Atores de Iguatu fazem filme sobre a Paixão de Cristo no lugar de espetáculo da Sexta-Feira Santa

A pandemia do coronavírus impede a tradicional apresentação teatral no entorno da antiga estação ferroviária

Escrito por Honório Barbosa , regiao@svm.com.br
Foto: Wandenberg Belém

Superação. Essa é a palavra que exprime o esforço coletivo de atores da cidade de Iguatu, na região Centro-Sul do Ceará, que conseguiram vencer desafios técnicos e de falta de verba para a produção do filme ‘Do princípio ao reino sem fim’, sobre a temática da Paixão de Cristo.

Há dois anos que a pandemia do coronavírus e as medidas restritivas impedem a apresentação da peça teatral a Paixão de Cristo que atraia milhares de pessoas ao entorno da centenária estação ferroviária. Em 2020, o grupo artístico até que tentou transformar a encenação teatral em arte visual, mas a 15 dias para a Semana Santa, os serviços foram suspensos.

“Não tivemos condições mediante a falta de recursos técnicos e humanos”, lembrou o produtor, Bibi Lima. “Neste ano, mantivemos o projeto, reduzimos o elenco de 200 para 80 atores”.

Após três meses de gravações, nesta quarta-feira (31), faltando dois dias para a exibição do filme em redes sociais a partir do meio-dia desta Sexta-Feira, o trabalho foi concluído.

“É uma sensação gratificante, de dever cumprido, uma imensa satisfação, mas não imaginávamos que os desafios seriam tantos”, frisou Bibi Lima. “Faltou verba, o comércio não nos ajudou por causa da crise, mas conseguimos”.

Cenas do filme
Legenda: Cenas do filme "Do princípio ao reino sem fim”, na Cachoeira do Cocobó, em Iguatu
Foto: Wandenberg Belém

Desafios

Em outubro de 2020, um incêndio destruiu completamente um galpão da antiga estação ferroviária onde estavam guardados figurinos, peças e cenário.  

Para a servidora pública municipal, Marconiza Moreno, que acompanhou parte das gravações “é uma emoção imensa poder ver o desempenho, a atuação dos artistas, com todo esforço, apesar de todas as dificuldades enfrentadas”.

O padre José Wallace Neto, cura da catedral de São José, em Iguatu, onde houve locação de seis cenas, os decretos de prevenção à Covid-19 impedem a presença de público à exibição teatral e às celebrações nas igrejas. 

“A pandemia exige de nós um recriar e nos faz o convite a um esforço maior”, analisou. “Esse grupo artístico lutou muito, com garra para anunciar através da arte, a paixão do Senhor, por isso a Igreja apoia essa iniciativa”.

O sacristão Vandeir Fernandes tem experiência em teatro amador no palco, mas participou agora de um novo desafio, integrar o elenco no papel de Caifás, o acusador de Jesus Cristo. “Acredito que deu certo e fiquei muito feliz em participar desse projeto artístico”.

Locações

Além da Igreja Catedral de São José, há cenas rodadas em outros locais da cidade: o morro do Cocobó, jardins, rio Jaguaribe, Cruz de Pedras e fonte do complexo de lazer local.   

Após três meses de gravações, nesta quarta-feira (31), faltando dois dias para a exibição do filme em redes sociais a partir do meio-dia desta Sexta-Feira, o trabalho foi concluído.
Legenda: Após três meses de gravações, nesta quarta-feira (31), faltando dois dias para a exibição do filme em redes sociais a partir do meio-dia desta Sexta-Feira, o trabalho foi concluído.
Foto: Wandenberg Belém

A história da Paixão de Cristo é conhecida por todos, mas a cada ano e a cada exibição de espetáculo, a encenação emociona público e atores. “Fiquei arrepiada, muito emocionada com a cena da cura do cego”, disse a atriz amadora, Adriana Vitoriano (Drica) do grupo Guardiães do Teatro. “A gente sente a história, é muito forte, comovente”.

O decorador Marquinhos Santos pontuou que “tudo deu certo e os expectadores terão uma surpresa gratificante”. As cenas foram gravadas em locais abertos que servem de cenários para o filme.

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