Iguatu e Sobral registram 28 incêndios em apenas 3 dias; número preocupa autoridades

As queimadas, que tendem a crescer no segundo semestre do ano, além de afetarem fauna e flora, demanda muita água. O recurso hídrico, no Ceará, é diminuto após a quadra chuvosa

Escrito por Honório Barbosa , regiao@svm.com.br
Legenda: Em Iguatu, o último incêndio foi controlado no início da madrugada desta terça-feira (4)
Foto: Wandenberg Belem

Pelo menos 28 incêndios registrados em apenas três dias nos municípios de Sobral, na região Norte, e em Iguatu, no Centro-Sul cearense, dão o tom da preocupação do Corpo de Bombeiros para a temporada de queimadas que se inicia no segundo semestre do ano. Além de afetar sobremaeira fauna e flora, os incêndios demandam muita água para serem controlado. 

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Em Iguatu, foram oito neste começo de agosto. Um deles levou mais de 12 horas para ser controlado. O balanço foi divulgado pelo coronel Nijair Araújo, comandante do 4º Batalhão do Corpo de Bombeiros Militares, que mostrou preocupação com a continuidade das queimadas, classificadas, nestes casos, como incêndios criminosos.

“Às 22 horas de ontem (3) fizemos a oitava ocorrência de combate a focos de incêndio em vegetação, todas de médio para grande porte, com excessivo desgaste físico. Ficará difícil manter essa batida até dezembro”, alerta.

Ele destaca que, embora o pico de ocorrências de queimadas ocorra a partir de setembro, "neste ano os focos começaram bem mais cedo e de forma intensa". "Sem o apoio da população, sem a consciência coletiva, fica difícil para que possamos valer a legislação penal”, frisou. A guarnição de Iguatu é a única para atender a 19 cidades da região.

Forte impacto

Na região de Sobral, nos últimos três dias, foram registrados 20 incêndios. A exemplo de Iguatu, todos em vegetação. A unidade do Município usou 30 mil litros de água para debelar os focos. “Posso garantir que 99,9% decorrem da ação humana, isto é, foram criminosos”, observou o subcomandante da 1ª Companhia do 3º Batalhão de Bombeiros Militares, em Sobral, major Mardens Vasconcelos.

“De agora em diante, a situação tende a piorar, aumentando em setembro e chegando ao pico em novembro”.

Em julho passado, o Quartel dos Bombeiros de Sobral registrou 90 ações de combate a focos de incêndio em vegetação de pequenos e médios portes. A maioria, segundo levantamento da unidade, ocorreu no Município sede, e outros nas cidades de Massapê e Santana do Acaraú.

Legenda: São 28 registros em apenas três dias nas cidades de Sobral e Iguatu
Foto: Wandenberg Belem

“Além do prejuízo à saúde, há risco de acidentes por causa da fumaça”, ressalta o major Mardens Vasconcelos. “Esse fogo pode fugir do controle e chegar próximo às casas”, acrescenta. 

A unidade atende a 23 municípios da região Norte e dispõe de uma guarnição de combate a incêndios, mas a partir de outubro deve receber um reforço, com uma equipe extra que ser reveza com a equipe de plantão.

Nesse período de pandemia, a fumaça provocada pelas queimadas muitas vezes no entorno de casas, prejudica a saúde de crianças e idosos, e principalmente de pessoas alérgicas e que sofrem regularmente com crises respiratórias.

A Associação Brasileira de Alergia e Imunologia alerta para as crises de asmas, rinites e outras infecções que são agravadas por causa da inalação de fumaça. “É preciso evitar a exposição a poeiras e fumaça”, pontua a médica, Luciana Rolim.

“Nesse contexto de pandemia do novo coronavírus, os cuidados devem ser redobrados para se evitar crises agudas”.

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