15 integrantes das facções CV, GDE e PCC são condenados a um total de 189 anos de prisão no Ceará

As quadrilhas foram sentenciadas em três processos criminais. Entre os crimes cometidos, estão tráfico de drogas e incêndio a bem público

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Trio foi condenado à prisão por um incêndio a um ônibus, durante a série de ataques a bens públicos e privados promovidos por facções, no Ceará, em janeiro de 2019
Legenda: Trio foi condenado à prisão por um incêndio a um ônibus, durante a série de ataques a bens públicos e privados promovidos por facções, no Ceará, em janeiro de 2019
Foto: Camila Lima

Quadrilhas ligadas às facções criminosas Comando Vermelho (CV), Guardiões do Estado (GDE) e Primeiro Comando da Capital (PCC) foram condenadas em processos diferentes, na Justiça do Ceará. As penas dos 15 réus somam 189 anos de prisão. Entre os crimes cometidos, estão tráfico de drogas e incêndio a bem público.

As três sentenças foram proferidas pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas e publicadas no Diário da Justiça Eletrônico (DJE) da última quinta-feira (31). As quadrilhas atuavam em Fortaleza, Sobral e Piquet Carneiro. Apesar de ser sediada na Capital, a Unidade Judiciária abrange processos de todo o Estado.

A maior pena foi aplicada a uma quadrilha acusada de ligação com a facção paulista PCC, com atuação em Sobral, na Região Norte do Ceará. Sete réus foram condenados a um total de 86 anos e 8 meses de prisão, pelos crimes de integrar organização criminosa, tráfico de drogas e associação para o tráfico - conforme a participação individual.

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A Polícia Civil do Ceará (PCCE) chegou ao grupo criminoso em uma investigação da disputa por território, em Sobral, entre as facções Primeiro Comando da Capital e Comando Vermelho. "Estas facções são responsáveis pela maioria das mortes na cidade e região circunvizinha por conta da disputa por territórios e poder", aponta a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE).

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integrantes das duas facções foram identificados na investigação policial. O processo criminal foi desmembrado, e surgiu uma ação penal com 7 réus, que terminaram condenados pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas.

Segundo a sentença, entre os réus condenados, está o casal Francisco Edgleyson Rodrigues de Sousa, conhecido como 'Salomé', e Daiana Sousa Silva, que seria responsável por comandar o tráfico de drogas no bairro Alto da Brasília. Já Gerciany de Lima Marques era estagiária do Fórum de Sobral e teria a função de repassar informações privilegiadas para a organização criminosa. Os outros acusados teriam a função de vender as drogas da facção.

Confira as penas individuais:

  • Daiana Sousa Silva: condenada a 8 anos de prisão, por tráfico de drogas e associação para o tráfico;
  • Fábio Silva Melo: condenado a 10 anos e 6 meses de prisão, por integrar organização criminosa e tráfico de drogas;
  • Francisco de Assis do Nascimento: condenado a 23 anos e 8 meses de prisão, por integrar organização criminosa, tráfico de drogas e associação para o tráfico;
  • Francisco Edgleyson Rodrigues de Sousa: condenado a 9 anos e 4 meses de prisão, por tráfico de drogas e associação para o tráfico; 
  • Gerciany de Lima Marques: condenada a 11 anos e 5 meses de prisão, por integrar organização criminosa e tráfico de drogas;
  • José Wilson da Silva Alves: condenado a 13 anos e 3 meses de prisão, por integrar organização criminosa e tráfico de drogas;
  • Yuri da Costa Albuquerque: condenado a 10 anos e 6 meses de prisão, por integrar organização criminosa e tráfico de drogas.

As defesas de Fábio Melo e Gerciany Marques já ingressaram com apelação na Justiça Estadual para recorrer da decisão condenatória. Os réus negam participação na organização criminosa.

Tráfico de drogas em Fortaleza

Uma quadrilha ligada à facção carioca Comando Vermelho também foi condenada à prisão pela Justiça Estadual. Cinco réus foram sentenciados a uma pena total de 70 anos e 1 mês de reclusão, por cometerem os crimes de integrar organização criminosa, tráfico de drogas e associação para o tráfico. Outros três acusados foram absolvidos.

Conforme a sentença da Vara de Delitos de Organizações Criminosas, a Delegacia de Narcóticos (Denarc) chegou ao grupo criminoso após a prisão de um integrante da facção, com 20 kg de maconha, uma pistola, munições e coletes balísticos, em abril de 2021.

A extração de dados do aparelho celular do suspeito levou os investigadores a uma teia criminosa, que negociava drogas e tinha ligações com o casal Francisca Valeska Pereira Monteiro, a 'Majestade' (presa e já condenada pela Justiça), e João Vitor dos Santos, o 'Adidas' (foragido) - líderes do CV em Fortaleza.

Confira as penas individuais:

  • Caio Italo Almeida da Silva: condenado a 9 anos e 6 meses de prisão, por integrar organização criminosa;
  • Glicério Vieira França Junior: condenado a 19 anos e 3 meses de prisão, por integrar organização criminosa, tráfico de drogas e associação para o tráfico;
  • José Wesley Maciel de Souza: condenado a 9 anos e 6 meses de prisão, por integrar organização criminosa;
  • Pedro Henrique Martins Viana condenado a 22 anos e 4 meses de prisão, por integrar organização criminosa, tráfico de drogas e associação para o tráfico;
  • Romulo Marques dos Santos: condenado a 9 anos e 6 meses de prisão, por integrar organização criminosa.

As defesas de Caio Italo, Glicério Junior e Rômulo dos Santos já ingressaram com apelação na Justiça Estadual para recorrer da decisão condenatória. Os réus negam participação no organização criminosa.

Ataque criminoso a ônibus

Três acusados de integrar a facção cearense Guardiões do Estado e de atear fogo em um ônibus foram condenados pela Justiça Estadual a uma pena somada de 33 anos de prisão. O crime teria acontecido no Município de Piquet Carneiro, no Sertão Central do Ceará, no dia 4 de janeiro de 2019.

De acordo com a sentença judicial, os réus "atearam fogo em um ônibus, expondo a perigo o patrimônio de outrem, cumprindo ordens emanadas pelo líder de uma das principais facções criminosas atuantes no Estado do Ceará, Guardiões do Estado (GDE)".

O Estado do Ceará sofreu com uma série de ataques a bens públicos e privados, naquele mês. "Segundo repassado, tais ataques seriam decorrentes de determinação da organização criminosa Guardiões do Estado, motivada pela nomeação do novo Secretário de Administração Penitenciária e pela determinação proibitiva relacionada ao uso de aparelhos telefônicos nas unidades penitenciárias cearenses", narra a denúncia do MPCE.

Confira as penas individuais:

  • Antonio Vagne Mendes da Silva: condenado a 9 anos e 4 meses de prisão, por integrar organização criminosa e incêndio;
  • Arnor da Silva Inácio: condenado a 9 anos e 4 meses de prisão, por integrar organização criminosa e incêndio, mas foi absolvido das acusações de tráfico de drogas e associação para o tráfico;
  • Roni Vitor Lima Silva: condenado a 14 anos e 4 meses de prisão, por integrar organização criminosa, tráfico de drogas e incêndio, mas foi absolvido da acusação de associação para o tráfico.
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