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Redução de gastos e pagamento da folha serão prioridades, elenca 'prefeito-tampão' de Pacajus

Segundo Tó da Guiomar (União), situação financeira do Município da Região Metropolitana de Fortaleza é crítica

Escrito por Luana Barros, Bruno Leite ,
Chapa eleita por eleição indireta em Pacajus
Legenda: Tó da Guiomar (União) e Paulo Pontes (PL) deverão comandar o Executivo de Pacajus até dezembro de 2024.
Foto: Luana Barros

Eleito para um "mandato tampão" por meio de uma eleição indireta realizada pela Câmara Municipal, nesta quinta-feira (23), o prefeito de Pacajus, Tó da Guiomar (União), pontuou que a busca pelo reequilíbrio fiscal irá nortear as medidas a serem tomadas por ele e seu vice, Paulo Pontes (PL), à frente da Prefeitura. 

De acordo com ele, durante entrevista coletiva realizada no início da tarde, o enxugamento da folha de pagamento e a adesão ao regime de "turnão" serão algumas alternativas a serem tomadas. "A gente vai, a priori, tentar enxugar a folha. Vamos ter que tirar a gordura o máximo possível, tentar, por exemplo, nos postos de saúde que trabalham de tarde e de manhã, tentar colocar só um turno para não parar", afirmou.

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Para ele, o próximo mês representará um desafio para seu mandato, uma vez que servidores estão com parte dos seus vencimentos atrasados. "É tirar da própria carne para tentar pagar a folha de dezembro, que a gente sabe que tem muitos funcionários que não receberam nem a primeira parcela do 13º salário", elencou. 

Membro do União Brasil, que faz oposição ao Governo Elmano, ele foi questionado sobre como deverá ser a relação com a administração estadual. Em resposta, ele minimizou a provável divergência: "É excelente. Abertura total. Inclusive já estão começando a liberar verbas que não estavam vindo para Pacajus. Já começaram a liberar para o custeio da Saúde, para uma avenida no Beira Açude... Foi liberado R$ 1 milhão para a gente começar essa obra que é de R$ 8 milhões".

Instabilidade política

O cenário que a chapa eleita encontra é de indefinição, uma vez que o prefeito cassado, Bruno Figueiredo (PDT), conseguiu reverter a decisão que lhe tirou o mandato por meio de uma vitória na Justiça nesta terça-feira (21). A sentença favorável ao político, no entanto, não tem efeito imediato. 

Tó alegou que, apesar da instabilidade e do possível pedido de anulação da eleição - intento já demonstrado pelo ex-prefeito -, seu trabalho irá considerar o que é imediato. "Eu e o Paulo (Pontes) vamos viver um dia a cada dia. Não sei se ele (Bruno Figueiredo) vai recorrer. Vamos priorizar os dias que estamos aqui. Tentar pagar o que a gente pode pagar para que o Município não pare, para ele não colapsar", argumentou. 

Na manhã desta quinta, por conta do atrito entre os dois lados e a fim de garantir a segurança do local de votação, um forte esquema policial - com equipes e viaturas da Polícia Militar do Ceará (PM-CE) - foi montado na frente do prédio do Legislativo.

Continuidade de obras e débitos

Segundo ele, as obras financiadas pelo Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) não correm risco de paralisação, pois os montantes são enviados diretamente pelo Governo Federal. As que são custeadas com recursos próprios e por verbas do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), entretanto, não estão cobertas pela mesma sorte.

"Vamos ter muitas dificuldades naquelas obras que são do FPM, de recursos próprios. Vamos tentando, dentro do possível, ver como a gente vai terminar. Mas é um problema grave. Neste momento vamos priorizar nossa folha", reforçou Tó.

O prefeito falou que tem feito, desde o período em que esteve como interino, tratativas com credores responsáveis por obras como o hospital municipal e instalações da rede de educação pública mantida pela Prefeitura de Pacajus e buscado viabilizar a instalação de empreendimentos privados para a geração de empregos. 

O diagnóstico financeiro, pelo que o político apontou, não é positivo: "Estamos hoje, semanalmente, com prédios públicos sendo cortada a iluminação. Temos uma dívida previdenciária terrível, que é impagável. Temos a dívida da Enel... E temos mais ou menos R$ 110 milhões a R$ 120 milhões de restos a pagar, de fornecedores que prestaram serviço ao Município e que a gente tem que pagar".

Futuro político

Perguntado sobre uma mudança de partido ou de lançar candidatura no próximo pleito, Tó da Guiomar não descartou tais perspectivas. Pelo que disse, tudo irá depender das próximas movimentações e do seu desempenho na cadeira de chefe do Executivo.

Adversário quer anular eleição

Procurado pela reportagem, Figueiredo afirmou que irá entrar com uma ação a fim de anular o resultado do processo eleitoral indireto. "Ela (a eleição) é ilegal por completa", acusou.

O pedetista se defendeu da responsabilidade pelas condições em que as contas foram encontradas e indicou que tal cenário é anterior à sua passagem pela função de prefeito. 

"Eu entrei na prefeitura com todos estes problemas, e resolvi todos eles, ampliando postos de saúde, colocando as escolas em tempo integral, reformando e ampliando 100% das escolas", enumerou.

Além dos feitos mencionados, ele citou a construção de duas unidades escolares e o pagamento dos servidores dentro do prazo.

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