Romaria mais antiga de Juazeiro, celebração de Nossa Senhora das Dores será em formato virtual

Por conta da pandemia da Covid-19, evento acontece sem a presença dos romeiros. Programação ainda será divulgada

Escrito por Antonio Rodrigues , regiao@svm.com.br
Legenda: O evento acontece entre 29 de agosto e 15 de setembro e costuma reunir 250 mil pessoas
Foto: Antonio Rodrigues

Após a Romaria de Morte do Padre Cícero, no último mês de julho, “inaugurar” o formato virtual das celebrações no período da pandemia, a Diocese de Crato anunciou que a Romaria de Nossa Senhora das Dores, padroeira de Juazeiro do Norte, seguirá com a mesma configuração. O evento acontece entre 29 de agosto e 15 de setembro e costuma reunir 250 mil pessoas.

A Diocese acredita que este formato resguardará a segurança dos romeiros, devotos e de todos aqueles que participam direta ou indiretamente da festa. O anúncio foi feito pelo pároco da Basílica de Nossa Senhora das Dores, Padre Cícero José da Silva, após conversa com o bispo diocesano de Crato, Dom Gilberto Pastana, no último domingo.

A decisão foi baseada também nas medidas sanitárias adotadas pelo Estado para evitar aglomerações. 

“Nós não podemos ser desobedientes, porque uma das grandes virtudes do Padre Cícero Romão era essa. Então, eu peço àqueles que estão inquietos: tenham a paciência do Padre Cícero e sejam obedientes às orientações de segurança”, disse o sacerdote.  

A programação ainda será divulgada em breve e os romeiros e devotos poderão acompanha-la em casa, por meio das transmissões da TV Web Mãe das Dores. 

Padre Cícero José admitiu que ainda está distante o retorno dos eventos, de forma gradativa ou com presença dos fiéis, mas se isso acontecer será anunciado pela própria Igreja. “Também salvamos várias vidas. E que as nossas casas, as nossas igrejas sejam espaços de contaminação do amor de Deus, não espaço de contaminação de um vírus que mata. E não tenhamos medo: Deus está no comando de tudo”, acrescentou. 

Tradição interrompida 

Sem a Romaria de forma presencial, além da procissão no dia 15, que encerra o evento, outras tradições não se repetirão neste ano, como a Procissão dos Carroceiros, que acontece há 49 anos no domingo que antecede a última semana de evento. São mais de 80 carroças, todas ornamentadas, que descem pela Rua São Pedro, principal via comercial da cidade, até a Basílica de Nossa Senhora das Dores. 

Outra importante programação que não se repetirá este ano é a “Procissão dos Transportes dos Romeiros”, que sempre é realizada no dia 14 de setembro. Decorados com flores, fitas, adesivos, balões ou bandeiras, este percurso reúne ônibus, carros, caminhões e camionetas que desfilam pela cidade. No trajeto, milhares de juazeirenses saúdam os romeiros que passam. Em troca, os visitantes arremessam de seus veículos balas, pirulitos, pipocas e outras guloseimas para a população. 

História

A Romaria de Nossa Senhora das Dores é a mais antiga de Juazeiro do Norte, criada para ‘driblar’ as peregrinações que continuavam chegando no povoado para ver a beata Maria de Araújo, protagonista do “Milagre da Hóstia”, quando a hóstia supostamente se transformou em sangue em sua boca, durante comunhão celebrada pelo Padre Cícero.  

Maria de Araújo foi condenada pela Igreja a viver reclusa em 1894, mas os fiéis continuavam indo até Juazeiro do Norte para vê-la. Para despistar, o Padre Cícero criou a romaria em torno da padroeira. 

“Ele precisava de uma desculpa. Então admitia que as romarias acontecem, mas não eram de sua responsabilidade. Dizia que os romeiros vinham por causa da padroeira”, explica a historiadora Edianne Nobre.  

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