Avaliação psicológica em concursos públicos: veja como funciona e como se preparar

Etapa exigida em alguns certames é eliminatória e serve para identificar se o candidato está apto ou não para a função

Escrito por Renato Bezerra , renato.bezerra@svm.com.br
Avaliação Psicológica
Legenda: A avaliação psicológica para concurso público é regulamentada pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP)
Foto: Shutterstock

Presente em alguns editais, a avaliação psicológica para concursos públicos é uma etapa eliminatória do processo seletivo, que ainda costuma gerar dúvidas entre os concurseiros. Quando exigidos pela banca, os testes visam identificar se o candidato possui as características necessárias para o cargo pretendido. 

Os exames são comumente exigidos para cargos da Segurança Pública, como Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. Concursos para juízes, promotores e defensores públicos também são exemplos de processos em que essa etapa é necessária. 

O que é a avaliação psicológica para concurso público?

Regulamentada pelo Conselho Federal de Psicologia através da Resolução CFP nº 002/2016, a etapa de seleção é definida pelo órgão da seguinte forma:

  • Artigo 1º – A avaliação psicológica para fins de seleção de candidatos(as) é um processo sistemático, de levantamento e síntese de informações, com base em procedimentos científicos que permitem identificar aspectos psicológicos do(a) candidato(a) compatíveis com o desempenho das atividades e profissiografia do cargo. 

Segundo a psicóloga Niveamara Sidrac, presidente do Conselho Regional de Psicologia da 11ª Região, a etapa tem como objetivo avaliar se os perfis psicológicos dos candidatos estão em comum acordo com o perfil profissiográfico do cargo. Nesse contexto, e com base na definição do perfil exigido, a avaliação tenta identificar características psicológicas, comportamentais, de relacionamentos, entre outras, que o candidato precisa ter para desempenhar a função. 

A avaliação em concursos públicos, conforme explica, é diferente da avaliação psico diagnóstico, que é a realizada em clínicas e com foco nas condições de saúde mental, e visa apenas determinar se o candidato está apto ou inapto para as atividades. "Não é para identificar se a pessoa é normal ou não. Em concursos ela pode avaliar a memória, formas de se relacionar, características que estejam dentro do perfil do cargo. É isso que as bancas tentam identificar", destaca. 

Ainda conforme a especialista, mais de 9 mil testes são aprovados pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP) e constam no Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI), entre eles testes de atenção, de concentração e de personalidade. 

Teste psicológico
Legenda: Mais de 9 mil testes são aprovados para avaliação psicológica, entre eles testes de atenção, de concentração, e de personalidade
Foto: Shutterstock

Resultado da avaliação psicológica pode ser contestado? 

Conforme Niveamara Sidrac, o resultado da avaliação psicológica para concurso público pode ser contestado pelo candidato que se sentiu prejudicado. Para isso, é preciso entrar com recurso administrativo no órgão responsável pelo certame. 

"Esse órgão vai pegar outra banca, com os mesmos resultados dele, os mesmos testes, que vão ser corrigidos por outros psicólogos, não podem ser mais pelos mesmos que corrigiram. Caso ele continue sendo reprovado, o que acontece na maioria das vezes, ele pode também recorrer judicialmente", afirma. 

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Como se preparar para uma avaliação psicológica? 

Para estar em boas condições durante a avaliação psicológica, a especialista lista algumas dicas de cuidados com o corpo e a mente, como descansar e dormir bem nas duas noites anteriores ao teste, evitar bebida alcoólica nas últimas 48 horas, ou até mesmo não ir doente para a avaliação e com sintomas como febre, por exemplo, já que isso pode interferir nas habilidades do candidato. 

"Passar por essa etapa de forma correta é você estar tranquilo. Procure fazer um concurso naquilo que você deseja mesmo atuar profissionalmente. Quando você deseja muito [um cargo] já vai ter aquele perfil. Claro que não é só o desejo, tem que desenvolver habilidades para isso. Mas acredito muito na determinação da pessoa. Tem uma frase de Thomas Edison que diz que um gênio se dá com 1% de talento e 99% de esforço. Então, se você quer muito aquela profissão, veja o perfil dela, veja o desenvolvimento das habilidades. E tente ficar tranquilo", recomenda. 

*Niveamara Sidrac é psicóloga clínica e hospitalar, mestre em psicologia e presidente do Conselho Regional de Psicologia 11ª Região. A profissional é servidora da Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa) e especialista em Avaliação Psicológica no Contexto de Saúde, Saúde Mental, Atenção Psicossocial e Psicologia Hospitalar. 

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