Ceará registra 89,25% de cobertura vacinal contra a febre aftosa e fica abaixo da meta

O índice estimulado pela União foi de 90%. Por conta da pandemia, a campanha passou por percalços no Ceará

Escrito por Rodrigo Rodrigues , rodrigo.rodrigues@svm.com.br
Legenda: Criadores têm até o próximo dia 17 de maio para atualizar dados cadastrais e sanitários sem pagar multa
Foto: Divulgação/Adagri

O Ceará finalizou a primeira etapa da Campanha Contra a Febre Aftosa com 89,25% do rebanho vacinado, segundo a Agência de Defesa Agropecuária do Ceará (Adagri). Apesar de se aproximar, o percentual está abaixo do valor mínimo estipulado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), de 90%. Isso pode alterar o planejamento do Ceará para se tornar área livre da doença.  

O presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), Antônio Rodrigues de Amorim, aponta que a campanha foi atípica. “Não chegamos nos 90%, o que já vinha acontecendo nos outros anos. Seria importante porque estávamos projetando como sendo a próxima a penúltima campanha. Agora, não está mais claro se isso vai acontecer”.  

“Mesmo agora, após a campanha, que os produtores e agricultores que têm seus animais procurem se regularizar. A vacina faz parte da segurança alimentar para a população cearense. Achamos muito importante que cada produtor se prepare para as etapas seguintes”.  

As próximas campanhas estão programadas para novembro deste ano e junho de 2021, mas não se sabe se este cronograma sofrerá alterações, pondera Amorim. “Estamos vivendo uma situação mais confortável no Ceará, mas temos que estar sempre nos prevenindo”, aponta. “Independente do período da campanha, que nossos criadores tenham consciência da importância de ter os animais vacinados".

Campanha e pandemia 

A campanha era para ter sido realizada em maio, mas, por conta da pandemia, acabou acontecendo entre 1º de junho e 31 de julho, vacinando 2.386.646 bovinos (89,32%) e 1.550 bubalinos (95,92%). Já em relação as 122.801 propriedades rurais, a cobertura foi de 78,78% (96.743). Os produtores também tiveram o prazo de declaração prorrogado até 31 de agosto.

“Inicialmente, as lojas de vacina não estavam abrindo”, destaca Amorim. “Isso tudo fez uma diferença muito grande. Quando iniciamos a vacina, tínhamos a região Norte, principalmente Sobral, em isolamento social rígido, o que dificultou a venda de vacinas. Quando melhorou a situação, o Cariri entrou em situação mais complicada. Assim aconteceu em várias cidades do Ceará”. 

Dos 184 municípios cearenses, apenas sete alcançaram 100% de vacinação e 92 ficaram com índices iguais ou superiores a 90%. Um total de 63 figuraram com percentual igual ou superior a 80%. 

Área livre 

O último registro da doença no Ceará ocorreu em abril de 1997, em Porteiras, no Sul do Estado. Apesar de ser um caso isolado, a fazenda foi interditada e foram adotados outros procedimentos sanitários. 

No País, os últimos casos foram verificados em 2006. Em junho, o Mapa suspendeu a obrigatoriedade de vacinação no Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e em alguns municípios de Amazonas e Mato Grosso. Os locais devem se juntar ao Paraná como zonas livres de febre aftosa, sem vacinação.  A Organização Mundial para Saúde Animal deve reconhecer esses estados como zonas livres em maio de 2021.

No Ceará, se os índices forem alcançados, a última campanha será em maio de 2021.

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