O racismo no futebol argentino não é isolado. A banana arremessada por um torcedor do River Plate na torcida do Fortaleza, no estádio Monumental de Núñez, nesta quarta-feira (14), foi mais um na série de episódios frequentes em competições internacionais. O histórico pesa contra a Argentina.
Na final da Copa América de 2021 entre as seleções da Argentina e do Brasil, no Maracanã, argentinos utilizaram as redes sociais para chamar o atacante Neymar de “macaco”.
Em 2017, a Conmebol aplicou multa ao Independiente-ARG pelos insultos racistas dos torcedores em uma partida com o Flamengo, pela final da Copa Sul-Americana. Já em 2020, o Defensa Y Justicia foi punido pela mesma prática, dessa vez em partida com o Santos, pela Libertadores.
Em 2018, “hinchas” do Boca Juniors fizeram alusões a macacos em direção aos torcedores do Palmeiras. Naquele ano, simpatizantes do Racing arremessaram bananas na torcida do Vasco.
O Relatório Anual da Discriminação Racista de Futebol de 2019, por exemplo, indicou que 8 dos 13 casos de racismo cometidos em torneios da Conmebol ocorrem em partidas no solo argentino.
Presidente racista
Em julho de 2021, o presidente argentino Alberto Fernández disse que “os mexicanos vieram dos índios, os brasileiros vieram da selva, mas nós, argentinos, viemos dos navios. Eram navios que vinham de lá, da Europa. E é assim que construímos nossa sociedade”, em evento do Governo.
O pedido de desculpas ocorreu posteriormente, mas não anula a mensagem principal. A partir do século XIX, a Argentina iniciou um processo de embranquecimento da população, crescendo o total de descendentes europeus na região. Há uma tentativa de evolução, mas a trajetória é longa.
Assim, como dito pelo colunista Gustavo de Negreiros, o caminho é a punição severa. Ao Fortaleza, a nota de repúdio e a briga pela igualdade, em movimento que deve ser coletivo contra o racismo.