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Múcio diz que 'não tinha mais clima' para manter general Arruda no comando do Exército

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, decidiu exonerar o general Júlio César de Arruda do cargo no último sábado (21)

Escrito por Redação ,
Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, concedeu entrevista ao jornal O Globo, na qual detalhou os bastidores da demissão do comandante do Exército
Legenda: Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, concedeu entrevista ao jornal O Globo, na qual detalhou os bastidores da demissão do comandante do Exército
Foto: Agência Brasil
O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou ao jornal O Globo que "não tinha mais clima" para a permanência do general Júlio César de Arruda no comando do Exército Brasileiro. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, decidiu demiti-lo no último sábado (21), após apenas três semanas no cargo.
 
"Eu exauri ao máximo. Demorei para tomar a iniciativa, porque a hora foi agora. Eu precisava me convencer disso. Tentei reconstruir essa relação, porque eu vim para pacificar a relação do governo com as Forças (Armadas). Senti que não havia clima. Fazíamos reuniões, mas não tinha mais clima", revelou Múcio.
 
Segundo O Globo, Lula nunca digeriu o fato de Arruda ter sido contra a prisão imediata de golpistas que invadiram as sedes dos Poderes, em 8 de janeiro, e estavam alojados em um acampamento em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília.
 
O general alegava que havia mulheres e crianças no local que poderiam ser vítimas de um eventual confronto com a Polícia Militar. Essa postura irritou o presidente e ministros do governo, que passaram a pressionar o ministro da Defesa.
 
"Houve os acampamentos dos quartéis. Por mais que nos esforçássemos, aquela não era uma situação resolvida. Depois, veio o 8 de janeiro, que criou muito problema. Foi um ato de vândalo misturado com terrorismo com suspeita de incitação ao golpe. Precisamos saber quem são os culpados. Evidentemente, o Exército não estava por trás daquilo, mas precisa punir as pessoas das Forças que estavam envolvidas naquilo e saber quem ajudou a depredar", pontuou Múcio.
 
Ainda conforme a publicação, Múcio tentou contornar a desconfiança de Lula com integrantes das Forças Armadas após o ato golpista. O ministro da Defesa chegou a intermediar conversas de ministros com militares e foi o principal articulador de uma reunião ocorrida na sexta-feira passada no Palácio do Planalto entre o mandatário e os comandantes do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.

"O presidente quer investir nas Forças Armadas. Mas ele não perdoou nem vai perdoar a ocupação dos acampamentos em frente ao Exército. Ele quer a apuração absoluta", ressaltou Múcio.

Na sexta-feira (20), antes de ser exonerado, Júlio César participou de uma reunião com Lula, o ministro da Defesa, José Múcio, e os comandantes da Marinha e da Aeronáutica.

A reunião, realizada no Planalto, foi a primeira após Lula defender a punição dos militares envolvidos nos ataques terroristas ocorridos no dia 8 de janeiro na Praça dos Três Poderes, em Brasília.

Júlio César assumiu interinamente o cargo em 30 de dezembro de 2022 e foi confirmado na posição em 6 de janeiro deste ano. 

Antes de ser escolhido como comandante, ele era chefe do departamento de Engenharia e Construção. Júlio César é o mais antigo da tropa.

O novo comandante do Exército

O general Tomás Miguel Ribeiro Paiva, de 62 anos, é o novo comandante do Exército Brasileiro. Nascido em São Paulo, ele era Comandante Militar do Sudeste desde 2021. 

Paiva ingressou no Exército em 1981, como Aspirante a Oficial da Arma de Infantaria. Durante a vida militar, já foi comandante de companhia de fuzileiros no 7º Batalhão de Infantaria Blindado, no Rio de Janeiro. 

Em seu currículo também estão o comando do Batalhão da Guarda Presidencial, da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), da Escola Preparatória de Cadetes do Exército e do Gabinete do Comandante do Exército, em Brasília.

Tomás Miguel Ribeiro Paiva
Legenda: General Tomás Miguel Ribeiro Paiva é novo comandante do Exército
Foto: Divulgação

Ele ascendeu ao posto de General de Exército, o mais alto da carreira, em 31 de julho e 2019, integrando o Alto Comando

Como general, ele também já foi responsável pela chefia do Departamento de Educação e Cultura do Exército (DECEx), no Rio de Janeiro. 

Paiva ganhou destaque na última quarta-feira (18), por discurso concedido em cerimônia de homenagem aos oficias mortos do Haiti. O general ressaltou que o Exército é uma instituição apartidária e que os militares devem respeitar o resultado das urnas.

"Ser militar é ser profissional, respeitar a hierarquia e a disciplina. É ser coeso, íntegro, ter espírito de corpo e defender a pátria. É ser uma instituição de Estado, apolítica e apartidária. Não interessa quem está no comando, a gente vai cumprir a missão do mesmo jeito”, disse o general.

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