Walter Delgatti Neto, hacker investigado por vazar conversas da Lava Jato, é condenado a 20 anos
O hacker recentemente também denunciou a deputada federal Carla Zambelli e o ex-presidente Jair Bolsonaro
O hacker Walter Delgatti Neto foi condenado a 20 anos e um mês de prisão. Ele foi investigado na Operação Spoofing, da Polícia Federal, no inquérito que tratava do vazamento de conversas de autoridades associadas à Operação Lava Jato. Outras quatro pessoas que participaram do crime também foram condenadas. Informações são do G1.
Atualmente, Delgatti já está preso, mas devido à suspeita de que recebeu cerca de R$ 40 mil da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) para invadir sistemas do Poder Judiciário.
A sentença
Na sentença que tratou especificamente da Operação Spoofing, o juiz Ricardo Augusto Soares Leite, substituto da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, afirmou que "a amplitude das vítimas é imensa".
"Seus ataques cibernéticos foram direcionados a diversas autoridades públicas, em especial agentes responsáveis pela persecução penal, além de diversos outros indivíduos que possuem destaque social, bastando verificar as contas que tiveram conteúdo exportado. É reincidente", escreveu o magistrado.
Além disso, o juiz ressaltou o agravante de que Delgatti propôs vender o material hackeado para a imprensa por R$ 200 mil e disse ser "inequívoca" a posição dele como "líder da organização criminosa".
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Operação Spoofing
Deflagrada em 2019, a operação buscava investigar a invasão e a interceptação de mensagens privadas do então ministro Sérgio Moro e de outras autoridades no aplicativo de mensagens instantâneas Telegram.
À época, Delgatti admitiu à Polícia Federal que invadiu as contas de procuradores da Lava Jato e confirmou que repassou as informações para o site The Intercept Brasil. Contudo, ele afirmou que não alterou o conteúdo e que não foi remunerado por isso.
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Denúncias sobre Zambelli e Bolsonaro
Ouvido na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso que trata dos atos golpistas de janeiro, o hacker denunciou a deputada Carla Zambelli e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo ele, em reunião com assessores de campanha do ex-presidente, ele foi aconselhado a criar um código-fonte falso para sugerir que a urna eletrônica era vulnerável e passível de fraude. Afirmou ainda que Zambelli o levou a um encontro com o próprio Bolsonaro, então presidente e candidato à reeleição, no Palácio do Alvorada.
Na ocasião, conforme o relato do hacker, Bolsonaro prometeu um indulto (perdão presidencial) a ele, caso fosse preso ou condenado por ações relacionadas às urnas eletrônicas.