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Projeto de Lei que torna pedofilia como crime hediondo é adiado na Câmara dos Deputados

Por 224 votos a 135, apreciação como prioridade foi negada por base governista

Escrito por Redação ,
Imagem de votação na Câmara dos Deputados
Legenda: Apreciação da proposta não foi colocada como prioridade após votação entre deputados
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

O Projeto de Lei que classifica como hediondo o crime de pedofilia teve prioridade negada nesta quarta-feira (20), após tentativa de apreciação proposta pela bancada petista na Câmara. A estratégia foi barrada pela base do governo, logo após repercussão negativa de declarações do presidente Jair Bolsonaro (PL) sobre um encontro dele com meninas venezuelanas na periferia de Brasília em 2020.

Por 224 votos a 135, a maioria votou contra o requerimento que propunha o projeto como item prioritário da pauta de votação durante sessão, encerrada sem apreciação. Com o plenário esvaziado e sem os principais líderes partidários, aliados de Lula e de Bolsonaro trocaram acusações. 

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O tema foi revisitado após entrevista de Bolsonaro, concedida na semana passada, na qual citou a expressão "pintou um clima". Nas redes sociais, ele chegou a pedir desculpas pela declaração.

O projeto, no entanto, já tramita desde 2015 e foi incluído na pauta do plenário da Câmara em maio deste ano, ainda permanecendo, desde então, fora dos temas sobre os quais existem acordos para prioridade

A deputada Luzianne Lins (PT-CE) foi uma das que pediram pela urgência da votação, ainda na quarta-feira (19). "É um absurdo que a gente feche os ouvidos e os olhos para o comportamento do presidente da República. Jair Bolsonaro está com indício de pedofilia na sua prática e a gente precisa dizer isso em alto e bom som", declarou.

Entretanto, o deputado Carlos Henrique Gaguim (União-TO) se posicionou contra, afirmando que a estratégia descumpria o acordo de priorizar a votação para limitar reajuste das taxas de ocupação de terrenos da União.

Declaração de Bolsonaro

Duas falas de Bolsonaro sobre crianças venezuelanas repercutiram na web. Em um podcast, o presidente contou sobre uma visita que fez em uma comunidade na região de São Sebastião (DF). 

"Parei a moto numa esquina, tirei o capacete e olhei umas menininhas bonitas, de 14, 15 anos, arrumadinhas, no sábado, numa comunidade, e vi que eram parecidas. Pintou um clima, voltei, ‘posso entrar na sua casa?’, entrei. Tinha umas 15, 20 meninas sábado de manhã se arrumando. Todas venezuelanas. Aí eu te pergunto, menina bonitinha se arrumando sábado de manhã para quê? Para ganhar a vida. É isso que você quer para a sua filha?", afirmou em uma delas.

Em outra entrevista, ele falou sobre a mesma ocasião, que também repercutiu de forma negativa nas redes sociais. Logo depois, ele citou que a frase teria sido tirada de contexto e gravou pedido de desculpas ao lado da primeira-dama Michelle Bolsonaro  e da embaixadora da Venezuela do autoproclamado presidente Juan Guaidó, María Teresa Belandria.

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