Barco e carga podem valer até R$ 8 milhões

Material começou a ser descarregado ontem, mas o barco voltou a encalhar, atrasando o avanço da investigação

Escrito por Messias Borges - Repórter ,
Legenda: Operação conjunta das polícias Civil e Militar, com apoio de um helicóptero da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer), apreendeu um barco com 2,7 mil caixas que vinha da África para o Ceará
Foto: Fotos: Cid Barbosa

O barco 'pirata' denominado Yate Cordeiro de Deus e a carga apreendidos na Praia de Parajuru, em Beberibe, podem custar até R$ 8 milhões, segundo estimativa feita pela Polícia, em operação realizada com a Receita Federal e a Marinha do Brasil. A reportagem do Diário do Nordeste acompanhou a tentativa dos órgãos de desencalhar a embarcação, ontem, durante o terceiro dia de trabalho neste sentido.

A carga, composta por 2,7 mil caixas grandes, que guardam aparentemente apenas cigarros, valeria cerca de R$ 6,75 milhões. Ou seja, cada caixa dessas têm um valor estimado de R$2,5 mil. Os produtos são de duas marcas estrangeiras, que teriam origem norte-americana e coreana. Já o barco custaria em torno de R$ 1,5 milhão.

As caixas começaram a ser retiradas no dia de ontem, quando PM, Receita Federal e Marinha saíram do Porto de Parajuru, com ajuda de duas embarcações nativas, atravessaram um canal e adentraram no barco 'pirata', que estava encalhado em um banco de areia, no encontro do mar com o canal. A reportagem acompanhou o trajeto.

Tentaram puxar o 'Yate Cordeiro de Deus' utilizando dois barcos menores de pescadores locais, até 14h, mas não conseguiram, por causa do peso da carga e da água que se acumulou dentro da embarcação. Então, decidiram descarregar as caixas nas outros barcos, e só assim o barco 'pirata' se movimentou. Entretanto, com a maré mais baixa, ele voltou a encalhar em outro banco de areia. Mas cerca de 350 caixas chegaram a ser retiradas e foram levadas até o caminhão da Receita, ontem à tarde.

Muitas caixas foram extraviadas por causa da água e cederam, permitindo visualizar o produto contrabandeado, que seria apenas cigarro, até o momento. No descarregamento, algumas unidades foram saqueadas por moradores da praia.

barco

Barco 'pirata' ia atracar próximo à fazenda quilométrica, em que donos fugiram e estão sendo procurados pela Polícia 

A operação foi retomada à meia-noite de hoje, quando a maré voltou a subir, para que o barco pudesse ser encaminhado ao Porto de Parajuru, para terminar de descarregar as caixas, segundo o comandante da PM em Beberibe, capitão Rivelino Veiga.

Após concluir essa etapa, o material apreendido será inspecionado pela Divisão de Repressão ao Contrabando e Descaminho (Direp), da Receita, podendo ser descoberto outro produto e alterado o valor total da mercadoria apreendida. Existe a suspeita de haver droga e arma de fogo escondidas na carga. A investigação criminal ficará com a Polícia Federal (PF).

Medo

Moradores da pequena comunidade de Parajuru afirmaram que barcos de grande porte, com produtos suspeitos, atracam na localidade há anos, mas não souberam estipular o tempo exato. Por medo de represália, eles não quiseram conceder entrevista.

Cinco suspeitos de participar do esquema de contrabando, entre eles um policial civil de Fortaleza, foram presos, no último domingo (5), quando receptavam a carga ilegal, que vinha da África. Quatro 'piratas', que estavam dentro da embarcação, conseguiram fugir do barco. Os donos de uma fazenda quilométrica, com viveiros de camarão, que fica entre o canal e o mar, também deixaram o local e estão sendo procurados pela Polícia.

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