Novas eleições para prefeito no Ceará podem fortalecer deputados de olho em 2022
Com a aproximação dos candidatos, parlamentares pavimentam caminho para receber apoio nas eleições do ano que vem
As eleições suplementares em Pedra Branca, Missão Velha e Martinópole, que ocorrem neste domingo (1º), não são decisivas apenas para os candidatos a prefeito e vice que estão na disputa. Em ano pré-eleitoral, elas são estratégicas, também, para parlamentares.
Isso porque o resultado das urnas pode fortalecer nomes influentes nas respectivas regiões que devem tentar reeleição para o Legislativo no ano que vem. Eleger aliados, agora, garante capital político em suas bases eleitorais, tendo em mente a disputa em 2022.
Os movimentos, presentes na campanha como "alianças" e "parcerias", dão mais peso aos palanques municipais, ao passo que aproximam deputados de futuros chefes do Executivo, vereadores e outras lideranças que poderão atuar como cabos eleitorais nos municípios do interior.
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Para parlamentares, a relação pode assegurar uma capilaridade eleitoral ainda mais importante diante do fim das coligações proporcionais, com a proibição de alianças entre partidos para disputar vagas para a Assembleia Legislativa e a Câmara dos Deputados.
No cálculo feito com a nova reconfiguração, as projeções indicam que candidatos ao cargo de deputado no próximo pleito terão que angariar um número maior de votos para renovar a permanência no Legislativo.
A lógica não está presente apenas nas eleições suplementares. Conforme publicado pelo Diário do Nordeste, parlamentares de todo o Estado também têm aproveitado o período de recesso parlamentar para reforçar a aproximação com suas bases eleitorais.
"Quanto mais prefeitos e vereadores aliados, maior a sua base de apoio. O que eles estão fazendo quando participam das campanhas, na verdade, é uma campanha para si mesmos", observa o cientista político e professor universitário Cleyton Monte, pesquisador do Laboratório de Estudos sobre Política, Eleições e Mídia, da Universidade Federal do Ceará (Lepem-UFC).
Cenários nos municípios
As manifestações de apoio aos candidatos a prefeito ocupam desde postagens nas redes sociais até a campanha corpo a corpo nos municípios.
Em Missão Velha, por exemplo, o candidato Dr. Lorim (PDT), já recebeu a visita do deputado estadual Osmar Baquit (PDT). Por outro lado, a adversária Fitinha (PT) conta com o apoio do deputado federal petista José Guimarães e do deputado estadual Guilherme Landim (PDT).
Em Martinópole, Betão Souza (PP) é próximo dos deputados federais AJ Albuquerque (PP) e Moses Rodrigues (MDB). Júnior Fontenele (PL), da chapa adversária, tem o apoio do deputado Romeu Aldigueri (PDT).
Já em Pedra Branca, Matheus Gois (PSD) recebe a influência do deputado Nelinho (PSDB). Na disputa, Padre Antônio (PDT) tem o apoio de Moisés Braz (PT) e André Figueiredo (PDT).
Cleyton Monte analisa que, para além do reforço das bases como estratégia usada por deputados que querem se reeleger, os candidatos se apropriam da influência dessas figuras para imprimir uma imagem de prestígio.
Para muitas lideranças, aparecer ao lado de deputados é sinal de prestígio. Voce monta um palanque, vai fazer uma visita, uma caminhada, e estar do lado de um deputado federal, estadual simboliza que o candidato tem peso, tem força e não está sozinho.
Com clima acirrado e até presença da Polícia Federal (PF) nas ruas, as eleições suplementares nas três cidades cearenses ocorrem após os prefeitos eleitos em 2020 terem as candidaturas barradas pela Justiça Eleitoral em modo definitivo.
Todos recorreram até as últimas instâncias, mas não conseguiram reverter as decisões.
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CANDIDATOS POR CIDADE:
Martinópole:
Betão Souza (PP)
Júnior Fontenele (PL)
Eleitores: 9.316
Missão Velha
Dr. Lorim (PDT)
Fitinha (PT)
Eleitores: 27.616
Pedra Branca
Matheus Gois (PSD)
Padre Antonio (PDT)
Eleitores: 32.321