Compositora suspeita de golpe com nome de produtor de Michel Teló ganha liberdade provisória

A defesa de Yona Cunha Torres alega que ela é inocente e foi enganada por um terceiro

Escrito por Matheus Facundo , matheus.facundo@svm.com.br
Entrada do Tribunal de Justiça do Ceará, em Fortaleza
Legenda: Juíza determinou pagamento de fiança, dever de ser apresentar à Justiça mensalmente e distância das vítimas
Foto: Fabiane de Paula

Presa em flagrante em Fortaleza na última quarta-feira (21) por suspeita de aplicar golpe em uma cantora utilizando o nome de produtor de Michel Teló, a compositora Yona Cunha Torres foi solta na última quinta-feira (22), um dia após a captura. Liberdade provisória com medidas cautelares foi instituída após audiência de custódia.

De acordo com o alvará de soltura, expedido pela juíza Flávia Setúbal de Sousa Duarte, da 17ª Vara Criminal de Fortaleza, a acusada é "portadora de bons antecedentes", além de ser ré primária. 

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O fornecimento de endereço residencial em Maceió (AL) e "profissão definida" também foram considerados para o concedimento da liberdade. Yona tem 49 anos, é natural de Salvador (BA) e foi acusada de estelionato e falsidade ideológica. 

"Constato, ainda, não haver indicativos de que seja integrante de organização criminosa ou que faça dessa atividade ilícita seu meio de vida", diz a decisão. 

Felipe Medeiros Freitas, advogado de Yona, informou ao Diário do Nordeste nesta segunda-feira (26), que a soltura está em acordo com o entendimento de tribunais e servirá para que ela fique em liberdade e, "ao final do processo, comprove sua inocência".

Medidas cautelares 

Para a manutenção da liberdade, a compositora terá de cumprir três medidas cautelares, que substituem a prisão em flagrante. Foi determinado o pagamento de fiança de 10 salários mínimos — que foi reduzida em dois terços devido a dificuldades financeiras relatadas. 

Além disso, ela deverá comparecer mensalmente ao Fórum Criminal de Maceió, onde reside, para informar e justificar atividades e receber orientação psicossocial para prevenir delitos. 

Yona ainda fica proibida de se aproximar "ou manter qualquer tipo de contato" com as vítimas, o produtor musical Eduardo Borges de Souza (Dudu Borges) e a cantora Giselle de Abreu Café. 

A acusada também deverá manter seu endereço atualizado e não pode se ausentar de Maceió por mais de oito dias sem informações sobre onde pode ser encontrada. Ela fica obrigada a comparecer todos os atos processuais para os quais pode ser intimada.

Enganada por falso produtor

Conforme o advogado Felipe Medeiros Freitas, Yona foi enganada tanto quanto a cantora Giselle Café, com quem a suspeita negociava em nome do produtor musical Dudu Borges. Dudu trabalha com Michel Teló e Jorge e Matheus. 

"Até o momento de sua prisão, ela acreditava realmente que se tratava do verdadeiro produtor. Esse falso produtor aproveitar da fragilidade que Yona vinha passando e conseguiu delapidar parte do seu patrimônio e de seus pais", diz Medeiros. 

Segundo o advogado, o homem usou a "fragilidade emocional" da compositora "para conseguir aplicar esse golpe". A pessoa teria repassado ainda uma procuração falsa para que Yona acreditasse que tinha poder para negociar em nome dele. 

O advogado de uma das vítimas, a cantora Giselle Café, diz que ela chegou a pagar R$ 87 mil acreditando que teria seu DVD produzido pelo profissional, com a promessa de participações especiais de artistas com renome no País.

No entanto, a defesa de Yona afirma que nenhum dos valores subtraídos no golpe foi destinado para a conta bancária dela. "O celular da Yona foi apreendido e passará por perícia, e a provas fornecidas provarão sua inocência", pontua Felipe Medeiros. 

PRESA EM HOTEL DE FORTALEZA 

Yona Cunha Torres foi detida em um hotel, no bairro Aldeota, área nobre da Capital, no dia 21 de julho. Ela foi levada à sede da Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF),

O delegado titular da DDF, Andrade Júnior, explica que após o andamento das investigações, a suspeita pediu mais R$ 20 mil à vítima e foi presa no momento em que o pagamento seria efetuado. 

"Ficou comprovado se tratar de uma estelionatária, que ia retirar mais R$ 20 mil da vítima. Ela apresentou um documento com uma falsa procuração como se realmente fosse representante do produtor e, nessas circunstâncias, depois que a ocorrência foi devidamente analisada, foi determinada a prisão em flagrante", disse o delegado.

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