Podem vir quentes, que eu os espero fervendo

Escrito por
Sarah Ipiranga producaodiario@svm.com.br
Sarah Ipiranga é uma das curadoras da XV Bienal Internacional do Livro. Professora, escritora e pesquisadora de literatura cearense
Legenda: Sarah Ipiranga é uma das curadoras da XV Bienal Internacional do Livro. Professora, escritora e pesquisadora de literatura cearense

“E há também o cadáver de uma mulher numa cova rasa ainda aberta, no quintal,  seus restos enegrecidos uma pústula supurando na paisagem, os joelhos dobrados, na postura combativa comum a todos aqueles que morrem pelo fogo...”

O trecho acima, extraído do livro Caminhando com os mortos, de Micheliny Verunschk, revela-nos como a violência contra a mulher pode ser exercida em toda a sua brutalidade. A personagem, queimada viva, carrega em seu corpo literalmente uma série de abusos que se eternizam na história da humanidade. Este mesmo fogo, entretanto, que queima e mata vira luz nas palavras das mulheres que estarão presentes na XV Bienal Internacional do Livro do Ceará, que acontecerá de 4 a 13 de abril, no Centro de Eventos. Com uma curadoria totalmente composta por mulheres, nas quais me incluo, a Bienal enfatiza a urgência de trazer à tona os vários discursos hoje produzidos por mulheres pretas, quilombolas, indígenas e tantas outras identidades, com a particularidade da palavra de cada uma delas.

Evento totalmente gratuito, o que garante a democratização do acesso à leitura que o governo do Ceará, com destaque para a Secretaria da Cultura, prioriza, a Bienal tem como ideário principal a formação leitora e a divulgação da produção editorial brasileira e estrangeira. Em boas palavras, ela é o lugar da festa dos olhos em contato com os tão desejados livros, objeto de paixão desse contingente imenso de leitores que acorre ao evento, do encontro com as autoras e autores convidados ardorosamente esperados. Uma alegria que se vê nesses dias que antecedem a Bienal, quando recebemos centenas de mensagens com as melhores expectativas e ânimo de criança frente ao seu brinquedo preferido.

Assim, em dez dias de programação, os cearenses poderão ter acesso a uma programação ampla e diversa, organizada em vários setores, entre eles Praça do Cordel, Literatura e Infâncias, Vozes Mulheres, Salão do Professor etc. Uma novidade é a inclusão do Eixo Literatura e Moda, que trará um diálogo entre essas duas fecundas linguagens. Ou seja, serão muitas as oportunidades para refletir sobre a cultura e a literatura em várias modalidades, com relevância para o engajamento na defesa do acesso gratuito e democrático ao conhecimento.

Ah, a autora com que iniciei este texto, Micheliny Verunschk, estará na Bienal. Ela e muitas outras mulheres poderosas do Ceará, do Brasil, do mundo, que com suas palavras em brasa procuram construir um mundo melhor, mais justo e harmonioso. Então, “Das fogueiras ao fogo das palavras”, caminhemos vivas!!!!!

Sarah Ipiranga é uma das curadoras da XV Bienal Internacional do Livro. Professora, escritora e pesquisadora de literatura cearense

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