Mártir representa a liberdade feminina
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Redação
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O relato se baseia na oralidade. Em 1929, uma mulher chamada Isabel, com o marido e um filho, planejava subir a ladeira de Reriutaba a Guaraciaba do Norte (então Campo Grande), em busca de uma vida melhor. Antes da subida panorâmica, de onde da serra se vê o sertão se distanciando, Isabel, que tinha longos cabelos, resolveu cortá-los. O marido não queria que ela se desfizesse de suas madeixas.
Isabel o desobedeceu e a tesoura foi um símbolo da insubmissão feminina, uma forma de revolta simbólica. “Foi a tesoura do desejo/desejo mesmo de mudar”, cantaria Alceu Valença, muito depois, sem saber do que se passou ali. O marido não gostou, mas não disse nada. Quando já chegavam a Guaraciaba do Norte, a matou com muitas facadas.
O corpo foi jogado do despenhadeiro. O menino que ia no caçuá da montaria, assistiu a tudo. Os moradores da vizinhança se alarmaram com os gritos e encontraram o corpo entre as pedras.
No local onde ela foi morta foi erguido um cruzeiro e depois uma capela foi construída, por iniciativa de uma universidade estadual. A capela não tem portas. Nos nichos do altar se abrigam cachorros. O vento frio da serra leva essas histórias que se perderam no tempo. Para ela, redigiram uma oração, afixada numa das paredes do templo.
Diz a comunidade que o criminoso foi preso, cumpriu pena em regime semi-aberto, trabalhando de dia nas fazendas da Ibiapaba e que um dia sumiu. Do filho, nada se sabe. De Isabel, que tinha cabelos longos e ousou desafiar o machismo ainda mais forte naquele tempo, virou mártir. Santa, melhor dizendo. Uma santa feminista antes do tempo.
Isabel o desobedeceu e a tesoura foi um símbolo da insubmissão feminina, uma forma de revolta simbólica. “Foi a tesoura do desejo/desejo mesmo de mudar”, cantaria Alceu Valença, muito depois, sem saber do que se passou ali. O marido não gostou, mas não disse nada. Quando já chegavam a Guaraciaba do Norte, a matou com muitas facadas.
O corpo foi jogado do despenhadeiro. O menino que ia no caçuá da montaria, assistiu a tudo. Os moradores da vizinhança se alarmaram com os gritos e encontraram o corpo entre as pedras.
No local onde ela foi morta foi erguido um cruzeiro e depois uma capela foi construída, por iniciativa de uma universidade estadual. A capela não tem portas. Nos nichos do altar se abrigam cachorros. O vento frio da serra leva essas histórias que se perderam no tempo. Para ela, redigiram uma oração, afixada numa das paredes do templo.
Diz a comunidade que o criminoso foi preso, cumpriu pena em regime semi-aberto, trabalhando de dia nas fazendas da Ibiapaba e que um dia sumiu. Do filho, nada se sabe. De Isabel, que tinha cabelos longos e ousou desafiar o machismo ainda mais forte naquele tempo, virou mártir. Santa, melhor dizendo. Uma santa feminista antes do tempo.