Os impactos da vacina da Pfizer para crianças a partir de 5 anos; o que dizem pais e especialistas
Laboratório do imunizante pretende pedir liberação à Anvisa no mês de novembro; virologista vê como positivo para reduzir surgimento de novas variantes
É fato que, mesmo não estando vacinadas, as crianças já foram expostas a uma rotina quase normal: aulas presenciais em crescimento considerável, praças e outros equipamentos de lazer. Com a notícia da Pfizer de que irá pedir à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a liberação de vacina contra a Covid para crianças, há uma expectativa de pais entrevistados que o “bicho-coronavírus” perca ainda mais força.
A imunização contra a Covid-19 segue na população brasileira com vacinas disponíveis, mas para as pessoas a partir de 12 anos. O público infantil até 11 anos ainda está de fora.
Mesmo assim, as aulas voltaram e os ambientes de lazer apresentam aglomeração - a menor rigidez no isolamento estaria explicada por um quadro majoritariamente menos evolutivo do coronavírus nessa faixa da população, embora possam ser transmissores para adultos e idosos, mais vulneráveis.
Combate às variantes
O biomédico e virologista Mário Oliveira vê a possibilidade breve de imunização de crianças como uma importante estratégia no combate a novas variantes.
“A gente precisa diminuir a replicação viral. Diminuindo a replicação, o vírus não terá essa porta para ficar sofrendo modificações. Sabemos que a maior parte das crianças, comparadas a outras faixas etárias, não produz a doença, passam assintomáticas, mas ainda assim podem transmitir para adultos e idosos, que não terão a mesma proteção. Quanto mais gente vacinada, menores as chances das variantes”.
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Na última terça-feira, um comitê externo de aconselhamento da FDA, agência reguladora dos Estados Unidos, recomendou a aplicação da vacina para a faixa etária de 5 a 11 anos. Embora a decisão não seja final, é importante sinalização para o órgão americano.
Ao fazer uma requisição formal ao órgão, a farmacêutica afirmou que o imunizante tem uma eficácia de 90,7% no público de 5 a 11 anos. No Brasil, a Pfizer ainda não confirmou o dia em que pedirá a nova autorização à Anvisa.
Crianças resistem menos que os adultos
A pediatra Maurineide Gurgel espera que o imunizante contra a Covid possa ser incluído no plano vacinal a que as crianças já são tão acostumadas.
“O calendário vacinal é uma realidade para as crianças. Elas podem até chorar, mas se vacinam, já existe algo consolidado que é esse movimento de imunização conforme o calendário. Resistem menos que os adultos”, provoca a médica, defendendo que toda vacina aprovada pela Anvisa deve ser aceita pela população.
Precisamos ainda da liberação por parte da Anvisa, isso pode ocorrer até o fim do ano, mas é importante que, logo ao ser possível, os municípios se organizem, e aí entra o empenho dos pais”
“Se depender de mim, quando puder vacinar, já estaremos na fila logo que o Posto de Saúde abrir”, afirma Laís Araújo, 29, mãe da Brenda, 6 anos. A menina já voltou para a escola. De máscaras e com “isolamento”, mas a mãe acredita ser impossível que haja aglomeração a partir do momento em que retornaram as aulas presenciais.
“A gente manda, tem o cuidado antes e depois, mas sabe que existe o risco de transmitir, ainda que menor. E felizmente todos em casa estamos vacinados. Mas pode ter certeza de que quando minha filha estiver imunizada, até o nosso medo diminui”.
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“O medo nosso é que, com as replicações virais, surjam variantes para as quais as vacinas não sejam eficazes. Então quando se aumenta a cobertura vacinal, agora chegando aos principais assintomáticos, que são as crianças, estaremos diminuindo a infecção de pessoas e, portanto, barrando as mutações”, reforça o virologista Mário Oliveira.
São várias as implicações na imunização das crianças na faixa entre 5 e 11 anos. Para Júlia Maria, 6, será poder dar muitos abraços na avó, Lucinda Correia. Os pais, Cláudio e Adriana Oliveira, já estão convencendo a filha a se vacinar, tão logo seja possível. “Chegar o Natal todo mundo imunizado será um alívio grande”, define Adriana.