Gestor ambiental se torna réu na Justiça pela morte da enfermeira Clarissa, assassinada a facadas
O juiz da 2ª Vara do Júri determinou que oito pessoas sejam arroladas para inquirição em juízo
A Justiça recebeu nesta sexta-feira (18) a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE) contra o gestor ambiental Matheus Anthony Lima Martins Queiroz. Matheus agora é réu pelo crime de feminicídio que vitimou a enfermeira Clarissa Costa Gomes, 31, no bairro Jardim Cearense, em Fortaleza, no dia 9 de julho deste ano.
Conforme documentos que a reportagem teve acesso, o juiz da 2ª Vara do Júri ponderou que "a materialidade delitiva, juntamente aos indícios de autoria, são elementos que compõem a justa causa para o exercício da Ação Penal" e mandou citar o denunciado para responder a acusação no prazo de 10 dias.
O magistrado também determinou que oito pessoas, entre testemunhas e declarantes, sejam arroladas para inquirição em Juízo.
Clarissa foi assassinada a facadas e Matheus, então namorado dela, foi preso em flagrante pelo crime. O acusado foi localizado em um condomínio no bairro Maraponga, poucos minutos após o crime de feminicídio.
A defesa de Matheus Anthony não foi localizada para comentar o caso. O espaço segue aberto e a matéria será atualizada, se houver manifestação da defesa.
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Exames periciais constataram que 34 facadas foram desferidas contra Clarissa Costa Gomes, em várias partes do corpo. O laudo da Perícia Forense do Ceará (Pefoce) também apontou "sinais de que a vítima também foi espancada antes de sua morte".
O processo que apura o crime integra o Programa Tempo de Justiça - que visa dar celeridade a ações penais de crimes dolosos contra à vida no Ceará.
PEDIDO DE SOCORRO
A vítima chegou a mandar uma mensagem com os dizeres "S.O.S" para uma amiga, mas a colega de trabalho acreditou que Clarissa estava se referindo ao assunto tratado minutos antes em uma reunião profissional.
Na denúncia, que a reportagem teve acesso, o MPCE detalhou que a vítima e o réu namoraram por cerca de 2 anos, "relacionamento este marcado por ciúmes por parte do réu para com a vítima, sendo que algumas pessoas próximas à vítima já haviam reconhecido sinais de que se tratava de um relacionamento abusivo e possessivo, bem como perceberam mudança de comportamento da vítima, que se tornou mais fechada e introvertida".
"Recentemente, em junho de 2025, a vítima havia confidenciado a duas amigas que pretendia terminar o relacionamento com Matheus", completou. As investigações apontaram que o crime foi cometido após uma tentativa de Clarissa terminar o namoro.
O dia do crime
Conforme a denúncia do MPCE, Clarissa Gomes e Matheus Anthony Queiroz chegaram à casa dela, na Rua 4, por volta de 13h30 de 9 de julho último. O laudo pericial apontou que eles tiveram relação sexual.
Por volta das 14h, Clarissa participou de uma reunião virtual de trabalho, "em que a vítima não ligou a câmera nem o áudio, tendo apenas mandado mensagem escrita", segundo o MPCE. "Após o término da reunião, por volta das 15h00, Clarissa mandou para uma das pessoas que estava nessa reunião em que escrevia 'SOS'".
Entretanto, a pessoa que recebeu a mensagem "acreditou que a mensagem dizia respeito ao conteúdo da reunião". Nos minutos seguintes, vizinhos de Clarissa ouviram uma mulher gritar "Me solta, vai me matar!", mas também não reagiram a tempo.
O MPCE denunciou Matheus Anthony Lima Martins Queiroz por feminicídio consumado, incidindo as causas de aumento de pena em razão da utilização de meio cruel e de recurso que dificultou a defesa da vítima, com motivação torpe.
Na denúncia, o promotor de Justiça também solicitou à Justiça que a Pefoce envie o laudo do cartão de memória de um circuito de câmeras de segurança; e que a Polícia Civil remeta um relatório técnico da análise do aparelho celular da vítima.