era Morais quem pilotava o helicóptero que transportou as vítimas. Ele alega ter sido torturado e forçado a conduzir a aeronave no dia do crime.
'Gegê do Mangue' e 'Paca' foram levados até uma reserva indígena, em Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza. As mortes aconteceram em fevereiro de 2018. Além do piloto, também são réus pelo duplo homicídio:
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André Luís da Costa Lopes, o 'Andrezinho da Baixada'
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Carlenilton Pereira Maltas, o 'Ceará'
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Erick Machado Santos, o 'Neguinho Rick da Baixada'
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Gilberto Aparecido dos Santos, o 'Fuminho'
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Jefte Ferreira Santos
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Maria Jussara da Conceição Ferreira Santos (mãe de Jefte Santos)
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Renato Oliveira Mota
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Ronaldo Pereira Costa
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Tiago Lourenço de Sá de Lima