Operação da PF mira em pessoas que financiaram em mais de R$ 2 mil atos antidemocráticos no Ceará
Investigação segue em curso e não tem previsão para conclusão
Dos 32 mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal na operação 'Impávido Colosso', deflagrada no Ceará nesta quinta-feira (30), 26 foram em domicílios de pessoas físicas e quatro em empresas. Os investigados são filiados a partidos, financiadores de campanhas eleitorais e pessoas que já se candidataram a cargos políticos.
Em entrevista coletiva à imprensa, na manhã desta quinta, o delegado regional de Polícia Judiciária da PF, Alan Robson Alexandrino, detalhou que as investigações focaram nos "grandes" financiadores e organizadores dos atos antidemocráticos registrados na BR-116 e em frente ao Comando da 10ª Região Militar, no ano passado, após o resultado do segundo turno das eleições gerais — que resultou na vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o então presidente Jair Bolsonaro (PL).
Foram identificadas as lideranças que investiram a partir de R$ 2 mil em transporte, alimentação, equipamentos de som e demais estruturas que possibilitaram que centenas de pessoas acampassem em frente a quartéis para convocar as Forças Armadas a aplicarem um golpe de Estado. A partir dessas pessoas, é possível chegar ainda a outros nomes. "A conclusão da investigação que vai apontar quem financiou quanto", disse Alexandrino.
Relembre as manifestações antidemocráticas
A operação
Ao todo, 140 policiais participaram da operação, que teve início às 6 horas. Foram cumpridos dois mandados em Imperatriz, no Maranhão, um em Condor, no Rio Grande do Sul, e o restante no Ceará — a maioria, na Capital. Veja a distribuição dos mandados:
- Fortaleza (21);
- Maracanaú (3);
- Itaitinga (1);
- Caucaia (1);
- Pacajus (1);
- Tauá (1);
- Brejo Santo (1);
- Imperatriz, Maranhão (2);
- Condor, Rio Grande do Sul (1).
Nas residências e nas empresas, os agentes federais apreenderam celulares, computadores, cartazes e outros documentos. Os materiais, preliminarmente, já confirmam a existência de uma "organização, uma contabilidade, um financiamento" dos atos antidemocráticos, segundo Alexandrino.
"A partir de agora, será feita uma análise dos celulares, dos computadores, pela Polícia Federal. Ao final, o resultado da investigação será encaminhado para a Justiça, para aplicação da lei penal", disse o delegado. Os envolvidos podem responder por incitação ao crime, associação criminosa ou um delito mais grave, que é o de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, que pode acarretar de quatro a 12 anos de prisão.
No momento, não é investigado o envolvimento de suspeitos com os atos golpistas do dia 8 de janeiro, nas sedes dos Três Poderes, em Brasília. "Se houver indícios da participação dessas pessoas nos atos de Brasília, eles serão encaminhados" ao Supremo Tribunal Federal (STF), responsável pelas investigações, afirmou Alexandrino.
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Prisão em flagrante
A operação não resultou, ainda, em nenhuma prisão devido aos atos antidemocráticos. Contudo, uma prisão em flagrante ocorreu em Imperatriz, no Maranhão, por posse ilegal de uma espingarda. "A arma estava sem qualquer registro", disse o delegado da PF.
'Principais financiadores'
De acordo com o procurador da República Ricardo Magalhães de Mendonça, a investigação, no Ceará, foi centrada nos "principais financiadores" dos acampamentos, que desembolsaram mais de R$ 2 mil para manterem os manifestantes pedindo por intervenção militar, por serem "aqueles que podem nos trazer mais elementos".
"[Os investigados] Só foram descobertos a partir da quebra de contas bancárias, de Pix", explicou o procurador. Segundo a PF, não há nenhum político ativo, servidor público ou militar entre os investigados neste momento.