Grupo de extermínio na PM foi denunciado pela jovem morta
Quatro dias antes de morrer, a garota deu entrevista ao Diário e falou dos crimes que o companheiro praticou
Testemunha-chave de uma seqüência de assassinatos cometidos por uma organização criminosa, Ana Bruna de Queiroz Braga, de 17 anos, foi executada na noite da última sexta-feira. Quatro dias antes de morrer, ela deu uma entrevista exclusiva ao Diário do Nordeste, falando sobre o envolvimento do companheiro - o ex-soldado da Polícia Militar, Ademir Mendes de Paula - também assassinado recentemente - em um grupo de matadores, do qual também fazem parte pelo menos mais dois policiais militares que estão na ativa.
Na divulgação da entrevista, o Diário optou por não revelar detalhes do que a garota havia contado, envolvendo os PMs, para que não houvesse represália. Em matéria veiculada no dia seguinte, constava apenas o desabafo da adolescente falando sobre a participação do companheiro em crimes de pistolagem (como o que vitimou o comerciante Valter Portela, em 1° de março deste ano).
“Este era o serviço dele, ele gostava de fazer essas coisas. E eu sabia, mas gostava dele e por isso não o deixava”, contou Bruna na entrevista.
Segundo Bruna, quando contava sobre o planejamento da morte de Valter Portela, Ademir teria ido praticar o crime com outros dois PMs, um deles, identificado como soldado Lúcio, que, atualmente, está preso no quartel do 5ºº° BPM por ter sido flagrado com um revólver de calibre 357, de uso restrito. “Eles eram amigos, e depois do crime, saíram todos juntos. O pagamento pelo crime foi de R$ 10 mil, divididos entre eles. Falavam sobre isso com naturalidade”, disse Bruna na entrevista exclusiva.
Ela confirmou, na presença do Ministério Público, os nomes dos comparsas de seu companheiro. O nome do mandante da morte do comerciante também foi revelado pela garota, mas está sob sigilo.
Dado o conhecimento que a adolescente tinha sobre as ações do grupo criminoso - especialmente envolvendo policiais militares da ativa - sua morte está sendo atribuída a uma queima-de-arquivo.
Riscos
Isto leva a crer que o homem que executou Bruna - José Veridiano Fernandes Nogueira (internado sob escolta policial no Instituto José Frota) - também possa estar correndo riscos. A determinação para que o acusado seja mantido sob rigorosa vigilância foi dada, pelo secretário da Segurança Pública, Roberto Monteiro.
Veridiano foi baleado e preso pela PM logo após executar Ana Bruna, na Aerolândia. O pistoleiro agora é a peça-chave para que as autoridades policiais e do Ministério Público desvendem os crimes de pistolagem que vitimaram o comerciante Francisco Valter Portela e o ex-PM Ademir Mendes de Paula, ambos executados recentemente. Além destes, diversos outros crimes já estão sendo relacionados ao possível grupo de extermínio.
NATHÁLIA LOBO
Repórter