Vereadores fazem comentários homofóbicos e são indiciados por racismo em Goiânia
Os parlamentares foram investigados após declarações preconceituosas sobre uma propaganda comercial do Dia do Orgulho Gay
A Polícia Civil indiciou pelo crime de racismo quatro vereadores de Goiânia por falas homofóbicas durante uma sessão na Câmara da Capital. Os parlamentares foram investigados após declarações preconceituosas sobre uma propaganda comercial de uma rede de fast food sobre o Dia do Orgulho Gay, em junho de 2021.
Os indiciados são: Sargento Novandir (Republicanos), Gabriela Rodart (DC), Cabo Senna (Patriota) e Thialu Guiotti (Avante). Joaquim Adorno, delegado responsável pelo caso, concluiu na investigação que os discursos foram preconceituosos e discriminatórios.
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O inquérito foi enviado ao Judiciário em fevereiro deste ano, mas somente nesta semana o conteúdo foi divulgado.
De acordo com informações do portal g1, a vereadora Gabriela Rodart reforçou que segue não concordando com a campanha, que tem a obrigação de se posicionar e que é preciso debater ideias e opiniões de forma respeitosa.
Já a assessoria de Thialu Guiotti disse, em nota, que "de maneira alguma ocorreu crime de discriminação racial ou de qualquer natureza. [...] O vereador não fugirá do propósito de defender a família tradicional tendo a Bíblia como manual de fé e seguindo em defesa das crianças, sempre respeitando as diferenças e escolhas pessoais", diz a nota.
Os outros vereadores não responderam ao g1.
Entenda o caso
Em junho de 2021, em uma sessão na Câmara de Vereadores de Goiânia, os parlamentares indiciados fizeram declarações de cunho discriminatório sobre uma propaganda sobre o Dia do Orgulho Gay.
Foram alvo do inquérito as seguintes falas dos vereadores no plenário:
- Thialu Guiotti (Avante): "Normal é homem com mulher. Agora não quero mais, quero me relacionar só com homem. Faça o que quiser do seu órgão sexual".
- Sargento Novandir: "'Ser homem ou mulher impede de ter mais direitos do que o gay ou a lésbica? Que absurdo é esse? Eu me compadeço muito com as pessoas que sofrem violência, mas de maneira nenhuma podemos entender que o LGBT, a pessoa de cor escura, tem que ter mais direitos que uma pessoa comum".
- Gabriela Rodart: "Essa ativista que fala é um homem, que se autodenomina Amanda Palha. Não podemos ser pautados aqui por uma agenda deplorável, que vai contra a natureza humana".
- Cabo Senna: "Deus criou o homem e a mulher, não criou um triângulo, para quando no futuro a criança vai decidir".
Crime de racismo
Em uma decisão de 2020, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu enquadrar os crimes de homofobia e transfobia como racismo, sendo esse o caso do indiciamento dos vereadores.