Número de crianças de 0 a 4 anos com Covid em Fortaleza cresceu 78% entre a 1º e a segunda onda
Entre março e fim de setembro de 2020, foram 821. De outubro até ontem, dia 9, já eram 1.459 com a doença, aumento de 77,8%
O número de crianças entre zero a 4 anos de idade infectadas pelo novo coronavírus nesta segunda onda da pandemia, em Fortaleza, já supera em 77,8% o total de casos registrados entre o início de março e fim de setembro (período que marca a primeira onda).
Naquele intervalo, a Secretaria da Saúde (Sesa) do Ceará registrou 821 infecções em crianças dessa faixa etária na Capital. Do início de outubro até ontem (9), já eram 1.459.
O médico infectologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Ivo Castelo Branco, explica que esse aumento nos casos dessa faixa etária deve-se à nova variante do vírus. Confome o especialista, a cepa que já circula no Ceará é mais letal e a "transmissão não difere idade".
"É avassaladora a rapidez com que essa nova variante infecta as pessoas, sem distinguir nenhuma idade. Além de infectar crianças, ela também é mais grave. O perfil dos doentes mudou, eles chegam muito mais grave às unidades de saúde", detalhou.
A gravidade na qual o infectologista se refere pode ser contextualizada em números. Janeiro de 2021 foi o segundo mês com mais mortes de crianças com Covid-19 no Ceará. No total, nove crianças de até 4 anos perderam a vida por decorrência do novo coronavírus. Na Capital cearense foram cinco óbitos (41,6%).
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Para Ivo Castelo Branco, a "última forma de frear esse avanço é prevenindo-se, e isso vale para qualquer idade". Ele considera que, antes das medidas mais restritivas impostas em Fortaleza, como o lockdown, a população "estava agindo como se a pandemia já tivesse acabado".
Ceará
O cenário estadual reflete igual preocupação. Entre março e setembro, foram 5.841 infecções registradas em crianças de até quatro anos. Em 2021, já são 3.993, o que representa quase 70% do total dos casos verificados na primeira onda. Os dados são do IntegraSus.
O momento é o oposto ao verificado no ano passado quando, entre julho a outubro, as infecções nessa faixa etária acumularam quatro quedas consecutivas - se comparado os registros por mês.
De outubro em diante, a curva inverte-se e aponta para cima. Nos meses subsequentes houve aumento de casos até novamente o Estado ter mais de mil casos em único mês, como fora registrado em fevereiro.
Vacina para crianças
Embora a campanha de vacinação contra a Covid-19 no Brasil já tenha sido iniciada, o imunizante ainda não está disponível para toda a população - incluindo crianças, adolescentes e gestantes.
Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), os testes das vacinas já liberadas no Brasil foram feitos apenas em indivíduos a partir de 18 anos. Os demais grupos precisam esperar até que haja estudos específicos, necessários para definir a dosagem correta, a segurança e a eficácia.