Desejos de Natal
Há alguns dias, encontrei, neste periódico, uma história que me chamou a atenção: no caso, a da jovem biomédica, recém-formada, Aline Alda, de 21 anos. Ela divulgou um vídeo, agradecendo aos seus avós, Nathanael e Rosa Maria, pelos vinte anos de dedicação e cuidados, além de terem custeado seus quatro anos de faculdade particular. Aline foi criada pelos avós desde os dois anos, quando seus pais se separaram. Ainda com um ano de idade, vivia com a mãe, mas esta tinha outros quatro filhos para educar sozinha e, diante daquele quadro, os avós paternos pediram-lhe para criar Aline.
No vídeo, a jovem agradeceu também a sua mãe pela atitude que tomou e que lhe permitiu obter outras oportunidades, alcançando, agora, esse importante objetivo na vida. Além de reconhecer o esforço e sacrifício empreendidos pelos avós, também manifestou seu agradecimento a Deus, numa cartinha onde as palavras lidas misturaram-se às lágrimas da emoção. A narrativa ilustra um sentimento basilar, que devemos cultivar a cada dia: o da gratidão. Muita gente, imersa nesta atmosfera agitada dos dias que passam celeremente, em meio a problemas pessoais e/ou familiares, na pressa avassaladora de tempos desafiadores, esquece-se, simplesmente, de agradecer. O gesto de Aline nos convida a pensar mais profundamente na importância da gratidão.
O grego Esopo (620 a.C. - 560 a.C.), famoso pelas fábulas de sua autoria, disse, certa feita, que “a gratidão é a virtude das almas nobres”. E nobre foi, sem dúvida, a atitude tomada por Aline. Na realidade, muitas pessoas, beneficiadas pelas circunstâncias da vida ou pelo apoio de pais, tios, avós ou amigos, simplesmente omitem-se de manifestar alguma mínima palavra de agradecimento. Para elas, como diria o político e pensador francês Henri-Benjamin Constant de Rebeque (1767-1830), “a gratidão tem memória curta”.
E, como seres humanos, frágeis criaturas nascidas da vontade divina ou do processo evolutivo, conforme a visão bíblica ou darwiniana, deveríamos agradecer sempre, por cada dia vivido, pela saúde que nos permite realizar as tarefas diárias, pelo trabalho, pela família que nos acolhe e é o abrigo, o refúgio com o qual primeiramente contamos diante das adversidades… Neste final de mais um ano, que saibamos também agradecer, manifestar nossa gratidão a Deus não apenas pelas realizações concretizadas, mas por tantas bênçãos como até o nascer do sol, que nos presenteia com um novo dia cheio de novas oportunidades e a possibilidade de sermos felizes. Gratidão é importante! E, a todos(as) um Ano Novo cheio de saúde, gratidão e felicidade!
Gilson Barbosa é jornalista