Aplicativos locais viram alternativa de transporte no interior

Para atender a alta demanda, três apps locais foram desenvolvidos nas Regiões do Cariri, Centro-Sul e Sertão Central. Hoje, as plataformas dividem espaço com as já tradicionais Uber e 99

Escrito por Antonio Rodrigues/Honório Barbosa/Alex Pimentel , regiao@svm.com.br
Legenda: Diante da alta taxa de desemprego no interior, os apps de transporte surgem como alternativa de renda
Foto: Foto: JL ROSA

Seja por falta de emprego, para ter uma renda extra ou atender à carência de transporte público de algumas cidades, há dois anos, o serviço de mobilidade urbana por aplicativo (app) de celular tem se ampliado no interior do Estado. A oferta do serviço começou com a empresa multinacional norte-americana Uber, quando disponibilizou o app nas cidades de Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha. Porém, diante da crescente demanda e de olho em melhores rendimentos - uma vez que as taxas das tradicionais Uber e 99 são consideradas altas, pelos motoristas - novas plataformas foram desenvolvidas em importantes cidades do Sertão Central e o Centro-Sul.

Com aproximadamente 460 mil habitantes, as três cidades do chamado triângulo Crajubar - Crato, Juazeiro do Norte e Barbalha - contam com transporte público municipal e intermunicipal. Porém, as rotas, muitas vezes, não atendem a todos os bairros e a demora entre um veículo e outro faz com que muitas pessoas optem por serviços alternativos, preponderantemente mais ágeis.

Atendendo a esta demanda, seis amigos criaram Cooperativa dos Motoristas por Aplicativos do Bora (Coopmab), cujo intuito era lançar um produto regional específico, com melhores taxas para motoristas e clientes. Inicialmente, cerca de 100 motoristas se cadastraram na ferramenta batizada de "Bora Cariri". Hoje, este número triplicou e ainda há uma fila de espera com mil novos profissionais procurando ingressar no serviço.

O coordenador de marketing do "Bora Cariri", José Neto, avalia que a marca hoje já possui 25% deste mercado no Crajubar, ainda dominado pela Uber. A região também conta com a empresa paulista 99. Em muitos casos, os motoristas acabam atuando em mais de uma delas. José acredita que o "Bora" tem como diferencial o preço, que é mais barato do que o praticado pela Uber e 99.

"O passageiro paga menos e o motorista ganha mais", ressalta Neto. Outro benefício é a parceria com empresas locais que beneficiam os profissionais com descontos em insumos para seu trabalho, em troca de um fluxo maior em seus estabelecimentos. Com isso, o aplicativo chega a uma média de 8 mil corridas semanais. Número expressivo diante do pouco tempo de atividade.

Oportunidade

Adriana Gomes, uma das primeiras mulheres a realizar o serviço no Cariri, optou por trabalhar no "Bora" há nove meses, depois de trabalhar por 17 anos como representante comercial e mais três, em sua loja física. "Foi um renascimento. Não estava rendendo e ir para o aplicativo mudou minha vida. A gente vai se adequando a cada situação. Temos parceiros, passamos por capacitações. Agora, voltei a fazer amizades, conhecer pessoas. Eu faço o que amo", resume.

Vendedor lojista por muitos anos, Zilvanio Gomes abandonou o calor do comércio de Juazeiro do Norte para trabalhar como motorista de aplicativo. "As vendas não estavam boas e resolvi fazer minha inscrição. Já gostava de dirigir, então, juntei o útil ao agradável", ressalta. Hoje, ele trabalha por cerca de 10 a 12 horas para ter a renda que considera "razoável, que dá pra se manter". Seu descanso acontece em um dia útil da semana, pois, principalmente aos sábados e domingos, os ganhos são maiores.

Economia

Em Iguatu, na região do Centro-Sul, foi implantado, há seis meses, o serviço de transporte privado por aplicativo 'Ibora Iguatu', já começa a despertar a atenção de moradores que desejam, por meio da plataforma, se deslocar pagando um preço com 50% ou mais de desconto em relação ao valor cobrado por um táxi convencional. Além disso, o aplicativo atende uma carência de transporte público no Município.

A frota inicial conta com 16 veículos, sendo seis dirigidos por mulheres. "Os moradores e os motoristas parceiros estão satisfeitos", frisou José Vieira, que há três meses se cadastrou e passou a ofertar o serviço à população local. "Trabalho à noite, porque durante o dia tenho um serviço fixo. Estou conseguindo fazer uma média de 10 corridas por dia, dobrar o salário", detalha.

Gisely Martins foi uma das primeiras a aderir ao app em Iguatu. "Permite uma boa renda. E eu estava sem serviço". Quem trabalha durante o dia consegue fazer uma média de 20 corridas diariamente. A dona de casa Fátima Rocha é uma usuária do serviço. "Chega rápido e tem o preço melhor do que os táxis. Tomara que continue", diz.

Ampliação

No Sertão Central, tanto Quixadá e Quixeramobim, que também não oferecem frota de ônibus para o transporte municipal, já contam com serviço de táxi social. Os usuários podem recorrer ao mobile serviço digital IndiCar a qualquer hora do dia ou da noite. O número de veículos cadastrados já é suficiente para atender à demanda e a opção está agradando e conquistando mais clientes a cada dia. A próxima cidade será Canindé, garante o consultor do aplicativo de mobilidade urbana, Leandro de Castro.

"O nosso serviço está disponível em Fortaleza há nove anos. Desde o fim de maio do ano passado, começou a operar em Quixadá. Este ano, expandimos para Quixeramobim. A comodidade, o conforto e a segurança, aliadas ao preço competitivo, com corridas iniciando ao custo de R$ 7 têm sido os principais atrativos. O número das frotas também cresceu. São 30 veículos em cada cidade", ressaltou.

Com faculdade pela manhã e fisioterapia à tarde, para a estudante Amanda Silveira, o transporte por aplicativo foi a salvação para o seu deslocamento. "Eu imaginava que coisas assim só existiam nas capitais. Quixadá me surpreendeu", comemorou.