'Mexicana' acusada de chefiar facção e ordenar mortes de irmãs em Fortaleza deve continuar presa

Os corpos das vítimas foram encontrados às margens do Rio Maranguapinho, com marcas de disparos de arma de fogo, em agosto deste ano

Escrito por
Emanoela Campelo de Melo emanoela.campelo@svm.com.br
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Legenda: Há audiência agendada para acontecer na próxima segunda-feira (4) O processo principal acerca do duplo homicídio segue em segredo de Justiça.
Foto: Natinho Rodrigues

A Justiça decidiu negar o pedido de revogação e relaxamento da prisão da mulher acusada de ordenar os assassinatos de duas irmãs, em Fortaleza. Conforme decisão proferida na 3ª Vara do Júri, Karla Karoline Santos de Andrade, conhecida dentro do grupo criminoso como 'Mexicana', deve permanecer presa pelos crimes de homicídio qualificado, corrupção de menores, cárcere privado e organização criminosa com uso de arma de fogo. 

A decisão foi publicada no Diário da Justiça Eletrônico (DJE) dessa terça-feira (29). O Diário do Nordeste apurou que Karla é acusada de ser integrante da facção criminosa Comando Vermelho (CV). Conforme denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), a qual a reportagem teve acesso, a denunciada é apontada como uma das chefes do Comando Vermelho na região do crime". A reportagem não localizou a defesa de Karla, mas o espaço segue aberto para manifestações.

Ela teria ordenado as mortes das irmãs Letícia dos Santos Raiol, 15, e Fabíola dos Santos da Costa, 27, de acordo com a acusação, por acreditar porque as vítimas "faziam 'programas' com homens em vários bairros, elas estariam sendo 'leva e traz de outras facções'.

Os corpos das vítimas foram encontrados às margens do Rio Maranguapinho, com marcas de disparos de arma de fogo, em agosto deste ano. A acusada negou ter cometido o crime, conhecer as vítimas e os demais acusados. A reportagem apurou que ela já estava sob monitoramento eletrônico na data do duplo homicídio.

Há audiência agendada para acontecer na próxima segunda-feira (4) O processo principal sobre o duplo homicídio segue em segredo de Justiça.

O MP se manifestou contra a soltura da acusada, por entender que "são insuficientes quaisquer outras medidas cautelares de natureza diversa em razão de as circunstâncias dos crimes em apuração demonstrarem que estando os réus em liberdade continuarão exercendo suas atividades junto à organização criminosa, inclusive praticando delitos em favor desta".

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COMO O CRIME ACONTECEU

Também foram acusados pelo duplo homicídio das irmãs: Hermeson da Costa Nascimento, o 'Zé Boquinha'; Ismael Oliveira Martins de Sousa, o 'Lorim'; e Denis Cauã Santos de Sousa.

O grupo, ainda acompanhado de uma adolescente e demais adultos não identificados, teriam participado da dupla execução. As irmãs foram alvejadas na cabeça.

De acordo com a acusação, as vítimas foram abordadas de madrugada por Hermeson, Ismael, Denis e uma adolescente. "Após serem abordadas, as vítimas foram conduzidas à força até as margens do Rio Maranguapinho. Nesse local as vítimas foram privadas de sua liberdade até que se juntou ao grupo a ré Karla Karoline, vulgo Mexicana, esta, apontada como uma das chefes/'frente' do Comando Vermelho na região do crime".

"Enquanto permaneceram privadas de sua liberdade as vítimas tiveram seus aparelhos celulares analisados pelo grupo, especialmente pela ré Karla, após o que esta determinou que as vítimas fossem executadas"
Trecho da denúncia do MP

"Segundo informado nos autos, os suspeitos Hermeson, Karla Karoline e Ismael estavam sob monitoramento eletrônico no dia dos fatos, de modo que se apresenta relevante para a investigação a obtenção dos dados do monitoramento. Tais informações se mostram relevantes para se verificar em que momentos esses suspeitos estiveram no local do crime, se eventualmente transitaram juntos, bem como para confirmar a dinâmica descrita pela testemunha, no sentido de que as vítimas teriam sido abordadas, tiveram os celulares analisados e 'Karol disse que esperasse ela chegar porque Karol queria ver os celulares".
Trecho do inquérito

'Mexicana' foi presa em agosto deste ano. A investigada já tinha sido detida em outro momento, quando, em 2022, a Delegacia de Combate às Ações Criminosas Organizadas (Draco) buscava capturar integrantes do Comando Vermelho.

O nome de Karla consta ainda ligado ao de Leonardo Saraiva da Cunha, o 'Tommy Lacoste', denunciado em outro processo por exercer liderança no CV, na região do Autran Nunes.

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