Um hectare de terra no Ceará custa R$ 2.092
Na região nordestina são três os Estados que têm terras mais baratas que o Ceará: Maranhão, Paraíba e Piauí
Iguatu. Quanto custa um hectare de terra no Ceará? Esse preço apresenta variação entre os municípios, mas o Estado possui o nono menor preço médio no Brasil e o quarto no Nordeste. Os dados são da pesquisa realizada pela empresa de consultoria Informa Economics FNP. Um ciclo de cinco anos de seca, perda de capital entre os produtores, inviabilidade dos negócios rurais e crise econômica interferem nos valores de mercado e de venda de terra no sertão cearense.
Segundo a pesquisa mais recente, quem quiser comprar um terreno de um hectare no Estado terá de desembolsar em média R$ 2.092. No Nordeste são três os Estados que têm terras mais baratas que o Ceará: Maranhão, Paraíba e Piauí. As áreas rurais piauienses são as de menor preço médio, R$ 1.167 por hectare. Em relação ao Ceará, no âmbito nacional, os Estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará e Roraima também possuem menor valor médio. As terras mais baratas do País são as amazonenses: média de R$ 356/ha. O investimento em terras foi o de segunda maior rentabilidade em todo o País, ainda segundo a Informa Economics FNP. Com crescimento de 16,4%, entre março de 2011 e abril de 2012, ficou atrás apenas do investimento em sacas de soja, que rendeu 24%, em média, ao investidor.
O diretor técnico do Instituto de Desenvolvimento Agrário do Ceará (Idace), Paulo Henrique Lobo, explicou que o preço de terra varia por região e ainda há de se levar em conta qualidade do solo, benfeitorias, acesso e infraestrutura de energia, água e estradas. "Cada imóvel é uma realidade levando em conta esses variantes e fatores", disse.
Outros órgãos estaduais e federais têm tabelas e conceitos de avaliação que são diferentes para desapropriação de imóveis. Um exemplo recente ocorreu quando da implantação da Ferrovia Transnordestina, no trecho entre Missão Velha e Acopiara, nas regiões Sul e Centro-Sul do Ceará, gerando reclamações entre os proprietários, insatisfeitos com os valores pagos.
Seca e crise
O diretor do Idace, Paulo Lobo, disse que os últimos cinco anos de seca e a crise econômica que o País atravessa resultam na queda dos negócios e redução de preço das propriedades. "Com certeza há influência no mercado", frisou. O órgão trabalha com desapropriação de áreas para implantação do Programa Nacional de Crédito Fundiário, conhecido por Reforma Agrária Solidária, com financiamento do Banco do Nordeste (BNB) e Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA).
Segundo as informações do levantamento realizado nas propriedades avaliadas pelo Idace entre 2012 e 2015, para o Programa Nacional de Crédito Fundiário, as regiões com maiores demandas foram Sertão Central, Cariri e Litoral. A tabela mostra que Tamboril (R$89,74), Pires Ferreira e Crateús (R$92,21), (R$ 101,07) e Ipu (R$ 109,01) são os municípios que apresentam o menor valor médio por hectare levando em conta a terra nua. Na outra ponta, os cinco municípios que apresentam o maior valor médio do hectare são: Missão Velha (R$ 766), Crato (R$ 670), Brejo Santo (R$ 560), Caucaia (540) e Acarape (R$ 408). Os dados revelam variação nos municípios, pois o programa leva em consideração a qualidade do solo e outros fatores n a propriedade. Um exemplo vem do Crato, cujos valores pagos pelo hectare variam entre R$ 280 e R$ 670.
O economista da escritório da Empresa e Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), em Iguatu, Antônio Pereira, observa que, em julho de 2015, houve uma negociação de uma propriedade no sítio Cachoeira do Sifrônio, em Saboeiro. O proprietário apresentou uma proposta de venda da área de 114 hectares por R$ 200 mil, mas, no fim, o imóvel foi adquirido por R$ 180 mil.
"Há casos em que ocorre o contrário, mas essa variação leva em conta qualidade da terra, acessos e benfeitorias. No momento que atravessamos de crise econômicas, as terras estão desvalorizadas e praticamente não há negócios de compra e venda", disse Pereira.