Legislativo Judiciário Executivo

Câmara Municipal de Pacajus realiza eleição indireta para Prefeitura em cenário de instabilidade

Decisão judicial desta terça (21) anulou cassação do prefeito eleito, Bruno Figueiredo, mas execução não é imediata

Escrito por Luana Barros , luana.barros@svm.com.br
Câmara Municipal de Pacajus
Legenda: Câmara Municipal de Pacajus irá eleger, de forma indireta, novo prefeito da cidade para mandato-tampão
Foto: Mateus Ferreira/SVM

Está marcada para esta quinta-feira (23) a eleição indireta para mandato-tampão para a Prefeitura de Pacajus. A votação ocorre em meio a um cenário de instabilidade política no Município, já que a cassação do prefeito eleito Bruno Figueiredo (PDT) foi anulada por decisão judicial nesta terça-feira (21). Os efeitos da decisão, no entanto, não são imediatos.

Nos últimos dois meses, o comando da Prefeitura de Pacajus passou por três mudanças. Figueiredo e o vice-prefeito eleito, Francisco Fagner (União), foram afastados por decisão dos vereadores de Pacajus, no final de setembro. 

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Poucos dias depois, a Justiça concedeu uma liminar suspendendo a cassação e determinando o retorno dos dois aos cargos. No início de novembro, a liminar foi derrubada, afastando novamente prefeito e vice eleitos. 

Tanto após a cassação pela Câmara Municipal como com o novo afastamento de Figueiredo, o então presidente da Câmara Municipal de Pacajus, Tó de Guiomar (União), assumiu o comando da Prefeitura de forma interina.

Como falta menos de um ano para as próximas eleições municipais, a legislação eleitoral determina que os vereadores votem, de forma indireta, em quem ocupará a chefia do Executivo municipal até o dia 31 de dezembro de 2024

Na disputa na Câmara Municipal, o prefeito interino Tó de Guiomar irá concorrer com Alex Nogueira (PSDB).

Justiça anula cassação

A eleição indireta irá ocorrer, no entanto, apenas dois dias após decisão judicial anular a cassação de Bruno Figueiredo. "Concedo segurança para declarar nula a decisão proferida na sessão de julgamento do processo de cassação, bem como os efeitos do Decreto Legislativo", define o juiz da 2ª Vara da Comarca de Pacajus, Alfredo Rolim Pereira. 

Segundo o documento, o processo de cassação de Figueiredo teria desobedecido prazos legais, "cuja inobservância ocasionará o arquivamento do processo". O texto ressalta ainda que pode ser feita "nova denúncia, ainda que sobre os mesmos fatos".

Apesar de anular a cassação, o magistrado define que não haja a execução imediata da decisão. Há poucos dias, decisão do Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE) havia derrubado a liminar concedida na 1ª instância, portanto "discordando dos argumentos utilizados por este juízo para fundamentar a decisão inicial deste processo". 

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Por isso, e para evitar uma nova mudança no comando da Prefeitura de Pacajus — a quarta em dois meses —, o juiz Alfredo Rolim Pereira determina que os efeitos da anulação da cassação só sejam efetivados após recursos no TJCE, no caso deste órgão confirmar a decisão da 1ª instância. 

"Desse modo, consideradas todas essas repercussões envolvidas e as alterações já ocorridas na gestão local em pouco espaço de tempo, entendo que se mostra mais prudente que a execução desta sentença aconteça apenas após o seu trânsito em julgado, sem prejuízo de ser estabelecido outro momento mais oportuno pela instância superior", diz a sentença.

Desse modo, não há nenhum obstáculo legal para a realização da eleição indireta nesta quinta-feira, embora ela possa ser anulada futuramente por decisão judicial. 

Afastado do cargo de prefeito, Bruno Figueiredo ressalta que não acha que a eleição indireta vá ocorrer. "Se não estou cassado, não pode ter eleição indireta. (...) No nosso pensamento, não vai ter", afirmou. O vice-presidente da Câmara Municipal de Pacajus, Ricardo Motos, confirmou ao Diário do Nordeste que a eleição indireta está mantida. "Se tiver, a gente vai procurar a Justiça", garantiu Figueiredo. 

Sobre a decisão do magistrado para que ele não retorne imediatamente ao cargo, Figueiredo diz 'compreender'. "É compreensível, porque a cidade se prejudica muito (com a troca de gestões)", disse. Contudo, na avaliação dele, esse deveria ter sido o pensamento de quem "desmanchou" a decisão anterior da Comarca de Pacajus — em referência à derrubada da liminar pelo TJCE.

O Diário do Nordeste entrou em contato com o prefeito interino, Tó de Guiomar, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem.

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