Mais vítimas do professor de futsal: 12 meninas relatam assédio sexual durante treinos em Fortaleza
Os crimes teriam começado há mais de uma década. As vítimas mais recentes têm de 13 a 17 anos de idade
Mais meninas afirmam ser vítimas de assédio sexual por parte de um professor de futsal, em Fortaleza. Já são, pelo menos, 12 relatos de atletas que dizem ter sofrido algum tipo de abuso do treinador, atualmente investigado pela Polícia Civil do Ceará (PCCE).
A reportagem do Diário do Nordeste apurou que as vítimas mais recentes têm de 13 a 17 anos de idade, e que os crimes por parte deste suspeito teriam começado há mais de uma década, com modus operandi que se repete ao passar dos anos.
"Eu não sabia que isso acontecia com outras meninas", disse uma das vítimas ouvida pela reportagem. A PCCE foi questionada sobre quantos depoimentos já colheu nesta investigação, mas disse apenas seguir investigando o caso, sem poder repassar mais informações neste momento.
BASTIDORES DO TREINO
A reportagem ouviu vítimas de 16 e 17 anos de idade. Elas afirmam que eram ameaçadas de serem retiradas do time, caso contassem para as demais atletas, amigos ou familiares o que acontecia nos bastidores do treino.
VEJA RELATO:
"Eu conheci ele através dos jogos escolares. Ele pediu meu contato, disse que tinha gostado do meu futebol e que queria que eu atuasse pela equipe dele. Até então eu não sabia que ele assediava algumas meninas. Passou alguns meses e ele começou a tirar brincadeiras comigo, ficava alisando minha bunda, que eu era gostosa, que eu fazia o tipo dele"
"Eu pedia que ele parasse, mas ele dizia que era só brincadeira. Tudo isso no ano passado, em 2022. Eu não sabia que isso acontecia com outras meninas. Ele dizia que se eu falasse ele ia me tirar do time, que eu perderia as viagens, e aí eu fiquei calada. Ele dizia que eu não precisava ter medo dele. Eu não queria mais ir treinar, só ia para não deixar as meninas sozinha"
A adolescente de 17 anos destaca que começou a perceber o comportamento das demais atletas e notou que o problema podia ser ainda maior.
Outra suposta vítima, de 16 anos, fala que temia pelo que podia acontecer com a irmã, de 13 anos, que treinava no mesmo local.
"Eu não queria que ela passasse pela mesma coisa que eu passei. Só agora ela me contou que ele também tocou no corpo dela. Eu demorei a sair de lá para não deixar as outras sozinhas, eu tinha medo do que ia acontecer", disse a menina de 16 anos, de identidade preservada.
"Fomos conversando e aí elas contaram que ele mexia com elas também. Eu fiquei desesperada. A gente começou a conversar umas com as outras para dar um basta naquilo ali.
No último mês de fevereiro, as meninas se reuniram para confrontar o professor. Elas contam que ele pediu perdão e disse que estava "apenas brincando com elas". "Ele disse que a gente ia estragar a carreira dele, a vida dele. Que a gente precisava ter consideração pelo dinheiro que ele gastou com a gente".
Agora, as adolescentes falam que querem ver o suspeito preso e que seguem "assustadas e com medo".
Até esta terça-feira (14) não havia informação se foi expedido ou não mandado de prisão para o professor. "As investigações seguem em andamento pela Delegacia de Combate à Exploração da Criança e do Adolescente (Dececa), unidade da Polícia Civil que realiza diligências e oitivas para elucidar o caso. Outras informações serão repassadas em momento oportuno para não comprometer os trabalhos policiais", conforme a Polícia.