Julho tem maior número de focos de incêndio desde 2016; Sobral registra oito queimadas em 24h

Com 52 focos de incêndio, julho deste ano soma o maior número de focos de incêndio para o período desde 2016 (106)

Escrito por Rodrigo Rodrigues , rodrigo.rodrigues@svm.com.br
Legenda: O município registrou oito ocorrências em 24 horas. No segundo semestre, o número de ocorrências aumentam.
Foto: Major Mardens

O segundo semestre do ano no Ceará é marcado pela ocorrência de incêndios florestais e queimadas. Só em julho deste ano, já foram registrados 52 focos de incêndio, acima da média histórica (40). Este é o maior número para o intervalo desde 2016, quando foram contabilizados 106 focos, no mesmo período. Em todo o ano de 2020, foram 171 somados focos, segundo o Mapa de Queimadas, do  Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). 

Mais de 90% ocorre no segundo semestre. Para ter ideia, em um intervalo de 24 horas, nesta quinta-feira (31), oito incêndios em vegetação foram registrados no município de Sobral, região Norte do Estado. A 1ª Companhia do 3º Batalhão de Bombeiro Militar, quartel do Município, foi acionada para debelar as chamas. Ao todo, foram necessários 16 mil litros de água, além de abafadores, pás enxadas, e bombas costais para solucionar as ocorrências.

Felizmente, ninguém ficou ferido. Segundo o TC Nijair Araújo Pinto, do 4º Batalhão dos Bombeiros, o interior do Estado é mais propenso às ocorrências de incêndios florestais. 

No último ano, os municípios de Iguatu, Sobral, Crateús, Juazeiro do Norte e Crato - nesta ordem, lideraram o ranking de registros. Cerca de 92% dos casos aconteceu no segundo semestre do ano. “Normalmente, acontecem por conta de uma ação criminosa, causada pelo homem. Enquanto não houver uma punição, a situação vai permanecer assim. E a gente só consegue investigar se houver a denúncia”, ressalta Nijair.

Focos de incêndio em julho (Inpe):

  • 2020: 52;
  • 2019: 18;
  • 2018: 29;
  • 2017: 15;
  • 2016: 106;
  • 2015: 23.
  • Máxima: 147 | Média: 40 | Mínima: 8

Nesta sexta-feira (31), uma outra ação já foi requisitada no município de Sobral por conta de incêndios.

Nesta semana, o município de Iguatu também teve registros, assim como Orós e Quixelô. “Em Iguatu, nos últimos três, os incêndios foram enormes. Levou de três a quatro horas para debelar as chamas. Normalmente, é ação criminosa. Em Quixelô, dois rapazes colocaram fogo tentando exterminar abelhas. Em Orós, um rapaz ateou fogo em uma árvore. Mas, não há denúncia formal. É a maior dificuldade que a gente tem hoje”, pontua o comandante.

Média de incêndios por dia:

  • Sobral: 5 por dia;
  • Juazeiro do Norte: 5 por dia;
  • Iguatu: 3 por dia;

Punição

Segundo o Código Florestal, quem for pego realizando queimadas de forma irregular, sem autorização dos órgãos ambientais competentes, está sujeito à multa de Mil reais por hectare atingido. A pessoa também poderá ficar entre 2 a 4 anos recluso. No segundo semestre do ano, a menor ocorrência de chuvas, baixa umidade do ar e ventos fortes propiciam a ocorrência de incêndios florestais no Estado. 

Legenda: Foram necessários 16 mil litros de água, além de abafadores, pás enxadas, e bombas costais para solucionar as ocorrências.
Foto: Major Mardens

Mesmo com a quadra chuvosa acima da média histórica, neste ano, a situação preocupa. O Estado chegou a decretar, pela primeira vez na histórica, emergência ambiental visando o combate a incêndios florestais, principalmente em unidades de conservação. O decreto é utilizado, normalmente, em cenários de estiagem, de escassez hídrica. Com a medida, a captação de recursos fica facilitada

“Como choveu mais neste ano e a vegetação cresceu, com a mata mais densa, tememos que os focos sejam mais intensos, com maior extensão e com uma carga de incêndio maior”, destaca Nijair.

Prevenção (Fonte: Major Mardens, Comandante do Comando de Engenharia de Prevenção de Incêndio de Sobral): 

  • Não jogar resto de cigarro ainda aceso ou qualquer outra fonte de calor em locais onde haja vegetação; 
  • Não jogar lixo pela janela do carro. Este material poderá servir de alimento para o fogo;
  • Fogueiras de acampamento devem ser feita em locais onde não haja vegetação. É preciso observar o sentido do vento para que as centelhas do fogo ou fumaça não iniciem um possível incêndio florestal;
  • Não soltar balão, maiores causadores de queimadas; 
  • Nunca usar fogo para queima de lixo ou para a limpeza de plantação;

Segundo o comandante Major Mardens, em locais próximos a estradas e torres de transmissão, é recomendado fazer um um aceiro (limpeza de um terreno em volta de propriedades, matas e coivaras, para impedir propagação de incêndios). Isso evita que possíveis incêndios ganhem maiores proporções.

Em caso de denúncias, entrar em contato pelo 193.

Legenda: O interior do Estado é mais propenso às ocorrências de incêndios florestais. Em 2019, o maior número de registros aconteceu em Iguatu, Sobral, Crateús, Juazeiro do Norte e Crato .
Foto: Major Mardens

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