Chefe do Comando Vermelho preso em casa no Porto das Dunas é absolvido do crime de lavagem de dinheiro

A ex-esposa de Francisco Wescley, o 'Leleco', e dois comparsas também foram absolvidos do crime. Um desses acusados, em contrapartida, foi condenado à prisão pelos crimes de organização criminosa e tráfico de drogas

Escrito por Messias Borges , messias.borges@svm.com.br
O chefe da facção foi capturado em uma mansão com piscina, no Porto das Dunas, em Aquiraz, em agosto de 2020
Legenda: O chefe da facção foi capturado em uma mansão com piscina, no Porto das Dunas, em Aquiraz, em agosto de 2020
Foto: Divulgação/ Polícia Civil

Apontado como um chefe da facção carioca Comando Vermelho (CV) no Ceará e preso em uma mansão no Porto das Dunas, em Aquiraz, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), Francisco Wescley Bento de Lima, o 'Leleco', foi absolvido pela Justiça Estadual do crime de lavagem de dinheiro, junto da ex-esposa e de dois comparsas. Um desses acusados, em contrapartida, foi condenado à prisão pelos crimes de organização criminosa e tráfico de drogas.

A Vara de Delitos de Organizações Criminosas julgou parcialmente procedente a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE) contra o grupo criminoso, em sentença proferida no último dia 10 de julho.

Francisco Wescley, Keylla Cristina Peres Martins, Valterclack Peres Martins e Luiz Eduardo Pereira da Silva foram absolvidos do crime de lavagem de dinheiro. Valterclack, ex-cunhado de 'Leleco' e irmão de Keylla, ainda foi absolvido da acusação de integrar organização criminosa.

O colegiado de juízes que atua na Vara considerou que o casal 'Leleco' e Keylla Cristina não deveria ser julgado por outros crimes que foram denunciados, em razão da litispendência de processos (isto é, a repetição de ações penais sobre os mesmos fatos contra os mesmos réus).

14 anos e 6 meses
de reclusão foi a pena determinada ao único réu condenado, Luiz Eduardo, pelos crimes de organização criminosa e tráfico de drogas. Ele terá que cumprir a pena em regime inicialmente fechado.

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Venda de camarões 'de fachada'

Na sentença, a Vara de Delitos de Organizações Criminosas considera que a investigação levantou provas dos crimes de tráfico de drogas e organização criminosa, mas que não há provas suficientes para uma condenação por lavagem de dinheiro.

"Inicialmente, apontou a Denúncia que os acusados Francisco Weskley e Luiz Eduardo lavavam capitais, utilizando estabelecimento comercial para venda de camarões de fachada para o transporte e armazenamento de drogas. Embora os diálogos já citados demonstrem que no local da empresa havia armazenamento e produção de drogas, não avançou a investigação no crime de lavagem de dinheiro", detalhou a Justiça.

Os juízes que atuam na Vara ressaltaram ainda que, durante a investigação, "não se buscou quebra de dados bancários e fiscais a denotar a incompatibilidade da renda ou mesmo indícios que dados da empresa eram usados para branqueamento de capitais".

Em relação a Luiz Eduardo Pereira da Silva, a Polícia encontrou conversas nas redes sociais que provaram que o réu integra a facção Comando Vermelho e que praticou o tráfico de drogas. Uma fotografia foi analisada pelos juízes: "As referências a bandeira vermelha e ao emoji com gestual de número dois são típicas da organização criminosa investigada, de modo que não há dúvidas de o acusado integra citado agrupamento criminoso".

Prisão em mansão no Porto das Dunas

Francisco Weskley Bento de Lima, o 'Leleco', foi preso em uma operação da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), da Polícia Civil do Ceará (PCCE), contra a facção Comando Vermelho, em agosto de 2020.

O chefe da organização criminosa foi capturado em uma mansão, com piscina, no Porto das Dunas, em Aquiraz. Ele foi apontado pela Polícia Civil como um gerente do tráfico de drogas no bairro Moura Brasil, além de "conselheiro de guerra" da facção.

"Ele é um membro ativo da facção. A área de atuação de fato dele é na comunidade do "Oitão Preto" do Moura Brasil. Tanto na parte do controle da área da facção quanto no mando e prática de homicídios e também para o comando e controle do tráfico de drogas na região", afirmou o Klever Farias, à época da deflagração da operação.

A prisão de Francisco Weskley resultou em uma condenação a 15 anos e 7 meses de prisão, pelos crimes de organização criminosa, tráfico de drogas, posse ilegal de arma de fogo e receptação, em outra sentença proferida pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas, em 5 de abril de 2022.

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