Fuzil e munições apreendidos com ex-fugitivos de Mossoró teriam sido entregues por facção no Ceará

Uma rede de apoio criada pela facção carioca no Ceará teria ajudado na logística e armado os fugitivos do presídio federal

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
Legenda: Os dois fugitivos foram recapturados no Pará
Foto: Divulgação/Polícia Federal

O fuzil e as munições apreendidos com os ex-fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró (no Rio Grande do Norte), Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça, teriam sido entregues pela facção carioca Comando Vermelho (CV) no Ceará, conforme investigações da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (Ficco) que atua no Estado. A dupla foi presa no Estado do Pará, no dia 4 de abril deste ano, após 51 de buscas policiais.

A Ficco no Ceará utilizou a experiência na captura de foragidos da Justiça para colaborar com a Ficco no Rio Grande do Norte e com a Delegacia de Mossoró, da Polícia Federal (PF), na busca pelos fugitivos do presídio. "Como a gente se especializou nessa matéria, a gente foi chamado a participar dessa investigação e a opinar no planejamento das ações", revela o coordenador da Ficco no Ceará e delegado federal, Igor Conti.

"Em algumas ocasiões, nós conseguimos apontar a localização precisa dos fugitivos. Mas, por questões de logística local, a captura acabou não se dando. Quando eles ainda estavam no Rio Grande do Norte, nós conseguimos apontar a grande chance de eles estarem em uma propriedade rural. E, com a saída da região, eles produziram dados e informações que nos auxiliaram a localizar. Dividimos essa interação com a Inteligência da Delegacia de Mossoró e conseguimos colaborar com a ida deles para o Estado do Pará e com a prisão em Marabá."
Igor Conti
Coordenador da Ficco no Ceará

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As investigações policiais apontaram que, após furar o bloqueio policial na região de Mossoró, Deibson e Rogério chegaram ao município cearense de Icapuí, no dia 18 de março último. De lá, eles entraram em um barco com destino a Belém, no Pará. A viagem pelo mar durou cerca de seis dias. Em território paraense, os fugitivos seguiram de carro para Marabá, onde foram interceptados por agentes da PF e da Polícia Rodoviária Federal (PRF).

Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça contavam com o apoio de quatro comparsas. O objetivo era chegar na Bolívia. Com a quadrilha, foram apreendidos um fuzil, dois carregadores da arma, cerca de 50 munições, dinheiro e sete aparelhos celulares.

"Nós conseguimos identificar que o Comando Vermelho aqui do Estado do Ceará teve uma participação logística muito importante. Teriam sido eles que encaminharam o fuzil que foi encontrado com os fugitivos, em Marabá. Temos indícios que essa arma saiu aqui do Ceará e que esteve em uma casa em Aquiraz, onde estivemos", aponta o delegado Igor Conti.

A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado é composta pela Polícia Federal Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), Polícia Militar do Ceará (PMCE), Polícia Civil do Ceará (PCCE), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), Perícia Forense do Ceará (Pefoce) e Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização do Ceará (SAP).

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Rede de apoio no Ceará

A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Ceará localizou uma rede de apoio criada dentro do Comando Vermelho no Estado, para tentar ajudar na fuga dos dois homens. Mandados de prisão e de busca e apreensão foram cumpridos contra o grupo criminoso, em território cearense.

A investigação contra a quadrilha por colaborar com a primeira fuga da história do Sistema Penitenciário Federal resultou na abertura de outro inquérito, por tráfico de drogas. 24 kg de maconha, uma pistola e 41 munições foram apreendidos em uma residência em Aquiraz, durante o cumprimento das ordens judiciais.

O novo inquérito foi concluído com o indiciamento de quatro suspeitos por associação para o tráfico de drogas: Nícolas Rodrigues Alves, o 'Homem de Pedra' ou 'Deputado'; João Victor Xavier da Cunha, o 'Qualidade'; Raíssa Forte de Brito; e Ciro Soares Muniz Júnior.

A Justiça Federal no Rio Grande do Norte chegou a soltar 'Deputado' e 'Qualidade', mas a Ficco obteve novos mandados de prisão contra a dupla, expedidos pela Justiça Federal no Ceará, em razão da investigação de tráfico de drogas.

'Qualidade' chegou a ser colocado em liberdade na última quarta-feira, no dia 10 de abril último, por decisão da 8ª Vara da Justiça Federal em Mossoró. Entretanto, a Ficco, com o apoio de policiais militares do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) e do Comando Tático Motorizado (Cotam), cumpriu um novo mandado de prisão contra o suspeito, no Município de Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

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'Deputado' não chegou nem a ter o alvará de soltura cumprido. O suspeito ainda estava encarcerado na Unidade Prisional Elias Alves da Silva (UP-Itaitinga4), no dia 11 de abril, quando o novo mandado de prisão foi cumprido. 

'Qualidade' havia sido preso pela Ficco em uma pousada na Praia do Futuro, em Fortaleza, no dia 1º de abril último, por decisão da 8ª Vara Federal de Mossoró. Enquanto 'Deputado' foi detido no dia 8 de março deste ano, também em Fortaleza.

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