Ciclistas pagam promessa e pedalam por 17 dias do interior do Ceará até Aparecida do Norte
A aventura, na qual percorreram 2.500 quilômetros, foi financiada com o apoio de empresários locais e amigos, alguns conhecidos durante a viagem
Inspirados na ideia de que uma longa caminhada começa com o primeiro passo, dois ciclistas saíram da cidade de Iguatu, na região Centro-Sul do Ceará, percorreram cerca de 2.500 km até chegar ao destino desejado, no interior de São Paulo, e visitar a Basílica de Aparecida do Norte. O objetivo era pagar uma promessa e agradecer à santa, além de renovar preces.
Foram 17 dias e noites de pedaladas, de 30 de julho e 16 de agosto. Francisco Epifânio Chaves, 53, técnico em eletrônica, e Cícero Rodrigues, 44, sacristão, comemoraram o desafio vencido. “Missão cumprida, pagamos a promessa. Chegamos aqui em Aparecida e a alegria é enorme!”, disse em uma rede social Cícero Rodrigues. “Não estamos cansados, mas muito felizes”.
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Já acostumado a realizar percursos superiores a 2.000 Km e ter ido três vezes a São Paulo, Francisco Chaves mantém sentimentos semelhantes. “É como se fosse a primeira vez que venho aqui. É gratificante”.
A aventura da dupla foi iniciada no dia 30 de julho passado. Na capital paulista, os iguatuenses aproveitaram para rever parentes, amigos e conhecer um pouco da cidade.
A dupla pedalou em média 150 km por dia. “O último dia foi mais puxado porque percorremos 205km de Vassouras, no Rio de Janeiro, até Aparecida”, contou Rodrigues.
"Foi a fé"
Mas o que moveu os dois ciclistas? Cícero Rodrigues nos dá a resposta: “Foi a fé”. O devoto de Maria Santíssima, mãe de Jesus, é sacristão na Igreja Matriz de Nossa Senhora das Graças, no bairro Cohab, na periferia de Iguatu.
Para ele, a viagem de bicicleta à cidade de Aparecida do Norte foi a realização de um sonho antigo: “Sempre quis conhecer esse santuário e será uma lembrança para sempre”.
A aventura teve custos financeiros e, sem condições suficientes para arcar com as despesas – alimentação, hospedagem e alguma emergência, o apoio de empresários locais e amigos foi fundamental para a façanha.
“Arriscamos as nossas vidas, percorrendo rodovias movimentadas e, para fazer esse trajeto, é preciso coragem e determinação”, pontuou Francisco Chaves.
“O fator psicológico, a gente consegue ir conduzindo com brincadeiras, ouvindo música e focado no sentido de que temos um objetivo a ser cumprido”, acrescentou.
Incentivos
A dupla contou que enfrentou muitos quilômetros de trecho de subida e regiões desertas, como em Ibó, na Bahia, por exemplo. Os incentivos por meio de mensagens de amigos e parentes nas redes sociais e de pessoas ao longo do percurso davam ânimo e força para enfrentar a cada dia o desafio.
“Houve quem pagasse hospedagem e comida”, contou Chaves. “Amizades foram feitas com motoristas de carretas e com agentes da Polícia Rodoviária Federal ao longo do percurso”.
Em Cândido Sales, no km 900, na Bahia, um empresário de restaurante acolheu a dupla e forneceu refeição e acomodação. “Existem pessoas sensíveis, acolhedoras, que são verdadeiros anjos, protetores que a gente encontra na estrada”, contou Rodrigues. “Os caminhoneiros passavam por nós buzinando, aplaudindo. É gratificante”. O retorno da dupla à cidade de Iguatu será de ônibus.