Deputado chama sócio da 123 Milhas de 'estelionatário' e discute com advogado em CPI das Pirâmides
Ramiro Júlio Soares Madureira foi chamado para explicar a suspensão dos pacotes e da emissão de passagens da linha promocional
O deputado Delegado Caveira (PL-PA) chamou de "estelionatário" o sócio e administrador da agência de viagens 123 Milhas, Ramiro Júlio Soares Madureira, e iniciou uma discussão com o advogado do depoente. O desentendimento aconteceu nesta quarta-feira (6), em reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras.
"Está aqui o empresário, que vou chamar de estelionatário, está muito claro, sou delegado há 12 anos, que disse que vai continuar com essa empresa nefasta que vem dando prejuízo imenso ao Brasil, ao povo", disse o parlamentar.
Ramiro e outras nove pessoas foram chamadas a depor para explicar o funcionamento da empresa, que, no último 18 de agosto, anunciou a suspensão de pacotes e emissão de passagens de sua linha promocional, com embarques de setembro a dezembro deste ano.
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O advogado do empresário rebateu a fala do deputado, afirmando que ele não poderia utilizar a imunidade parlamentar para ofender seu cliente. "Cumpra a decisão do Supremo. O Supremo mandou você tratar com urbanidade", disse o jurista, após o deputado o mandar permanecer calado. "O senhor permaneça calado, que eu estou usando a minha palavra. Tenho imunidade parlamentar para falar. Ele é um estelionatário, sim. Respeite minha fala", criticou Caveira.
A briga foi controlada pelo relator da CPI, o deputado Ricardo Silva (PSD-SP). "Senhores, vou pedir ao advogado que, para fazer uso da palavra, peça pela ordem ao presidente, e vou pedir ao nobre colega, delegado Caveira, nós entendemos a imunidade parlamentar, mas, se a gente puder tentar utilizar termos menos agressivos, até para que não possamos alavancar o clima", pediu.
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Depoimento à CPI
Em depoimento à CPI das Pirâmides Financeiras, Ramiro se desculpou pelos prejuízos causados aos clientes da agência e justificou que a medida tomada foi devido a uma mudança de comportamento do mercado, que teria inviabilizado a linha promocional.
"Acreditávamos que o custo do promo diminuiria com o tempo, à medida que ganhávamos eficiência na tecnologia de sua operação e que o mercado de aviação fosse se recuperando dos efeitos da pandemia", alegou o sócio. "Ao contrário do que prevíamos, o mercado tem se comportado permanentemente como se estivesse em alta temporada e isso abalou os fundamentos, não só do promo, como de toda 123 milhas", concluiu.