Legislativo Judiciário Executivo

Em ano eleitoral, deputados cearenses aumentaram gastos com aluguel de veículos e passagens aéreas

Ao longo de todo o ano passado, os parlamentares usaram R$ 10,4 milhões do chamado cotão

Escrito por Igor Cavalcante , igor.cavalcante@svm.com.br
Passagens aéreas estão incluídas na lista de gastos do cotão para auxiliar a atuação dos parlamentares
Legenda: Passagens aéreas estão incluídas na lista de gastos do cotão para auxiliar a atuação dos parlamentares
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O crescimento dos gastos dos deputados federais cearenses com o cotão em 2022 foram puxados, principalmente, por dois tipos de serviços: a compra de passagens aéreas e a locação de veículos automotores. 

Em uma das modalidades de aquisição de passagens de avião os mandatários gastaram R$ 2,4 milhões, montante R$ 500 mil superior ao registrado em 2021. No caso dos automóveis, o aumento foi de R$ 254 mil, subindo de cerca de R$ 1 milhão em 2021 para R$ 1,2 milhão no ano passado.

Veja também

Conforme mostra reportagem do Diário do Nordeste, ao longo de todo o ano passado, os parlamentares usaram R$ 10,4 milhões do chamado cotão. Os dados foram coletados no Portal da Transparência da Câmara dos Deputados. 

Gastos nas alturas

De acordo com as normas parlamentares que explicam o uso do cotão, os deputados podem adquirir passagens aéreas de três formas: 

  • Requisição de passagem aérea (RPA) — Os bilhetes são emitidos por empresas aéreas credenciadas e as despesas são debitadas do valor da cota mensal;
  • Reembolso — Quando o deputado compra passagem diretamente nas companhias e recebe a compensação financeira mediante apresentação da nota;
  • Sistema de Gestão de Passagens Aéreas (Sigepa) — é o método mais usado, ele permite aos deputados e assessores adquiram passagens por meio do sistema da Câmara, com os custos sendo debitados diretamente do cotão.

Através do Sigepa, os mandatários cearenses gastaram R$ 2,4 milhões em passagens. Soma-se a esse valor, os gastos com bilhetes que foram reembolsados pelos deputados, totalizando R$ 67,3 mil. Somados os dois métodos, o aumento foi de 576,4 mil, se comparado a 2021.

A única redução de gastos ocorreu nas “requisições de passagens aéreas”, onde foram usados R$ 639,4 mil do cotão, montante que representa uma redução de R$ 299,8 mil.

178 viagens no ano

O parlamentar que mais destinou valores do cotão para a aquisição de passagens aéreas foi o deputado federal Dr. Jaziel (PL). Ao longo do ano passado, o político gastou R$ 306 mil em voos. Para efeito de comparação, o valor é mais de R$ 100 mil superior ao do segundo deputado que mais gastou, Mauro Filho (PDT), com R$ 195 mil.

Ao todo, o gabinete do parlamentar do PL adquiriu 178 passagens aéreas ao longo do ano. Além do próprio político, viajaram, na maioria das vezes, assessores – benefício que é legal. Somando os gastos do político com passagem aérea, em média, é como se em todos os 365 dias de 2022 ele tivesse comprado uma passagem aérea no valor de R$ 838,55.

Em entrevista ao Diário do Nordeste, Jaziel explicou que esse valor se deve ao aumento no preço das passagens aéreas e a necessidade de deslocamento tanto dele quanto de assessores. 

“Subiu muito o preço das passagens de Brasília para Fortaleza, são as mais caras que existem, a gente chega a precisar comprar passagem de R$ 3 mil. Eu confesso que gasto esses valores muito a contragosto, tanto que meu gasto com alimentação e outros serviços é R$ 0, então faço o possível para economizar”
Dr. Jaziel (PL)
Deputado federal

Pelas estradas

Outro gasto que deu um salto entre 2021 e o ano passado foi com locação de veículos. Ao todo, foram destinados R$ 1,2 milhão do cotão a que os deputados cearenses têm direito para aquisições temporárias de veículos. Em 2021, esse tipo de serviço custou em torno de R$ 1 milhão.

Entre as 18 categorias de serviços a que os deputados federais cearenses mencionaram na prestação de contas, houve um aumento nos gastos na ampla maioria. 

Além das passagens aéreas e locação de veículos, os parlamentares ainda demandaram maior volume de gastos com manutenção de escritório, aquisição de combustíveis, hospedagem, alimentação, assinatura de publicações, táxi, estacionamento e passagens terrestres.

Já nas reduções de custos aparecem a divulgação de atividade parlamentar, onde os deputados gastaram R$ 2,4 milhões, valor significativamente inferior ao aplicado em 2021, quando foram usados R$ 3,1 milhões. 

Também houve queda nos gastos com pesquisa e consultoria, fretamento de aviões, serviços postais e segurança especializada.

Assuntos Relacionados