Ato pede a libertação de mulher presa por mandar matar marido que tinha caso incestuoso

Maria Aparecida foi presa na última segunda-feira (27) e aguarda a revogação da prisão temporária

Escrito por Bruna Damasceno ,
Pessoas reunidas empunha cartazes a favor de Maria Aparecida
Legenda: Protesto ocorre nesta manhã, em Canindé, no Interior do Ceará
Foto: Thiago Gadelha / SVM

Um grupo se manifestou contra a violência doméstica e pela libertação de Maria Aparecida Barroso, de 36 anos, presa preventivamente, na última segunda-feira (27), por tentativa de homicídio contra o marido. Ela aguarda a revogação da prisão temporária de 30 dias. O ato ocorreu na manhã desta sexta (1º), no Centro de Canindé, no Interior do Ceará. 

Segundo as investigações, Aparecida tentava a separação há cerca de dois anos, quando descobriu que Jaelson Oliveira, de 36 anos, se relacionava sexualmente com a própria filha, de 20 anos.



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No entanto, apontou o delegado do caso, Daniel Aragão, Maria Aparecida seria vítima de violência doméstica e obrigada a manter o casamento para que o marido tivesse a relação incestuosa fora de suspeitas. 

Mulheres caminham com cartazes
Legenda: Ato pede a libertação de Maria Aparecida
Foto: Thiago Gadelha

No ato de hoje, formado em sua maioria por mulheres, além de pedir pela libertação de Aparecida, manifestantes empunhavam cartazes com mensagens contra as violências físicas e psicológicas. 

Manifestantes seguram cartazes
Foto: Thiago Gadelha

Para a cabeleireira Leonara Fernandes, de 30 anos, o caso da Maria Aparecida expõe o silêncio imposto pelo medo vivido por tantas vítimas de abusos. "Não estamos a favor do que ela fez [tentativa de homicídio]. Porém, ela sofreu ameaças", disse. 

"Ela é uma mulher, mãe de família, trabalhadora e guerreira como todas nós, mas foi obrigada a conviver com um monstro diariamente em casa e não conseguiu pedir socorro", apontou.  

A agente de Saúde Edna Barroso, prima da suspeita, disse que ela é uma pessoa “muito calma” e deve ter cometido o crime “sob pressão e ameaças”.

“Estou aqui para pedir a liberdade de Aparecida. Ela é uma boa filha, mãe e muito bem-quista na Cidade. Ela precisa cuidar do filho dela”, observou. 

Prisão

Fachada do fórum
Legenda: Audiência de custódia ocorreu na terça-feira (28), no Fórum de Canindé
Foto: Thiago Gadelha / SVM

A prisão temporária de Maria Aparecida foi mantida pela Justiça, na tarde da última terça-feira (28), durante audiência realizada no Fórum de Canindé. No entanto, segundo a defesa da suspeita, o Juízo da 1ª Vara da Comarca de Canindé solicitou à autoridade policial mais informações e deve apreciar a possibilidade de revogar a prisão.

Nesta sexta (1º), o delegado Daniel Aragão afirmou que o documento final do procedimento investigatório será entregue até segunda (4/10). "Esse relatório vai informar ao juiz e ao promotor que não temos mais interesse na prisão dela'", disse.  

Com a conclusão do inquérito, a Justiça definirá pela soltura da suspeita ou a permanência na cadeia durante a instrução processual. Conforme o delegado informou ainda na quarta-feira (28), não há mais necessidade de mantê-la na unidade policial.

“A prisão temporária ocorre para concluirmos a investigação. No caso, ela entregou os telefones, disse como contratou os atiradores e (deu) todos os detalhes (do caso)”, explicou Aragão ao Diário do Nordeste.

A defesa entregou novo pedido de liberdade hoje, mas não deu mais detalhes. 

Vizinhos podem ser ouvidos 

Devido a uma informação extraoficial que chegou à Polícia de Canindé, os vizinhos de Jaelson de Oliveira poderão ser ouvidos na próxima terça-feira (5). Não será na segunda (4), pois é feriado no Município.

Conforme o delegado Daniel Aragão, as denúncias são de que pai e filha se relacionavam "há muito tempo", e não somente nos 20 meses indicados por Jaelson. 

"Nós vamos ver se isso realmente procede porque chegou [de forma] extraoficial. Vamos fazer diligências lá nas redondezas, na vizinhança para ver se procede. Se proceder, a gente notifica o pessoal a vir na delegacia", detalhou. 

Caso seja comprovado um relacionamento entre pai e filha, antes desta ter 14 anos completos, Joelson poderá responder na Justiça por estupro de vulnerável. 

"Vamos atrás de saber dessa informação. Vai ser difícil porque conseguir pontuar uma data certa por testemunhas é muito difícil, mas vamos ouvir. Se não proceder [a denúncia], certamente na semana que vem já faço o relatório e já envio para a Justiça". 

Entenda o caso

Alegando sofrer violência física, psicológica e após diversas tentativas frustradas de separação do marido, Maria Aparecida Barroso planejou o assassinato de Jaelson de Oliveira. Ela teve a ajuda de Antonio Herilson da Silva Lopes, de 26 anos. Conforme a investigação, esse parceiro do crime tinha um relacionamento casual com a enteada de Aparecida.

A jovem teria convidado Antonio Herilson para uma relação sexual com outra pessoa. Somente após a concretização do ato, ele teria identificado que o terceiro envolvido na verdade era o pai da mulher de 20 anos. Revoltado, se recusou a participar de novos encontros com pai e filha, apesar das insistências de Jaelson. 

Segundo a investigação, Antônio procurou Aparecida para contar sobre o caso. Juntos, então, planejaram o assassinato de Jaelson. Ela deu dinheiro para que ele contratasse homens para praticar o crime.

Tentativa de homicídio 

Jaelson Oliveira e a filha, de 20 anos, levaram tiros na entrada de casa, no último dia 29 de junho. A esposa dele, Maria Aparecida Barroso, confessou ter planejado o assassinato. Os dois sobreviveram. No entanto, o pai segue internado no Instituto Doutor José Frota (IJF). 

Conforme a investigação, o ato criminoso tinha como alvo o homem que mantinha o relacionamento sexual com a própria filha, mas a jovem acabou sendo lesionada durante a ação. 

Diário do Nordeste apurou que, ao ver o pai baleado, ela correu para ajudá-lo, mas levou um tiro que acertou um dos olhos. A jovem foi socorrida para um hospital da região e já recebeu alta hospitalar, mas perdeu a visão do olho atingido.  

*Com informações do repórter Cadu Freitas. 

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