Turismo rural é opção para as férias no Sertão cearense
Hoje, o foco no Ceará não está mais concentrado somente no sol e praia. O turismo rural tem crescido
Quixadá. O turismo rural é uma ótima opção para quem quer aproveitar as férias longe das grandes áreas urbanas, respirar ar puro, ouvir os pássaros e ver os animais no campo. Essa alternativa está disponível no Interior do Ceará. As férias escolares deste meio de ano são o momento ideal para aproveitar esses equipamentos, recomendam os hoteleiros. Além de poder reunir toda a família, o período coincide com o fim das chuvas. A flora ainda está exuberante e os açudes com água.
Esse é o exemplo da Fazenda Sossego Hotel, em Morada Nova. Além do convívio com a natureza, o visitante pode trocar a piscina pelo Açude Ollho D'água. A propriedade rural foi transformada em resort, com apartamentos e chalés confortáveis. Um parque aquático com toboágua, inaugurado recentemente, completa as opções. Quem gosta de aventura pode descer do hotel ao lago de tirolesa. A proposta é associar o sossego para os mais velhos e muita diversão para os jovens. Localizado na CE-138, a pouco mais de 20Km do Centro da cidade, de Fortaleza ao local, são 150Km.
Outros atrativos
Hoje, o foco no Ceará não está mais concentrado somente no sol e praia. O turismo rural cresceu nos últimos anos, a ponto de formar uma cadeia com mais de 20 equipamentos de hospedagem, espalhados por todo o Estado. A Sossego é um deles.
Todavia, os visitantes precisam ter em mente diferenças cruciais. Os hotéis-fazenda oferecem como principal atrativo o repouso e o contato com a natureza. Neles, os hospedes convivem com o dia a dia da propriedade rural, explica o coordenador de Desenvolvimento dos Destinos e Produtos Turísticos da Secretaria de Turismo do Ceará (Setur), Valdo Mesquita.
A presidente da Associação Cearense de Turismo no Espaço Rural e Natural (Aceter), Fabiana Ribeiro, aponta o Ceará como potencial neste segmento de lazer. Uma das vantagens em relação a outros estados está nas opções serras e sertões. A Aceter conta com 21 hotéis-fazenda - como determina o Ministério do Turismo a denominação desses estabelecimentos - credenciados, todavia, o número de atrativos é bem maior, e com opções diversificadas, da aventura ao ecoturismo. As diárias variam de R$ 150 a R$ 300.
Apesar de as praias do Ceará ainda serem o atrativo turístico mais divulgado e vendido no Estado, a extensão do Interior é imensamente maior em relação aos 573Km de litoral. Outra vantagem está nas opções. Enquanto na orla, o banho e as barracas são as principais alternativas, no campo, as crianças, acostumadas ao cotidiano urbano, podem conhecer galinhas caipiras, vacas e outros animais do dia a dia sertanejo. Outra vantagem está no ecoturismo, o lazer de conviver com a natureza.
Uma opção é a Fazenda Hotel Vale do Juá, em Guaiúba, próximo da Capital. São 50 hectares de área preservada para um contato direto dos visitantes com a natureza e o modo de vida rural. A criação de bovinos, equinos, ovinos, búfalos pode ser apreciada pelos hóspedes enquanto os fazendeiros realizam o trabalho.
Ressalta a representante da classe hoteleira rural, ser injusto apontar quais são os melhores, afinal, há opções para todos os gostos, com serviços e preços, em qualquer região do Estado. O difícil será a família interessada obter informações de forma rápida e prática de cada um deles. A Aceter está passando por uma reformulação. O portal virtual da Associação está sendo atualizado. O jeito é procurar as opções nas redes sociais, as indicações dos parentes, dos amigos e agências de turismo.
Nesse aspecto, o Pedra dos Ventos Resort é referência, até internacional. O hotel-fazenda localizado em Quixadá, a 18Km do Centro, no Sertão Central, é muito procurado. Além de preservar as características rurais, com passeios a cavalo, de charrete, pesca no lago ao lado dos patos, garças e outros pássaros que chegam para se banharem, é possível percorrer trilhas por todos os cantos da propriedade. Nesta época do ano, o administrador do resort, Antonio Almeida, recomenda, logo após o despertar com o cocoricó do galo, os passeios pelas trilhas. São dezenas, em 150 hectares de área.
Além do ambiente tipicamente sertanejo, o Pedra dos Ventos é o point para pilotos de voo livre de todo o Planeta. Quem chega para curtir a natureza acaba sendo atraído pelo esporte, decolando da rampa do hotel e pousando na vila do distrito de Juatama, ao lado. A convivência acaba promovendo um intercâmbio com os hospedes estrangeiros. O acolhimento, acompanhado da programação para cada época do ano atrai mais clientes.
"Atualmente, a nossa principal clientela é o próprio cearense. A maioria segue de Fortaleza para destinos não muito distantes, como o Maciço de Baturité. Esses números só não são maiores porque não há divulgação midiática e nem institucional. Como a ocupação ainda é muito tímida, incluindo os períodos de alta estação, como as férias de julho, os empresários não têm recursos para custearem despesas dessa natureza", afirma.
Segundo a Setur, cerca de 440 mil turistas devem visitar o Ceará nesta alta estação de julho. O número é 10,9% maior que o registrado em igual período de 2017, quando o Estado recebeu 396 mil visitantes. A receita direta deve ser de cerca de R$ 1 bilhão, representando um crescimento de 14% em comparação a julho de 2017.
Apesar dos números favoráveis, na avaliação da consultora Fabiana Ribeiro, a maioria dos visitantes nas cidades do Interior é doméstica, de Fortaleza. Como já conhecem as praias, esses clientes buscam novas opções. "Além de o governo não prestigiar e nem promover os empreendimentos rurais, os empresários desse setor ainda não despertaram para a importância do associativismo", ressalta.
Fique por dentro
No Estado, despontam novos destinos
Em setembro de 2017, o Ministério do Turismo (MTur) apresentou estudos sobre o crescimento do turismo no Ceará. No mapa, o Estado cresceu 25% em comparação ao ano anterior. Passou de 59 para 74 cidades com vocação turística, distribuídas em 12 regiões. Foram incluídos 16 destinos. O crescimento dos números é resultado de um amplo trabalho de conscientização junto aos gestores municipais e estaduais a respeito da necessidade de identificação e classificação das cidades para que as políticas públicas e investimentos sejam mais adequados à realidade de cada região. As cidades são divididas por categorias, de A a E. Segundo o novo mapa, 32 municípios estão nas categorias A, B e C, que concentram o fluxo de turistas domésticos e internacionais. Os demais 42 municípios figuram nas categorias D e E. Esses destinos não possuem fluxo turístico nacional e internacional expressivo, no entanto, alguns possuem papel importante no fluxo turístico regional e precisam de apoio para a geração e formalização de empregos e estabelecimentos de hospedagem.