Ferrovia Sul será desativada até o fim de julho no Interior
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Redação
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A estação de trem e terminal de cargas na cidade de Iguatu ainda mantêm uma movimentação parcial
Iguatu. A ferrovia Sul, que liga Fortaleza à região do Cariri cearense, está em processo de desativação. Até o fim de julho próximo deve ser suspenso o tráfego de trens. Implantada no Império, a partir de 1871, a então Estrada de Ferro de Baturité e seu prolongamento, hoje privatizada, assiste agora a seus últimos dias de funcionamento. A decisão foi tomada pela empresa Logística Transnordestina S.A. que administra a ferrovia e confirmou a suspensão das atividades do ramal sul que tem extensão de 600km.
Em Iguatu, poucos funcionários ainda trabalham na estação de trem FOTO: HONÓRIO BARBOSA
A estação de trem da cidade de Iguatu, inaugurada em 1910, na região Centro-Sul, e a unidade de carga ao lado do terminal da Petrobras, no bairro Muriti, na cidade de Crato, ainda mantêm funcionamento parcial com alguns servidores administrativos da empresa ferroviária. Com o fim das atividades, encerra-se um período histórico de mais de 100 anos de transporte de carga que resultou no crescimento de várias cidades do Interior do Ceará. O trem de passageiros foi desativado na linha sul em 1988. Foram os ingleses que constru íram a linha sul, que chegou ao Crato em 1926.
A empresa Logística Transnordestina não forneceu uma data exata de suspensão das atividades. Em nota, informou que a malha da Transnordestina substituirá a ferrovia atual no ramal Sul, e que por esta razão, e em função das interferências necessárias para a construção da nova ferrovia, o transporte de produtos encontra-se temporariamente suspenso nesse trecho.
Em decorrência dessa decisão, é provável que o trem que irá transportar o milho doado pelo governo federal para o governo do Estado a fim de ser comercializado para os produtores rurais no Interior, deverá ser o último a percorrer os trilhos centenários. Há também previsão de que uma composição siga de Fortaleza até Arrojado, no município de Cedro, e de lá para a Paraíba, onde irá receber uma carga de minério de ferro, com destino ao Porto de Suape em Recife. Depois, o transporte ferroviário de carga pela linha Sul será desativado.
Perplexo
"Ao saber dessa informação, fiquei perplexo, pois, quando houve a privatização da ferrovia, havia o compromisso do governo e da empresa que recebeu a concessão do serviço de manter o pleno funcionamento", disse o diretor cultural da Associação dos Engenheiros da extinta Rede Ferroviária Federal, Hamilton Pereira. "O governo entregou a linha recuperada, mas não houve a devida manutenção, e agora está abandonada com trechos ruins de tráfego".
A velocidade média de um trem de carga é de 20 km/hora em razão da precariedade da linha e de dormentes estragados, que deixam o ramal inseguro. Nos últimos anos, não houve investimentos na infraestrutura. Por tudo isso, a linha Sul vem registrando um tráfego reduzido. Há dois meses que o mais recente trem fez o transporte de combustível de Fortaleza para o terminal da Petrobras, em Muriti, no Crato. Atualmente, esse serviço é feito por via rodoviária.
O consultor empresarial, especialista em logística, Antonio Oliveira Neto, lamentou a situação de abandono da linha e a falta de investimentos. Observou as vantagens do transporte ferroviário que conduz um maior volume de carga, por um custo reduzido em comparação com o rodoviário. "Os países mais desenvolvidos investiram em infraestrutura ferroviária", disse.
O projeto da ferrovia Transnordestina prevê a ligação com o Porto do Pecém e o Sul do Ceará, onde há entroncamentos para Pernambuco e Piauí. É uma obra moderna com dormentes em concreto e uma largura (bitola) entre trilhos de 1,60m. Na maior parte dos trechos segue paralela à antiga linha Sul, mas em alguns pontos cruza a velha ferrovia, que será demolida e, por isso, precisa ser desativada.
A Transnordestina vai permitir o tráfego de composições com centenas de vagões em velocidade média de 80km/h, transportando maior quantidade de carga e com melhor segurança. "O sistema atual é obsoleto", observa Neto. Em decorrência da desativação da linha Sul, o prefeito de Iguatu, Aderilo Alcântara, disse que vai solicitar do governo do Estado um estudo de viabilidade econômica para implantação de um Veículo Leve sobre Trilho (VLT) interligando o distrito de Suassurana ao distrito de José de Alencar, passando por Iguatu.
No Cariri, o setor empresarial vê a Transnordestina como viável para o transporte de produtos da região para outros Estados do Nordeste e do Brasil. Até 1990, o minério, que era transportado da cidade de Nova Olinda para o Crato e seguia de trem em direção a Fortaleza, sai diretamente do município em transporte rodoviário.
Mais informações:
Transnordestina Logística S.A.
Telefone: (85) 4008. 2751
Associação dos Engenheiros da Rede Ferroviária Federal
Telefone: (85) 3212.1348
HONÓRIO BARBOSA/ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTERES
Iguatu. A ferrovia Sul, que liga Fortaleza à região do Cariri cearense, está em processo de desativação. Até o fim de julho próximo deve ser suspenso o tráfego de trens. Implantada no Império, a partir de 1871, a então Estrada de Ferro de Baturité e seu prolongamento, hoje privatizada, assiste agora a seus últimos dias de funcionamento. A decisão foi tomada pela empresa Logística Transnordestina S.A. que administra a ferrovia e confirmou a suspensão das atividades do ramal sul que tem extensão de 600km.
Em Iguatu, poucos funcionários ainda trabalham na estação de trem FOTO: HONÓRIO BARBOSA
A estação de trem da cidade de Iguatu, inaugurada em 1910, na região Centro-Sul, e a unidade de carga ao lado do terminal da Petrobras, no bairro Muriti, na cidade de Crato, ainda mantêm funcionamento parcial com alguns servidores administrativos da empresa ferroviária. Com o fim das atividades, encerra-se um período histórico de mais de 100 anos de transporte de carga que resultou no crescimento de várias cidades do Interior do Ceará. O trem de passageiros foi desativado na linha sul em 1988. Foram os ingleses que constru íram a linha sul, que chegou ao Crato em 1926.
A empresa Logística Transnordestina não forneceu uma data exata de suspensão das atividades. Em nota, informou que a malha da Transnordestina substituirá a ferrovia atual no ramal Sul, e que por esta razão, e em função das interferências necessárias para a construção da nova ferrovia, o transporte de produtos encontra-se temporariamente suspenso nesse trecho.
Em decorrência dessa decisão, é provável que o trem que irá transportar o milho doado pelo governo federal para o governo do Estado a fim de ser comercializado para os produtores rurais no Interior, deverá ser o último a percorrer os trilhos centenários. Há também previsão de que uma composição siga de Fortaleza até Arrojado, no município de Cedro, e de lá para a Paraíba, onde irá receber uma carga de minério de ferro, com destino ao Porto de Suape em Recife. Depois, o transporte ferroviário de carga pela linha Sul será desativado.
Perplexo
"Ao saber dessa informação, fiquei perplexo, pois, quando houve a privatização da ferrovia, havia o compromisso do governo e da empresa que recebeu a concessão do serviço de manter o pleno funcionamento", disse o diretor cultural da Associação dos Engenheiros da extinta Rede Ferroviária Federal, Hamilton Pereira. "O governo entregou a linha recuperada, mas não houve a devida manutenção, e agora está abandonada com trechos ruins de tráfego".
A velocidade média de um trem de carga é de 20 km/hora em razão da precariedade da linha e de dormentes estragados, que deixam o ramal inseguro. Nos últimos anos, não houve investimentos na infraestrutura. Por tudo isso, a linha Sul vem registrando um tráfego reduzido. Há dois meses que o mais recente trem fez o transporte de combustível de Fortaleza para o terminal da Petrobras, em Muriti, no Crato. Atualmente, esse serviço é feito por via rodoviária.
O consultor empresarial, especialista em logística, Antonio Oliveira Neto, lamentou a situação de abandono da linha e a falta de investimentos. Observou as vantagens do transporte ferroviário que conduz um maior volume de carga, por um custo reduzido em comparação com o rodoviário. "Os países mais desenvolvidos investiram em infraestrutura ferroviária", disse.
O projeto da ferrovia Transnordestina prevê a ligação com o Porto do Pecém e o Sul do Ceará, onde há entroncamentos para Pernambuco e Piauí. É uma obra moderna com dormentes em concreto e uma largura (bitola) entre trilhos de 1,60m. Na maior parte dos trechos segue paralela à antiga linha Sul, mas em alguns pontos cruza a velha ferrovia, que será demolida e, por isso, precisa ser desativada.
A Transnordestina vai permitir o tráfego de composições com centenas de vagões em velocidade média de 80km/h, transportando maior quantidade de carga e com melhor segurança. "O sistema atual é obsoleto", observa Neto. Em decorrência da desativação da linha Sul, o prefeito de Iguatu, Aderilo Alcântara, disse que vai solicitar do governo do Estado um estudo de viabilidade econômica para implantação de um Veículo Leve sobre Trilho (VLT) interligando o distrito de Suassurana ao distrito de José de Alencar, passando por Iguatu.
No Cariri, o setor empresarial vê a Transnordestina como viável para o transporte de produtos da região para outros Estados do Nordeste e do Brasil. Até 1990, o minério, que era transportado da cidade de Nova Olinda para o Crato e seguia de trem em direção a Fortaleza, sai diretamente do município em transporte rodoviário.
Mais informações:
Transnordestina Logística S.A.
Telefone: (85) 4008. 2751
Associação dos Engenheiros da Rede Ferroviária Federal
Telefone: (85) 3212.1348
HONÓRIO BARBOSA/ELIZÂNGELA SANTOS
REPÓRTERES