Foragidos em outros estados e estelionatários são presos em megaoperação das Forças de Segurança contra facção GDE
Policiais cumpriram 174 mandados de prisão preventiva e 216 mandados de busca e apreensão. Outros 175 suspeitos são considerados foragidos
A megaoperação contra a facção cearense Guardiões do Estado (GDE), deflagrada pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado no Ceará (Ficco/CE) nesta segunda-feira (24), prendeu foragidos em outros estados e suspeitos de estelionato, além de crimes mais recorrentes cometidos pela organização criminosa - como homicídios e tráfico de drogas.
mandados de prisão preventiva e 216 mandados de busca e apreensão foram cumpridos na Operação Heresia, até a manhã da última segunda (24). Outro homem - que não era alvo inicial - foi preso em flagrante, na posse de uma pequena quantidade de maconha. A Polícia ainda procura por outros 175 suspeitos de integrar a GDE, que tiveram mandados de prisão expedidos pela Justiça Estadual e são considerados foragidos.
Quatro prisões ocorreram fora do Ceará. Uma mulher de 29 anos e um homem de 20 anos foram presos em Teresina, no Piauí; um homem de 51 anos foi detido em Mossoró, no Rio Grande do Norte; e um suspeito de 22 anos foi capturado em Itajaí, Santa Catarina.
O delegado da Ficco/CE, Paulo Renato, afirmou que será investigada a motivação desses suspeitos estarem em outros estados: "Uma dessas pessoas estava em Mossoró, então a gente tem como imaginar que essa pessoa fazia parte dessa organização criminosa morando lá na cidade, por conta da proximidade (com o Ceará). Duas pessoas estavam em Teresina, então tem mais ou menos o mesmo contexto. Já a quarta pessoa foi presa em Santa Cataria, aí a gente tem que entender o que essa pessoa estava fazendo lá, se trata de apenas uma coincidência ou se tem algum tipo de ligação com a organização criminosa".
Paulo Renato também revelou que os investigadores encontraram um núcleo da GDE especializado em estelionato, o que também será aprofundado na investigação. "Durante as investigações, conseguimos descobrir quais seriam as funções que essas pessoas teriam na organização criminosa, e algumas dessas pessoas tinham a função de praticar estelionatos. Não foi descoberto nenhum tipo de golpe especificamente. Seriam golpes, práticas de estelionato de maneira indistinta", apontou.
A Ficco/CE reúne agentes e integra trabalhos da Polícia Federal (PF), Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), Polícia Militar do Ceará (PMCE), Polícia Civil do Ceará (PCCE), Polícia Rodoviária Federal (PRF), Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), Perícia Forense do Ceará (Pefoce) e Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização do Ceará (SAP).
O secretário da SSPDS, Roberto Sá, destacou que 1.044 policiais, em 143 viaturas, participaram do cumprimento das ordens judiciais, em 32 cidades (sendo 29 cearenses e três em outros estados). "Essa investigação focou em organização criminosa, no grupo criminoso do Estado do Ceará. Parabenizo todo o contingente da Ficco, por chegar a esses autores dos crimes e ter esses mandatos para serem cumpridos. Iniciamos às 4h30 (da madrugada) com o briefing e, a partir daí, foram feitos deslocamentos para os cumprimentos dos mandados", ressaltou.
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Reconhecimento facial ajudou investigação
O superintendente da Polícia Federal no Ceará, José Antônio Franco, destacou que as investigações que resultaram na Operação Heresia se iniciaram com outra operação contra a GDE, deflagrada no ano passado.
Por meio dessa outra operação e da apreensão de materiais, foram feitas análises. E instaurado um outro procedimento, que combinou agora com essas medidas judiciais cumpridas na data de hoje (segunda-feira). Durante a investigação, foram utilizadas técnicas de reconhecimento facial, inteligência artificial. A nossa Ficco tem ferramentas de alta tecnologia que permitem avançar na identificação desses criminosos."
O delegado Paulo Renato acrescentou que 353 suspeitos foram identificados a partir da tecnologia de reconhecimento facial. "A partir do momento que tivemos acesso a fotografias de pessoas que poderiam fazer parte da organização criminosa, foi utilizado o software, que é disponibilizado tanto para a Ficco como para as secretarias da Segurança Pública e da Administração Penitenciária", detalhou.
Alvos que já estavam no Sistema Penitenciário
Entre os alvos dos 174 mandados de prisão preventiva cumpridos na Operação, 73 suspeitos já estavam detidos no Sistema Penitenciário cearense e outros 23 estavam soltos, mas eram monitorados pela Justiça por tornozeleira eletrônica.
Ao todo, a Polícia Penal atuou com 102 policiais, no cumprimento de 96 mandados de prisão. "Queria endossar que o Estado não vai recuar um centímetro, sempre utilizando o rigor da lei no combate a essas organizações e a essas pessoas, que estão transgredindo as normas das leis, no cometimento de delitos. Nenhuma pessoa privada de liberdade que cometer um crime ou um delito, dentro de uma unidade prisional, vai passar impune", garantiu Álvaro Maciel, secretário-executivo de planejamento e gestão interna da Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização do Ceará (SAP).