Responsáveis pelas manobras para embarcações nos portos, os práticos de navios estão entre os profissionais mais valorizados na cadeia de logística e transporte. Com remunerações que podem chegar a R$ 300 mil, segundo sites especializados em seleções, baseados em informações do Syndarma, eles são requisitados para atracação em todo o Brasil.
Ainda assim, para quem não é da área, muitas dúvidas cercam a profissão. O Papo Carreira esclarece detalhes sobre esta ocupação.
O que faz um prático?
Segundo Bruno Fonseca, que trabalha como prático nos portos do Mucuripe e do Pecém, a praticagem "é uma atividade milenar que existe em todo o mundo desde os primórdios da navegação". Aqui no Brasil, por exemplo, já é regulamentada desde 1808.
No dia a dia, o profissional de praticagem trabalha em esquema de rodízio, com o objetivo de manter sempre alguém disponível para o momento em que embarcações estejam próximas aos portos.
"Quando uma embarcação está chegando ao porto, nós embarcamos em lanchas com características especiais e nós vamos até o ponto de embarque do Prático. Aqui no Ceará ele fica, mais ou menos, a uns cinco ou seis quilômetros do Porto, tanto no Mucuripe como no Pecém", explica Bruno Fonseca.
A partir desse ponto, que é atividade rotineira na profissão, todo cuidado é necessário. "Então é feito o embarque, inclusive esse momento e o desembarque são uns dos mais perigosos da manobra, em que a gente coloca efetivamente nossa vida em risco. Ao subirmos no navio, entramos em contato com o comandante, que nos passa as características da embarcação, então os práticos passam como será feita a manobra, trazendo o navio até o cais", pontua.
Como exercer a profissão?
Ainda segundo o prático, formado pela Escola de Formação de Oficiais da Marinha Mercante, não existe um curso específico para se especializar na profissão, por exemplo. Bruno, que é natural de Minas Gerais, participou de processo seletivo no ano de 2011 e atua no Ceará desde 2012.
"Não existe nenhum curso específico para exercer a profissão. O acesso à categoria de prático é feito por meio de um processo seletivo. Não é um concurso público porque não somos funcionários públicos. Na verdade, a atividade de praticagem é regulada pela Marinha do Brasil, mas é uma atividade privada, então é algo de interesse público", explica ele.
Sendo assim, é possível estudar para a seleção. "Existem cursinhos que preparam as pessoas para o processo seletivo e, na verdade, quem prepara um prático é outro prático. O processo seletivo não é feito para prático, por exemplo, é para praticante de prático, como se fosse um estagiário. Dessa forma, você tem um período mínimo de 12 meses de estágio e no máximo de 15 meses para poder se formar na profissão", conta o especialista.
Ao fim, a pessoa deve fazer uma prova, que é uma manobra de um navio. Caso aprovado, recebe a habilitação para exercer a profissão.
Qual a remuneração?
Ainda segundo Bruno Fonseca, que trabalha no Ceará há cerca de oito anos, o prático não recebe salário fixo. Como experiência própria, visto que cada um pode trabalhar para empresas do ramo, ele conta o caso de trabalho que mantém.
"Aqui nós recebemos um pró-labore pelo trabalho exercido e eventuais distribuições de lucro. Não temos estabilidade no emprego, por exemplo, para ficar claro. Caso o prático se afaste do trabalho por algum motivo, ele não recebe", especifica o profissional.
As formas de contratação, ele reitera, são variadas. "No Brasil, os práticos podem se organizar individualmente, serem contratados por CLT ou compor sociedade econômica".
No Brasil, de acordo com publicações especializadas, baseadas em informações do Syndarma, a média de remuneração destes profissionais é de R$ 50 mil a R$ 300 mil por mês.
Seleção e classificação
Sem periodicidade fixa, a seleção para prático ocorre de forma a delimitar os selecionados e os locais de trabalho.
Em 2013, por exemplo, uma seleção foi a responsável pela contratação de cerca de 50 práticos, que foram designados pela Marinha a seus postos e contratados por empresas. Desde então, as seleções só têm acontecido para suprir a saída de algum profissional da área.
"O processo seletivo para praticante de prático não tem uma periodicidade fixa, surge quando o movimento do porto aumenta ou quando surge um novo berço de atracação e aquela quantidade de Práticos que trabalha no local não é suficiente para cumprir todas as manobras previstas", recorda Fonseca.
Onde exercer?
Bruno Fonseca também conta que o processo de seleção pode definir o local de trabalho da pessoa selecionada, que pode ser encaminhada a diversos portos pelo Brasil.
Ao todo,o Brasil possui 21 zonas de praticagem, que são os locais de trabalho dos práticos. A zona de Fortaleza é a de número 5, compreendendo Fortaleza e Pecém. De acordo com Fonseca, o Prático só é habilitado a trabalhar no local ao qual foi designado, ou seja, onde a habilitação permitir.