TJ mantém mandado de prisão para dona de clínica de reabilitação acusada de aplicar golpes no CE com dados de pacientes

Irineide Beserra está foragida desde 2023 e tentou por meio dos advogados que o mandado de prisão preventiva fosse substituído por medidas cautelares

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Redação seguranca@svm.com.br
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Legenda: De acordo com o MP, denunciados associaram-se com o fim de praticar diversos delitos de estelionato e lavagem de capitais, utilizando-se para tanto da empresa Maison Designer para proveito dos crimes

A Justiça do Ceará manteve o mandado de prisão para a empresária e psicóloga Irineide Beserra Braga, acusada de participar de um esquema de estelionato para empréstimos fraudulentos no Interior do Estado. Irineide está foragida desde 2023 e tentou, por meio dos advogados, que o mandado de prisão preventiva fosse substituído por medidas cautelares.

Conforme denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), a acusada é proprietária de uma clínica de reabilitação em Juazeiro do Norte e se associou aos outros quatro réus no esquema criminoso "fornecendo os cadastros dos internos da clínica (inclusive dados bancários), cujo intuito foi obter vantagens econômicas ilícitas".

A defesa dela nega envolvimento nos crimes e diz que a denunciada "apenas tentou ajudar uma amiga que estava passando por um momento difícil, oferecendo os nomes de alguns de seus funcionários para eventuais empréstimos, vale salientar tudo com a anuência dos mesmos". Os advogados não foram localizados pela reportagem para comentar sobre a decisão. 

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ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA

A defesa da empresária e psicóloga considera que não existem motivos para a prisão preventiva e pediu que fosse concedido a Irineide o benefício dado à corré no processo, Cícera Marciana Cruz da Silva.

No entanto, conforme decisão proferida pela desembargadora Maria Edna Martins, acompanhada, por unanimidade pelos membros da  3ª Câmara Criminal doTribunal de Justiça do Estado do Ceará, os magistrados entenderam que "a paciente não se encontra nas mesmas condições da corré [...] tendo em vista que esta compareceu ao processo teve seu mandado de prisão cumprido aos 13.05.2024, permanecendo presa cautelarmente por mais de dois meses, enquanto que a paciente permanece na condição de foragida da Justiça desde a decretação da prisão preventiva".

A decisão proferida em 2º grau no último dia 1º de abril e publicada no Diário da Justiça Eletrônico (DJE) nessa terça-feira (8) prevê a impossibilidade de aplicação de medidas cautelares e diz que a prisão preventiva foi fundamentada na garantia da ordem pública, perante a gravidade concreta dos delitos, "a alta probabilidade de reiteração criminosa, evidenciada pela habilidade das práticas ilícitas e pelos montantes elevados dos prejuízos"

OUTROS EMPRESÁRIOS DENUNCIADOS

O MP denunciou quatro nomes além de Irineide. Os também empresários Cícera Marciana Cruz da Silva, Iorlando Silva Freitas, Laynnara Pereira Gonçalves e o motorista da loja Maison Móveis e Decoração, Marcelo Sousa Miranda.

Todos eles são acusados pelos crimes de organização criminosa, estelionato e lavagem de dinheiro.

Em 2023, o Diário do Nordeste noticiou que a Polícia Civil do Ceará passou a investigar os proprietários da loja de móveis de luxo por supostamente usarem dados de clientes para aplicação de golpes milionários.

Cinco vítimas denunciaram que foram feitos nos nomes delas empréstimos bancários de mais de R$ 1 milhão para compra de imóveis. "Durante a investigação, a gente descobriu que esse montante pode passar, inclusive, de R$ 10 milhões", disse o delegado Júlio Agrelli, responsável pela Delegacia Regional de Juazeiro do Norte, à frente do inquérito.

Quando o MP denunciou o grupo, expôs que os golpes aconteciam desde o ano de 2021: "os denunciados, atuando em concurso de agentes e nas mesmas condições de tempo, lugar e maneira de execução, associaram-se com o fim de praticar diversos delitos de estelionato e lavagem de capitais, utilizando-se para tanto da empresa Maison Designer para proveito dos crimes".

"De acordo com as investigações, os denunciados Cícera Marciana Cruz da Silva e Iorlando Silva Freitas, sócios da mencionada empresa, chefiavam o esquema criminoso e, junto com o denunciado Marcelo Sousa Miranda, motorista da firma, apropriavam-se dos dados cadastrais de inúmeros clientes, sem autorização ou conhecimento destes, para fazer empréstimos bancários fraudulentos"
MPCE

Os promotores afirmam que Laynnara Pereira Gonçalves Veloso ficava com a tarefa de captar os dados cadastrais dos clientes, futuras vítimas, "repassando-os aos chefes do esquema. Por sua vez, a denunciada Irineide Beserra Bragara, responsável pela Clínica de Reabilitação associou-se ao esquema fraudulento fornecendo ao casal Marciana e Iorlando dados cadastrais dos pacientes daquela clínica, inclusive bancários, para a mesma finalidade de enganá-los (pacientes) intencionalmente, causando-lhes perdas e obtendo ganhos para os integrantes do esquema".

As defesas dos acusados não foram localizadas pela reportagem

EMPRESA DISSE COLABORAR COM A INVESTIGAÇÃO

Em nota publicada nas redes sociais ainda em 2023, o escritório de advocacia Gurgel e Quezado, responsável pela defesa da Maison Móveis e Decoração, afirmou que os sócios estão contribuindo com as investigações policiais "e desejam que, com o máximo de brevidade possível, os fatos sejam esclarecidos a bem da verdade e para que a honrosa reputação da empresa e dos seus funcionários possa ser restabelecida".

"A Maison Designer Interiores foi surpreendida com a abertura de investigação criminal, mas está colaborando e esclarecendo todos os fatos junto à Polícia Civil do Ceará, apresentando a documentação necessária para a demonstração da lisura das suas operações mercantis", escreveram.

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