Justiça decreta prisão preventiva de delegado de Maracanaú investigado em operação

Delegado se apresentou espontaneamente à delegacia. Antes disso, o servidor público já tinha sido afastado de suas funções nesta sexta-feira (9)

Escrito por Redação ,

A Justiça Estadual decretou, nesta sexta-feira (9) a prisão preventiva do delegado Paulo André, alvo da Operação Fim da Linha, que investiga uma série de crimes supostamente praticados por ele e por outros cinco inspetores do 20º Distrito Policial, em Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), além de um empresário.

De acordo com o advogado Leandro Vasques, assessor jurídico da Associação dos Delegados do Estado do Ceará (Adepol-CE), o delegado se apresentou espontaneamente no 34º DP, no Centro de Fortaleza, e está à disposição das autoridades para prestar esclarecimentos.

O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) informou que a prisão foi decretada após o delegado destruir objeto de prova durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão em sua residência. Segundo os promotores responsáveis pelo caso, o delegado quebrou o telefone celular, objeto da apreensão autorizada pela Justiça.

Além disso, foi encontrado, na sala da inspetoria da citada Delegacia, um aparelho de dar choque e, na sala dos escrivães, um cacetete artesanal, sendo tais objetos alheios à atividade ordinária da polícia, diz o MPCE.

O empresário, que também foi alvo dos mandados de busca e apreensão, foi preso em flagrante por posse ilegal de arma, mas pagou fiança de R$ 20.000,00 e foi liberado.

A prisão do delegado foi recebida com insatisfação pela defesa do suspeito. “Entendemos ser a prisão desnecessária e desproporcional, uma vez que já foram arrecadados todos os elementos considerados relevantes à investigação, em sua residência e na delegacia em que é lotado, bem como que foram fornecidas as senhas de todos os aparelhos eletrônicos apreendidos em sua residência”, avalia o advogado Leandro Vasques. 

A decisão da Justiça contra o delegado foi expedida no mesmo dia em que a operação foi desencadeada pelo Ministério Público do Ceará (MPCE) com apoio da Controladoria Geral de Disciplina dos órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD). 

Os policiais foram afastados de suas funções por 180 dias, devendo ainda entregar armas e distintivos oficias, usar tornozeleira eletrônica e evitar contato entre si ou com possíveis testemunhas.  

Policiais são suspeitos de série de crimes

Nas investigações, o MPCE apura os motivos de diversos pedidos de prisão preventiva contra uma empresária local, após uma briga familiar, mesmo com manifestação contrária dos promotores criminais de Maracanaú.  

O órgão também averigua prisões ilegais feitas por alguns dos investigados. Em parte delas, aponta, houve flagrantes forjados, que já motivou até pedido de absolvição de um acusado de tráfico de drogas. 

Outro fato que sustenta a operação é a amizade virtual de um dos policiais investigados com um traficante da cidade que tem mandado de prisão em aberto. 

Ainda de acordo com o MPCE, há indícios de crime eleitoral nas dependências do 20º DP, abuso de poder político e a possível invasão da atribuição de outras delegaciasi para promoção pessoal com fim eleitoral de policial candidato. 

Nesse contexto, o MP apura a prática de crimes de abuso de autoridade, corrupção passiva, tortura psicológica, coação no curso do processo, prevaricação, usurpação de função pública, extorsão, violação de domicílio e associação criminosa cometidos pelo delegado e inspetores da Polícia Civil.  

Segundo confirmou em nota enviada ao Diário do Nordeste, a CGD já determinou instauração de procedimentos disciplinares para apurar a conduta dos policiais envolvidos na operação

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