Justiça condena a mais de 20 anos dupla que iria matar rival, atirou em PMs e fugiu por lagoa no CE

Homens não obedeceram à ordem de parada dos policiais e atiraram contra a composição militar. O caso ocorreu no município de Paraipaba, em novembro de 2022

Escrito por Matheus Facundo , matheus.facundo@svm.com.br
itens apreendidos por policiais do raio em ocorrência em Paraipaba
Legenda: Policiais do Raio em Paraipaba salvaram suspeito de afogamento e prenderam outros dois, com quem apreenderam uma pistola,15 munições intactas calibre .380, 10 munições intactas calibre .40, entre outros itens
Foto: Divulgação/PMCE

Dois integrantes de uma facção de origem cearense foram condenados na Justiça a mais de 20 anos de prisão pelos crimes de organização criminosa e porte ilegal de arma de fogo. A condenação se baseou em uma ocorrência na qual a dupla se envolveu em Paraipaba, interior do Ceará, em novembro de 2022. Na ocasião, eles viajavam para matar um rival e desrespeitaram uma ordem de parada policial, bateram em uma árvore e um deles entrou em uma lagoa para tentar fugir. 

A sentença, publicada no dia 19 de março e publicada no Diário da Justiça nessa última quarta-feira (27), teve como réus Keven Praciano de Castro e Carlos Alberto Silva Honorato. Os dois foram condenados com as mesmas penas, e devem cumprir 10 anos e três meses de reclusão, em regime inicialmente fechado.

Eles já estavam presos e devem permanecer na cadeia enquanto aguardam o resultado da apelação. Segundo a decisão, as solturas trariam "concretos prejuízos à garantia da ordem pública" por integrarem uma facção criminosa. 

"Não teria sentido algum o réu permanecer preso durante todo o processo dada a sua periculosidade e ser solto na sentença que a reconheceu como perigoso ao convívio social", diz trecho da sentença da Vara de Delitos de Organizações Criminosas da Comarca de Fortaleza. 

A defesa de Carlos Alberto informou que já elabora as "interposições cabíveis" para recorrer da decisão. O advogado informou que a participação do seu cliente no crime "não ficou comprovada" e disse que a sentença foi "rasa": "Não houve um elemento que seja para comprovar o pertencimento em organização criminosas". 

A advogada representante de Keven, também recorrerá ao Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE) e pedirá absolvição por falta de provas, pois acredita que o "Juízo não agiu com costumeiro acerto, deixando de apreciar os ditames legais aplicáveis ao caso concreto, deixando inclusive de individualizar a conduta do acusado". 

Condenados estavam no caminho para matar rival 

O interrogatório dos réus dá conta que no dia do confronto com policiais eles estavam a caminho da localidade de Vila Pôr-do-Sol, em Paraipaba, para matar um membro de uma facção criminosa rival que estava ameaçando Carlos Alberto de morte. Os fatos aconteceram no dia 4 de novembro de 2022 por volta de 15h40.

No trajeto, eles foram interceptados por uma composição do Comando de Policiamento de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio) da Polícia Militar do Ceará (PMCE), que havia recebido uma denúncia de "elementos armados" em um carro trafegando no bairro Alto do Cipó, em Paracuru. Eles fugiram para uma estrada carroçável e colidiram contra o tronco de um cajueiro.

Desceram do carro Carlos Alberto, Keven e Wesley. Eles atiraram contra os policiais e a equipe revidou os disparos. Carlos e Wesley fugiram a pé, mas Keven entrou em uma lagoa e se afogou. Esse último foi retirado da água pelos militares e levado ao Hospital Municipal de Paraipaba.

Já Carlos foi encontrado em Paracuru por uma moto patrulheiro do Raio, escondido em uma fazenda na estrada São Sebastião. Ele se rendeu, e foi encontrado portando uma pistola de calibre .380, municiada. 

Conforme documentos que fazem parte do processo aos quais a reportagem teve acesso, os homens, menos Wesley que ficou foragido, confessaram participar de uma facção criminosa durante as investigações. Tanto Keven como Carlos apontaram Wesley, inclusive, como a pessoa que disparou contra os agentes do Raio. 

Para a Poder Judiciário, os fatos, corroborados por testemunhas de acusação, policiais que estiveram na ocorrência e provas materiais, fizeram com que a condenação dos réus fosse "certeza necessária". 

Denúncia 

Outras duas pessoas foram denunciadas e submetidas a julgamento da Vara de Delitos de Organizações Criminosas. Wesley Laurentino de Lima, teve a punibilidade extinta, pois morreu no dia 27 de abril de 2023, em decorrência de um choque hemorrágico causado por um disparo de arma de fogo.

Ele teria sido atingido durante um confronto com a Polícia, segundo um policial do Raio informou em interrogatório. Wesley seria uma faccionado de alta periculosidade em Paraipaba. 

A outra denunciada era uma mulher, acusada de se aliar aos suspeitos, escondê-los em casa e ainda armazenar armas na residência. No entanto, ela foi absolvida por falta de evidências. 

O grupo havia sido denunciado pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) em 2 de fevereiro de 2023. Na peça acusatória constava uma denúncia também pelo crime de resistência, mas os réus foram absolvidos desta tipificação. 

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