EUA começam a oficializar candidaturas para eleição presidencial

Pela 1ª vez na história, Partido Democrata consagra seu candidato à Casa Branca em uma convenção virtual, devido à pandemia. Donald Trump provoca e promete visitar o estado onde a oposição faria o evento presencial

Escrito por Redação ,
Legenda: Joe Biden e Donald Trump vão disputar o comando da Casa Branca na eleição presidencial de novembro
Foto: AFP

Joe Biden, 77, será designado oficialmente como o candidato dos democratas à Casa Branca em uma inédita convenção virtual que começará amanhã (17) e que, assim como as primárias e a campanha presidencial nos EUA, foi reduzida devido à pandemia.

O evento acontecerá sem a presença de público, sem balões, sem aplausos e sem o candidato, que vai discursar de forma remota durante a convenção, que pretende estimular as bases democratas a menos de três meses das eleições. Ao lado da companheira de chapa, Kamala Harris, a primeira candidata negra à vice-presidência por um dos grandes partidos dos EUA, Biden busca unificar os democratas.

De sua residência em Delaware, Biden pronunciará um discurso na próxima quinta-feira para aceitar a candidatura, uma mensagem com a qual tentará motivar um país que enfrenta ao mesmo tempo uma crise de saúde, uma devastação econômica e uma profunda reflexão sobre as desigualdades raciais.

Os democratas anunciaram que nenhum orador comparecerá pessoalmente à convenção programada para 17 a 20 deste mês em Milwaukee, Wisconsin, um estado-chave para conquistar a Casa Branca.

Para a cidade, que se preparava há vários meses para o evento, a notícia foi um duro golpe. Na sexta-feira, as ruas do centro de Milwaukee estavam praticamente vazias, e os moradores lamentavam a festa que não vai acontecer.

Uma das atrações da convenção, que será exibida no horário nobre da TV nos EUA, será a presença do ex-presidente Barack Obama e de sua esposa Michelle. Amanhã, a primeira noite do evento, o principal momento será o discurso da ex-primeira-dama, o que acontecerá após uma maratona de reuniões, que incluem encontros da Liga de Congressistas Hispânicos, das mulheres do partido, assim como da juventude democrata.

A transmissão pela televisão começará às 20h locais (22h de Brasília) e deve terminar duas horas mais tarde.

Outra figura importante da primeira noite é o senador Bernie Sanders, que disputou as primárias com Biden e anunciou a desistência em abril.

Biden quer evitar os erros da campanha de 2016, quando uma disputa entre os partidários de Hillary Clinton e de Sanders prejudicou o partido.

Com este objetivo, a campanha procurou as vozes mais progressistas identificadas com Sanders para projetar uma união contra o republicano Trump.

Entre este grupo, a principal atração é a congressista Alexandria Ocasio-Cortez, embora o programa atribua apenas um minuto para ela, o que gerou polêmica durante a semana nas redes sociais.

Também devem falar a esposa de Biden, Jill, o ex-presidente Bill Clinton e a candidata de 2016 Hillary. A convenção também reservará um lugar especial para um setor chave que os democratas tentam conquistar para chegar à Casa Branca: os republicanos arrependidos, com o ex-governador de Ohio John Kasich como representante.

Trump

Trump utilizou o fato de a convenção acontecer de forma virtual para afirmar que os democratas "ignoram mais uma vez o povo maravilhoso de Wisconsin". E anunciou que comparecerá ao estado amanhã para discursar sobre "os fracassos de Joe Biden nas áreas de empregos e economia".

Trump não comparecerá à convenção republicana, prevista para 24 a 27 deste mês, e aceitará a indicação do partido em um local que ainda será definido. O vice continuará sendo Mike Pence.

Risco de fraude

Trump criticou ontem o voto pelos correios, alegando o risco de fraudes, em meio a uma difícil disputa pela reeleição em um quadro de pandemia da Covid-19.

"Os democratas sabem que a eleição de 2020 será uma confusão fraudulenta", disse.

Muitos democratas defendem o voto pelo Serviço Postal, dizendo que desse modo será possível manter a segurança e reduzir os riscos de transmissão da Covid-19.

"Talvez nunca saibamos quem venceu!" criticou o presidente, que divulgou relatos de cidades nas quais eleições locais teriam registrado problemas pelos correios.