Legislativo Judiciário Executivo

Morte de feirante na José Avelino gera reações de vereadores da base e da oposição em Fortaleza

Entre cobranças e ponderações, as repercussões do episódio envolvendo a Guarda Municipal foram levadas para a sessão da Câmara nesta quarta (18)

Escrito por Felipe Azevedo , felipe.azevedo@svm.com.br
Plenário da Câmara de Fortaleza
Legenda: O confronto ocorrido no Centro de Fortaleza foi levado para a tribuna por alguns vereadores
Foto: Érika Fonseca/CMFor

A morte de um homem durante confronto com a Guarda Municipal na madrugada desta quarta-feira (18) na feira da rua José Avelino, no Centro de Fortaleza, tensionou o clima entre vereadores durante sessão na Câmara Municipal. O prefeito José Sarto (PDT) e o governador Camilo Santana (PT) informaram que já há processo administrativo e inquérito da Polícia Civil para apurar o caso.  

Não há informações oficiais sobre o perfil da vítima e nem a causa da morte. Porém, ambulantes denunciam que o homem teria sido atingido por um tiro vindo dos agentes.   

Na tribuna da Casa, os parlamentares de oposição e da base do Governo se dividiram em criticar a gestão do prefeito Sarto no que diz respeito ao comércio de rua na região e em defender o Executivo, argumentando que é preciso esperar o resultado das investigações. 

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Repercussão na Câmara

O vereador Professor Enilson (Cidadania), que é ex-policial militar e um dos vice-líderes do Governo na Câmara, argumentou que ainda não há provas de que o disparo tenha sido feito pelos agentes.  

“Muitas vezes, a força de segurança é um limite íngreme entre o caos e a ordem. A Guarda não está lá para reprimir nem ir contra o trabalhador, e sim para manter a ordem. Sabemos que tem o problema de ordenamento daquela feira”, disse o parlamentar.  

O vereador Márcio Martins (Pros), que é líder da oposição, por sua vez, lembrou que a feira da rua José Avelino é motivo de tensão constante na Capital.   

“Quanto tempo faz que há essa batalha na José Avelino? Não é a primeira vez que alguém é violentado lá. Dessa vez alguém perdeu a vida, alguém vai ter que responder. De quem foi a ordem? A bala realmente foi da Guarda Municipal? Alguém tem que responder”.  

Por outro lado, o líder do Governo, vereador Gardel Rolim (PDT), também argumentou que é necessário aguardar o resultado das investigações.  

“Os feirantes estavam preparados para o confronto, e foram para cima da Guarda com rojão, com pau e com pedra. Todos estão imbuídos, por determinação do prefeito, de entender e averiguar o que houve", destacou Gardel.

Por meio das redes sociais, o vereador Carmelo Neto (Cidadania), que é aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), disse que conversou com a ministra Damares Alves (Direitos Humanos) a respeito do episódio e que ela demonstrou interesse em viajar ao Ceará para tratar do assunto.

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Executivo

O governador Camilo Santana (PT) lamentou o ocorrido na área da feira da José Avelino e confirmou que a Polícia Civil já instaurou um inquérito para investigar a situação.  

O inquérito deverá ser feito com todo o rigor e absoluta isenção. Ressalto que é preciso que se busque uma solução pacífica para a questão do ordenamento da área, com muito diálogo e respeito.  
Camilo Santana (PT)
Governador do Ceará

O chefe do Executivo Estadual disse ainda que "o confronto nunca será o melhor caminho. Minha solidariedade às vítimas". 

O prefeito José Sarto (PDT)  também se manifestou sobre o caso, e informou ter determinado abertura de processo administrativo apurar "possíveis excessos" na dispersão dos feirantes da José Avelino

Ordenamento

Mais cedo, o secretário municipal da Segurança Cidadã (Sesec), Coronel Holanda, afirmou que os agentes foram ao local antecipadamente para orientar e pedir a remoção das barracas em cumprimento ao decreto de enfrentamento à Covid-19. Contudo, os ambulantes não atenderam ao apelo, o que teria gerado as cenas de violência.  

"As imagens são muito claras. As ruas ficaram tomadas de pedras, muitos rojões foram atirados, barras de ferro e tapumes arrancados. Foi um cenário muito triste. A gente lamenta muito, mas fica sempre à disposição em manter um canal de diálogo", disse. 

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