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Quem é Paulo Freire? Conheça a história do educador que é citado na política

Filósofo ficou entre os assuntos mais comentados das redes sociais após ser mencionado pelo ex-presidente Lula (PT) no Jornal Nacional

Escrito por Redação ,
Paulo Freire
Legenda: Paulo Freire é um dos teóricos mais citados em trabalhos acadêmicos no mundo
Foto: Acervo pessoal de Nita Freire

Educador e filósofo, Paulo Freire (1921-1997) é Patrono da Educação Brasileira. O nome do autor ficou entre os assuntos mais comentados das redes sociais, nessa quinta-feira (25), após ser citado pelo ex-presidente Lula (PT) durante sabatina do Jornal Nacional, na TV Globo. 

Na ocasião, ao ser questionado sobre a atual aliança com o vice da chapa dele que concorre ao Palácio do Planalto, o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSB), o petista citou o pensador.  

"Tem uma frase do Paulo Freire que é fantástica, que eu utilizei para mostrar aos militantes do PT a entrada de Alckmin", começou. 

"De vez em quando, a gente precisa estar junto dos divergentes para vencer os antagônicos", parafraseou trecho do filósofo.

Durante anos, Lula e Alckmin protagonizaram lados opostos da disputa política nacional, chegando a ser adversários.

A menção do candidato a Paulo Freire, durante a entrevista aos jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos, foi o suficiente para impulsionar o nome do educador entre os assuntos mais citados do Twitter, que já foi comentado na rede mais de 46 mil vezes até a manhã desta sexta-feira (26). 

Quem é Paulo Freire?

O filósofo está entre os teóricos mais citados do mundo quando se trata de trabalhos acadêmicos, e as ideias difundidas por ele tanto atraem como incomodam

Enquanto por um lado é o brasileiro mais homenageado da história, com pelo menos 35 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades da Europa e América, sendo também um dos nomes de escola mais comuns no Brasil — segundo uma pesquisa envolvendo três estados (São Paulo, Minas Gerais e Paraná) —, Freire não é consenso, especialmente na política nacional.

Lei nº 12.612/12, que declarou o educador pernambucano Patrono da Educação Brasileira, já foi alvo de deputados federais, que expressaram insatisfação com o filósofo, propondo revogar a medida

O que Paulo Freire defendia?

Na perspectiva da Dialogicidade Freireana, o autor condenava o que chamou de “educação bancária”, em que o aluno funciona como um "depositário" de informações transmitidas pelo professor. O teórico acreditava que o aprendizado se dá na troca, com humildade, pensamento crítico, curiosidade epistemológica, fé nos seres humanos e um amor que busca a superação das situações de opressão e injustiça.     

“Acredito que as duas ideias principais [de Paulo Freire] são o amor e o diálogo, que caminham lado a lado. Destacando que o diálogo, para Freire, não é mera conversa ou troca de ideias, mas um movimento de entrega e de transformação, em que ambos os lados se abrem para o aprendizado”, detalhou a doutora em educação e professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Camilla Rocha da Silva, ao Diário do Nordeste em 2021.

Uma das experiências mais emblemáticas do filósofo foi registrada no Rio Grande do Norte, em 1963, quando ensinou 300 adultos a ler e a escrever em 45 dias, a partir de um método inovador de alfabetização. 

As ideias por trás deste projeto, que tinha o apoio do presidente da época, João Goulart, acabaram levando Freire ao exílio após o golpe militar de 1964. O regime determinou a prisão do educador e suspensão de um Plano Nacional de Alfabetização baseado no método dele.  

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'Método Paulo Freire'

paulo freire discursa
Legenda: A Dialogicidade Freireana é estudada por pesquisadores em todo mundo
Foto: Acervo pessoal de Nita Freire

Crítico à cartilha como ferramenta central didática para o ensino da leitura e da escrita, o educador pernambucano desenvolveu um método que considera palavras e temas utilizados no cotidiano do aluno. É a partir dessa “bagagem” de termos que são realizadas as divisões silábicas tradicionais, com as mudanças de vogais e a formação de novas palavras.

Nesse processo, o educador enfatizava a importância de promover a consciência política a partir do que era estudado.

"Paulo Freire afirma que seria ingenuidade acreditar que os opressores, docilmente, se dispusessem a libertar os oprimidos. Ou seja, aqueles que estão no poder desejam manter-se no poder e, para tanto, na sociedade em que vivemos, precisam explorar outros para isto. E a educação pode ser uma ferramenta tanto de manutenção da opressão quanto de libertação”, contextualizou Camilla Rocha da Silva. 

Livros

Paulo Freire publicou quase 40 livros, além de publicações póstumas, cartas, entrevistas, ensaios e artigos. Uma das obras mais importantes, segundo a professora, é "Pedagogia do Oprimido", proibido durante a ditadura militar no Brasil. 

Outro livro do autor destacado pela especialista é “Pedagogia da Autonomia”. “É uma preciosidade, atualíssimo e apresenta questões essenciais para professoras e professores que desejam vivenciar uma educação autêntica, libertadora!”, descreveu sobre o título. 

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